quarta-feira, 22 de agosto de 2018

O 10º. Lençóis Jazz e Blues Festival se despediu ontem do público ludovicense com alguma quebra de recorde, muito provavelmente. Milhares de pessoas se esparramavam para além dos limites da plateia da Concha Acústica Reinaldo Faray, na Lagoa da Jansen, para ver o show de Ed Motta, último da noite naquele palco.

A última noite do segundo circuito – o primeiro aconteceu em Barreirinhas, entre os dias 10 a 12 de agosto – consagrou o festival como um dos mais importantes do ramo no país, coroando a edição comemorativa de uma década de existência, atestado pelo enorme público presente e pela comunhão entre artistas a plateia.

A 10ª. edição do Lençóis Jazz & Blues Festival contou com os patrocínios da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, e do Banco do Nordeste e da Potiguar, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e apoio cultural do Sesc, Fiema/Sesi, Sebrae, Foto Sombra, Tory Brindes, Clara Comunicação e Prefeituras Municipais de São Luís e Barreirinhas.


Os trabalhos começaram cedo pelo Palco Mundo, na área externa da Concha Acústica, uma estratégia da Tutuca Viana Produções, realizadora do evento, de ampliar a programação: foram sete shows por noite, em São Luís. Ontem os primeiros a se apresentar foram os integrantes do Quarteto Crivador: Rui Mário (sanfona), Marquinhos Carcará (percuteria), Wendell de la Salles (bandolim) e Júnior Maranhão (violão sete cordas).

Recém-formado mas já reconhecido como uma das melhores formações instrumentais em atividade no Maranhão, o grupo passeou por um repertório ousado, de temas como “Catita” (K-Ximbinho), “Chapéu palheta” (Toninho Ferragutti), “Um chorinho em Cochabamba” (Eduardo Neves e Rogério Caetano), “Noites sergipanas” (Dominguinhos), “Sete anéis” (Egberto Gismonti) e “Libertango” (Astor Piazzolla).

Na sequência foi a vez do piauiense Josué Costa esbanjar seu talento. Acompanhado por Paulo Dantas (contrabaixo) e Bruno Moreno (bateria), o violonista apresentou repertório basicamente autoral, de dvd recém-gravado. Destaques para o frevo “Retalhos” e o baião “Feito em casa”. Ao público presente revelou em primeira mão que seu próximo trabalho será um duo de violão e bandolim, disco que dividirá com o maranhense Robertinho Chinês.

No palco principal, Samuca do Acordeon revelou que tinha o desejo de conhecer o Maranhão desde criança. Em dueto com o flautista e saxofonista Pedro Figueiredo, começaram sua apresentação com “Harmonia selvagem” (Dante Santoro) e aliaram causos a seus talentos em um repertório versátil. Conquistaram o público pela competência com que executam seus instrumentos e pelo bom humor.


Em momentos em que ficaram sozinhos no palco, Pedro passeou por temas de Hermeto Pascoal e Heitor Villa-Lobos (incluindo “O trenzinho do caipira”) e Samuca atacou de “Urtiga no dedo”. O acordeonista pediu desculpas por tocar de olhos fechados: “uma vez eu fui contratado para tocar em um evento, coisa grande, importante, e tinha um ministro lá. Depois ele foi me elogiar e disse para os organizadores: ‘que músico bom esse que vocês contrataram, mesmo cego ele toca direitinho’”, contou para gargalhada geral da plateia. Ao que Pedro emendou: “ele nunca viu um show meu”.

Quando o público cantou “Qui nem jiló” (Luiz Gonzaga/ Humberto Teixeira), o agradecimento também veio bem-humorado: “a gente vem em duo e vai formando a banda no caminho. Já temos percussionista e agora coral”, disse Pedro, referindo-se à participação do público. Samuca não perdeu a viagem de aumentar as risadas: “nós não vamos dividir o cachê”. Encerraram com “Quarto do bebê”, composição que Pedro fez em homenagem à sua filha, e “Milonga gris” (Carlos Aguirres).

Um dos shows mais aguardados da noite certamente era o de Hamilton de Holanda, virtuose, reinventor do bandolim, que acaba de lançar quatro discos em homenagem a Jacob do Bandolim, no ano de seu centenário. “Jacob Black”, um desses quatro discos, que valoriza aspectos afro nas composições de Jacob, deu a base do repertório de ontem, em que o músico foi acompanhado por Rafael dos Anjos (violão) e Bernardo Aguiar (percussão).


