quarta-feira, 17 de maio de 2017
Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Norte, desponta como novo destino do segmento que atrai multidões e tem como principal atrativo a maior estátua católica do mundo

No sábado (13), o ônibus conduzindo guias de turismo especializados em roteiros religiosos era mais um dos que chegam diariamente na pequena cidade de Santa Cruz (RN), no sertão potiguar. O grupo fez uma visita técnica ao município localizado a 120 quilômetros de Natal, que recebe diariamente romeiros, excursionistas e turistas que desejam conhecer a estátua de Santa Rita de Cássia no alto de um morro. A prefeitura já contabiliza, em média, mil visitas por dia e os registros ultrapassam 350 mil por ano.

O turismo religioso alterou a rotina e a economia da cidade nas margens secas do rio Trairi e cortada pela BR-226, que liga a capital à região do Seridó. De ponto de passagem, Santa Cruz virou destino de curiosos por conta da estátua de 56 metros de altura e de devotos da santa das causas impossíveis.

De sábado até 22 de maio - dia da padroeira - quando são esperados mais de 300 ônibus, a cidade vive seu momento mais festivo. Já na abertura da festa, os guias puderam comprovar em Santa Cruz como a fé pode transformar cidades, a exemplo de outros grandes centros do turismo religioso. Hotéis e restaurantes lotados, bem como o comércio de artigos religiosos e artesanato, entre outros serviços, fazem girar a economia local.

Atento à movimentação turística, o empresário Demontier Borges abriu um restaurante ao lado da antiga padaria. Ele chega a servir até duas mil refeições nos dias de maior movimento. Por causa da demanda, o padeiro já decidiu que vai ampliar os negócios com foco no atendimento aos visitantes.

Em São Paulo, a Basílica Nacional de Aparecida, maior santuário mariano do mundo, é um exemplo de como o turismo transforma a economia de um destino. São 12 milhões de visitas por ano. Tudo começou aos poucos, há 300 anos, quando pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul. Atualmente, o turismo movimenta 80% da economia local e de municípios vizinhos como Cachoeira Paulista e Guaratinguetá. As duas cidades recebem, respectivamente, 1,2 milhão e 600 mil visitantes por ano, em função da Canção Nova e do santuário de Frei Galvão, primeiro santo brasileiro.

Um levantamento da Expotour Católica, com os 15 maiores destinos de turismo religioso do Brasil, apenas do segmento cristão, revelou uma movimentação anual e 35 milhões de visitantes. “Temos mais de 300 destinos com oferta de turismo religioso, calendário de eventos e produtos prontos para comercialização” disse Manoel Sidnésio, organizador da exposição anual que ajuda a consolidar o segmento e revelar novos destinos.

Para ele, o potencial econômico do turismo religioso, inclusive não cristão, ainda é pouco explorado. Santa Cruz é um exemplo embrionário de Juazeiro do Norte (CE) no passado. Hoje, a cidade do Cariri cearense é um polo comercial, industrial, universitário e hospitalar que tem no turismo religioso um grande aliado do desenvolvimento regional.

INFRAESTRUTURA - O Ministério do Turismo apoia os destinos com investimentos em infraestrutura, promoção e qualificação. A construção de um teleférico, em Santa Cruz, ligando a matriz, no centro da cidade, ao alto de Santa Rita de Cássia vai facilitar a mobilidade e atrair ainda mais visitantes. As estações de embarque e desembarque já estão prontas e a etapa móvel do teleférico de 1,5 km está em fase de licitação. A previsão de investimento da Pasta na obra é de R$ 13 milhões.

A cidade também acaba de ganhar outro atrativo para os visitantes, o Museu Rural. Instalado em uma fazenda de casarão secular, o atrativo reúne mais de três mil peças sobre os costumes, o trabalho doméstico e a vida no campo. No local, o turista desfruta do Parque da Borborema, um conjunto de atrativos voltados para o turismo rural e de aventura em sintonia com a preservação da natureza.

Imagens: Geraldo Gurgel

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