quinta-feira, 15 de novembro de 2018
Você sabe quantas pessoas sofrem, diariamente, no Brasil somente por não se encaixarem em um padrão social? Imagina quantas morrem por serem vítimas de preconceitos? Quantos brasileiros não conseguem concluir os estudos por serem excluídos em razão da violência sofrida desde os primeiros anos de vida escolar? De acordo com um estudo nacional do Instituto Avon, o Brasil é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo. Pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Guacira Louro, que é Doutora em Educação, encabeçou um levantamento nacional em escolas de ensino básico e o resultado da pesquisa é um sinal de alerta máximo: meninos (36%) e meninas (18%) acreditam que a transexualidade é uma doença e que, por isso, transexuais estão sujeitos à violência e à humilhação.

“O dado estatístico revela uma das razões pelas quais transgêneros e transexuais abandonam os estudos tão precocemente. Isso não é evasão, é exclusão, pois o abandono dos estudos acaba sendo forçado, e assim essas pessoas perdem o direito básico à educação e não chegam a uma cadeira na universidade, por exemplo”, explica a professora mestre Maynara Costa, do curso de Direito da Estácio São Luís. O cenário de violência e de negação de direitos também inclui como vítimas, ainda, as mulheres. Ainda segundo o Instituto Avon, mais da metade (56%) das mulheres sofrem algum tipo de assédio sexual no ambiente universitário; além disso, 73% dos estudantes conhecem quem já passou por esse tipo de situação.

Esses foram os principais temas debatidos em sala de aula no minicurso sobre gênero, direitos humanos e educação, cuja palestrante, a professora Maynara Costa, apresentou diversos exemplos de violência contra pessoas LGBTI’s no Brasil. “Tratar desse tema no ambiente acadêmico serve para despertar o olhar desses futuros profissionais para questões como a exclusão de muitos indivíduos, a negação de direitos básicos, como educação e saúde, por exemplo, a seres humanos, unicamente por causa do preconceito que ainda mata muita gente no país”, reforçou a especialista.

Raízes

Em outro minicurso bastante concorrido, o palestrante convidado Stênio César Sodré Pontes falou sobre o plano de restauração do chalé do antigo IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social. O IAPAS foi extinto em 1990, quando se fundiu ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e, depois, passou a ser o atual INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social.

O casarão, situado na rua Senador João Pedro, próximo ao Canto da Fabril, em São Luís, está completamente abandonado há décadas. “A nossa proposta é preservar a história, as raízes, as origens. Com a restauração do chalé, recuperamos, também, parte de uma rica história de São Luís, perdida nas ruínas do tempo”, exclamou o palestrante.

Humanidades

Os dois encontros ocorreram durante a abertura da terceira edição da Semana de Humanidades, realizado pela coordenação do curso de Jornalismo da Faculdade Estácio São Luís entre os dias 12 e 13 de novembro. Com a temática central “Maranhão: arte, cultura e saberes”, alunos e professores das mais diversas áreas do conhecimento discutiram as origens, as raízes do povo maranhense, e também levantaram questões sobre os direitos e as chamadas minorias.

Ao longo dos últimos meses, vários trabalhos acadêmicos foram realizados com o intuito de fomentar as discussões sobre os mais diversos temas. O evento teve como principal objetivo propor a construção do diálogo científico, e também estimular a aquisição cultural, literária e artística como fundamentais para a elaboração do conhecimento e crescimento profissional dos estudantes. “Qualquer que seja a formação profissional, é necessário que o senso de justiça e o respeito aos Direitos Humanos, instituídos pela ONU – Organização das Nações Unidas, prevaleçam”, enfatizou Lila Antoniere, coordenadora do curso de Jornalismo e da Semana de Humanidades.

Além dos minicursos, o evento contou com palestras de profissionais renomados no Maranhão, como o professor licenciado em História, Bacharel em Direito e Mestrando em Ciências Políticas, Guilherme Santana, que falou sobre o Jornalismo mediador, . Mulheres quebradeiras de côco babaçu que integram o MIQCB, movimento interestadual, apresentaram à plateia atenta a história de luta e resistência do ofício rudimentar e cultural em busca do bem viver.

Outros temas também foram apresentados e debatidos, como o uso de aplicativos para inovar a Educação Superior, apresentado pelo jornalista e mestrando em Cultura e Sociedade da UFMA, Jean Monteiro; o reconhecimento e a valorização do território, debatido pela Doutoranda em Design, Gisele Reis Correa Saraiva, e pela Mestranda em Design, Tayomara Santos, ambas da UFMA; o Reggae e as questões culturais do Maranhão, tema central da palestra realizada pelo jornalista, radialista e atual diretor do Museu do Reggae, Ademar Danilo, e pela jornalista e Mestre em Ciências Sociais Karla Freire.

No encerramento das discussões, o tema “Mulher, Direito e Mídia” foi trabalhado pelas palestrantes Gisa Nunes, jornalista, advogada e Mestre Ciências Sociais, e a também advogada Amanda Costa, que é Mestranda em Direito e Instituições do Sistema de Justiça.

Cultura

A programação da Semana de Humanidades contou, ainda, com um espaço especialmente dedicado às representações culturais do Maranhão. Mesa de artesanato, exposição fotográfica, feira de sustentabilidade, rodas de capoeira, além de expressões artísticas do Boi da Maioba, um dos mais representativos grupos de bumba-meu-boi de matraca do estado, e do Boizinho Barrica, famoso grupo para folclórico do Maranhão.

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