segunda-feira, 8 de maio de 2017
O povoado Baías, em Viana, foi palco, no último domingo (30), de um conflito entre agricultores e índios da etnia Gamela que deixou sete pessoas feridas e acirrou os ânimos por disputa de terras na região. Logo após o confronto, o governador Flávio Dino delimitou uma força-tarefa para apurar o caso, garantir a paz e atender todos os feridos. Depois de uma semana, a presença intensiva da Polícia Militar, com o reforço da Polícia Federal, tem garantido que nenhum conflito volte a ocorrer.

Ainda na segunda-feira (1º), o Governo do Maranhão se pronunciou acerca do conflito fundiário envolvendo gamelas e moradores da zona rural de Viana, e garantiu que o que estivesse ao alcance do Estado seria feito, já que as demarcações de terras indígenas são de competência da União. Logo na terça-feira (2), o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, o delegado-geral da Polícia Civil, Lawrence Melo e o subcomandante da Polícia Militar, coronel Jorge Luongo, estiveram no povoado Baías para iniciar a investigação do caso e ratificar a presença das forças de segurança para garantir a paz.

A situação conflituosa envolvendo gamelas e agricultores de povoados de Viana teve início há cerca de um ano e meio. Em agosto de 2016, o Governo do Maranhão enviou ofício à Funai comunicando o problema. O órgão respondeu em outubro alegando falta de recursos para realizar os estudos que comprovem que as terras da região pertencem ou não aos indígenas. O governador Flávio Dino explicou que há um inquérito policial instaurado, com vários delegados designados para a tarefa, e um coronel da Polícia Militar permanentemente na área, além do reforço de duas equipes do Grupo de Operações Especiais (GOE) e três de São Luís e Viana. “Aquilo que podemos fazer, estamos fazendo. Sobretudo visando prevenir novos conflitos”, pontuou o governador.

Início das investigações

As investigações em relação ao confronto ocorrido do último domingo foram iniciadas imediatamente o início dos episódios. O delegado Regional de Viana, Jorge Pacheco, afirmou que na primeira semana mais de 10 pessoas – entre indígenas e agricultores – foram ouvidas para que a Polícia possa obter o maior número de informações possíveis. Até o momento, de acordo com ele, as informações são de que os dois lados estavam portando armas de fogo, facões e facas.

Para Pacheco, não há espaço para a ocorrência de outro grande confronto envolvendo gamelas e moradores da zona rural de Viana, devido ao forte policiamento do local. Sobre o dia do confronto, ele afirmou que o principal objetivo tanto da Polícia Civil, quanto da Polícia Militar, foi socorrer os feridos e levar para o hospital. “O segundo momento foi reforçar a área e o terceiro está ocorrendo agora, com o inquérito sobre o caso”, realçou o delegado.

O tenente-coronel da Polícia Militar José Maria Aires foi enviado pelo Governo do Estado para chefiar a ação na região onde houve o confronto. Segundo ele, a situação atualmente está sob controle. “Estamos fazendo rondas, a todo momento, e estamos atentos a tudo, e, por enquanto, não houve novas ocorrências”, esclareceu.

Atendimento médico

A Secretaria de Saúde (SES) registrou atendimento de oito pessoas em hospitais municipais e estaduais. Dessas, seis gamelas e dois não gamelas. Cinco tiveram alta hospitalar imediatamente e três permanecem internados no Hospital Geral Tarquínio Lopes Filho, são os índios Aldelir de Jesus Ribeiro, André Ribeiro e José de Ribamar Mendes. O paciente José André Ribeiro apresenta melhora do quadro pulmonar, inclusive em processo de finalização do tratamento. O paciente efetuou procedimento de avaliação neurológica de rotina, sendo prescrito tratamento. Alta prevista em até 72 horas. 

Aldeli de Jesus Ribeiro, de acordo com avaliação médica, indica melhora progressiva do quadro lesional e, ainda, do estado geral. O dreno de tórax foi retirado. O paciente será submetido a uma cirurgia na próxima semana. José de Ribamar Mendes evolui com melhora do quadro lesional e de seu estado geral, segue cumprindo o protocolo de antibioticoterapia e exames de controle. Intervenção cirúrgica ortopédica prevista para próxima semana.

A paciente índia gamela Dilma Cutrim Meireles, 35 anos, foi a última a receber alta curada 36 horas depois de sua internação e após ter sido submetida a exames com diagnóstico de cefaleia de origem pós-traumática.“Neste momento nós temos três dos gamelas que foram vítimas de violência internados. Nós trouxemos para um hospital estadual e graças a Deus eles estão se recuperando bem. O boletim médico divulgado mostrou isso. Nós esperamos que correndo tudo bem não haja nenhuma lesão grave porque nós não admitimos violência no Maranhão”, reiterou Flávio Dino.

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