O show foi aberto com “Jacob Black” (Hamilton de Holanda), composta pelo discípulo em homenagem ao mestre – se é que se pode falar assim. Seguiram-se, do repertório do homenageado, “Feia”, “De coração a coração” e “Assanhado”, com Hamilton voltando a repertório autoral, com “Capricho de Espanha”, viagem sua pelo universo do flamenco, música que admira, e “Capricho do Carmo”, em homenagem a Egberto Gismonti, nascido na cidade fluminense que empresta título à composição.

Além de Jacob, Hamilton de Holanda relembrou ainda Pixinguinha – “viva Pixinguinha!”, festejou –, a cujo repertório já dedicou disco, com “Carinhoso”, num dos momentos mais emocionantes de sua apresentação, com o público fazendo coro do início ao fim da música. Também lembrou Chico Buarque, a cujo repertório também já dedicou disco, com “Construção”.

Regido por uma equação formada por habilidade e improviso, outro ponto alto do show foi a versão quilométrica de “Canto de Ossanha” (Vinicius de Moraes/ Baden Powell), com que encerraram a apresentação, ao final da qual foram aplaudidos de pé. Ao posar para a clássica foto com a plateia e ouvir gritos de “mais um”, Hamilton, simpático, solicitou: “a gente só vai fazer mais uma se vocês tirarem uma foto com a gente”. Voltaram a contar com o coral do 10º. Lençóis Jazz e Blues Festival, com milhares de vozes entoando, qual um hino, “Chega de saudade” (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes).

Aplausos voltaram a irromper quando Ed Motta subiu ao palco, trajando uma camisa vermelha, acompanhado de uma banda vigorosa: Michel Lima (teclado e direção musical), Thiago Arruda (guitarra), Fernando Rosa (contrabaixo) e Matheus Falcão (bateria).

Seu show, o Baile do Flashback, é uma espécie de discoteca de baladas, sintonizando o afeto do público, que provavelmente não saiu dançando por conta dos limites do espaço. Atacou de “On the beat” (da BB & Q Band), “A night to remember” (Shalamar), emendando com “Fora da lei”, um dos muitos hits de sua carreira.

Passeou ainda por “Que bom voltar”, “Manoel”, seu primeiro sucesso, “SOS amor”, “Waiting for a girl” (Foreigner), “Ribbon in the sky” (Stevie Wonder), “Can’t hide love” (Earth, Wind & Fire) e “Colombina”. Ed Motta chegou a arriscar uns passos de dança ao lado da intérprete de Libras, mas quem roubou a cena foi Zé da Chave, pescado da plateia pelo artista, com seu inseparável molho.

Percutindo-o ao microfone, foi de escola de samba a clássicos da bossa nova, a partir de ganchos dados pelo próprio Ed Motta: este cantava o trecho inicial da música, Zé da Chave batucava as chaves e a plateia cantava junto. O público parecia satisfeito, mas queria mais. Ed Motta seguiu com sua discoteca sentimental, emendando mais alguns hits, entre eles “Let’s stay together” (Tina Turner).

Terminadas as apresentações do palco principal, a multidão voltou a se reunir para ver Daniel Lobo desfilando seu repertório de blues rock, com clássicos do gênero, repetindo o sucesso da experiência das jam sessions que comandou no circuito Barreirinhas.

Encerrando a noite, os djs Neiva e Félix do Movimento Cidade novamente botaram a cidade em movimento, literalmente. Se a serpente não acordou, podemos comemorar: ano que vem tem Lençóis Jazz e Blues Festival novamente.

A 10ª. edição do Lençóis Jazz & Blues Festival contou com os patrocínios da Companhia Energética do Maranhão (Cemar) e do Governo do Maranhão por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e do Banco do Nordeste e daPotiguar por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet)/ Ministério da Cultura. Os apoios culturais foram do Sesc, Fiema/Sesi, Sebrae, Foto Sombra, Tory Brindes, Clara Comunicação, Prefeituras Municipais de São Luís e Barreirinhas. A realização é de Tutuca Viana Produções.


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ASSESSORIA DE IMPRENSA: Vanessa Serra (98 99177-2593) e Zema Ribeiro (98 99166-8162).

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