segunda-feira, 19 de março de 2018


A dificuldade do acesso às aguas, devido à presença das cercas elétricas, na Baixada Maranhense, a tentativa de homicídio sofrida por Francisca Nascimento, coordenadora geral dos Movimentos de Quebradeiras de Coco Babaçu do Brasil por conta do acesso á agua no Piauí, e as constantes agressões e ameaças sofridas pelas quebradeiras de coco babaçu foram temas da apresentação de Maria de Jesus Ferreira Bringelo, Dona Dijé, no FAMA. Ela é mulher, negra, quebradeira de coco, fundadora do Movimento e hoje coordenadora da regional do Mearim, no Maranhão.

De fala mansa e com extrema sabedoria de quem vivencia a luta pelo território, água, pelos direitos das mulheres negras e quebradeiras de coco babaçu, dona Dijé, chamou atenção para a situação gritante da violência sofrida por milhares de mulheres. “As mulheres das águas, das florestas e dos campos são ainda mais vulneráveis, pois, a violência chega muita das vezes pelas mãos daqueles que têm a obrigação de proteger”, ressaltou. 

Durante a apresentação, dona Dijé, falou sobre a ameaça mais recente sofrida por uma quebradeira de coco babaçu. A coordenadora geral do Movimento das Quebradeiras de Coco do Brasil, Francisca Nascimento. Ela foi vítima de tentativa de homicídio devido a reconstrução da represa Santa Rosa, na região dos Cocais no Piauí. Um vídeo foi apresentado por dona Dijé com depoimento de Francisca e como a reserva de água voltou a beneficiar mais de 20 comunidades. “É por meio da união das comunidades e povos tradicionais que conquistamos os nossos direitos”, enfatizou dona Dijé.  

Sobre o MIQCB

Movimento que representa mais de 350 mil quebradeiras de coco babaçu em todo o país. Fisicamente, o MIQCB está presente em quatro estados; Maranhão, Pará Piauí e Tocantins, onde cerca de 80% das quebradeiras não possuem a posse ou o domínio da terra. Pela Constituição Federal, por serem comunidades tradicionais ela têm o livre acesso aos babaçuais, pois, utilizam o babaçu para sobrevivência em regime de economia familiar. O movimento luta por esses direitos. 

O MIQCB atua nas seguintes regiões e municípios: 

Maranhão: regionais Baixada Ocidental, Imperatriz e Mearim/Cocais (27municípios/1.700 famílias envolvidas). 
Tocantins: Regional Bico do Papagaio (12municípios/250 famílias). 
Piauí: Regional Cocais/Esperantina (11 municípios/680famílias); 
Pará: Regional Sudeste Pará/Araguaia (4 municípios/230 famílias). 
Totalizando 4 estados, 6 regionais, 54 municípios e em torno de 2.900 famílias envolvidas diretamente.

Sobre o Fama: 

O Fama, que acontece em Brasília, no Distrito Federal, entre os dias 17 e 22 de março. O evento é organizado por movimentos populares, do campo e da cidade, e se coloca como uma oposição ao Fórum Mundial da Água. O objetivo do Fórum é denunciar a maneira irresponsável da utilização da água pelas grandes corporações e chamar a população para participar do processo, principalmente aqui no Brasil, onde tem um grande número de concentração de água. O Brasil concentra 12% de toda a água doce do mundo e é o maior detentor deste recurso natural. Não à toa, grandes empresas que têm como fonte de renda a distribuição de água, recorrem ao Brasil para garantir sua produção. Por outro lado, mais de 48 milhões de brasileiros ainda são afetados por secas e estiagens e outras 34 milhões de pessoas não têm acesso à rede de abastecimento de água potável, segundo dados do relatório de Conjuntura de Recursos Hídricos da Agência Nacional das Águas, a ANA.

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