sexta-feira, 14 de dezembro de 2018
Obra reúne as 52 entrevistas da série, publicadas pelo jornal “O Imparcial”


Ao longo de mais de dois anos – entre março de 2013 e maio de 2015 – o sociólogo e radialista Ricarte Almeida Santos, o turismólogo e fotógrafo Rivânio Almeida Santos e o jornalista Zema Ribeiro publicaram a série “Chorografia do Maranhão”, que totalizou 52 entrevistas com 54 chorões – como são chamados os instrumentistas que tocam Choro (também conhecido como Chorinho) –, no jornal “O Imparcial”.

O material traça amplo panorama da cena Choro do Maranhão, comprovando o que já indicava o Acervo do Padre João Mohana: enquanto há quem tente apontar uma origem geográfica para o Choro, o gênero musical já se espraiava para muito além do Rio de Janeiro, comumente apontado como berço do estilo.


A contribuição do Maranhão para o Choro para além de fronteiras geográficas fica evidente, por exemplo, com a presença de três violonistas em capítulos importantes da história dessa música: João Pedro Borges, Joaquim Santos e Turíbio Santos, todos entrevistados pelo trio. Os dois primeiros participaram, em tempos distintos, da Camerata Carioca, comandada pelo maestro gaúcho Radamés Gnattali, num momento decisivo da renovação e da revalorização do Choro, entre o fim da década de 1970 e o início da de 80; o terceiro é o maior divulgador da obra de Heitor Villa-Lobos, tendo constituído sólida carreira internacional como concertista, a partir da França, onde morou por um bom tempo.

Mas a “Chorografia do Maranhão” não se resume a contar histórias de vida e trajetórias pessoais, o que já não seria pouco: acaba por traçar um rico painel de afetividades, dos lugares onde o Choro é/ra executado, de mestres e influências dos entrevistados, de discos e artistas cujas obras estão impregnadas por esta música.


De nomes como os já citados, com décadas de relevantes serviços prestados à música brasileira, além de Ignez Perdigão e Ubiratan Sousa, a gerações mais jovens e não menos talentosas, de verdadeiras feras como Robertinho Chinês, Wendell Cosme e Osmarzinho, além dos saudosos Agnaldo Sete Cordas, Léo Capiba e Zequinha do Sax, que deram seu depoimento à série, mas infelizmente não chegaram a ver o livro publicado.

“Chega num bom momento a publicação desta “Chorografia do Maranhão””, afirma o compositor (e chorão) Cesar Teixeira no posfácio do livro, que tem ainda texto de orelhas assinado pelo compositor Chico Saldanha e apresentação da cavaquinhista carioca Luciana Rabello, outra autoridade quando o assunto é Choro. Além das entrevistas com os chorões – “chorografados”, no dizer brincalhão dos autores – há ainda uma entrevista com eles, os “chororrepórteres”, realizada pelo editor Bruno Azevêdo e o poeta Celso Borges.


“Chorografia do Maranhão” sai pela Pitomba! livros e discos, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e a chancela do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult) da Universidade Federal do Maranhão (Ufma).

Serviço

O lançamento do livro “Chorografia do Maranhão” acontece neste sábado (15), às 19h, na Praça Gonçalves Dias (Centro), durante o último sarau do projeto RicoChoro ComVida na Praça em 2018, que terá como atrações o DJ Franklin, o Regional Tira-Teima, a cavaquinhista carioca Luciana Rabello e a participação especial da cantora Alexandra Nicolas. O evento é gratuito e aberto ao público. O livro custa R$ 50,00.

0 comentários:

Postar um comentário