terça-feira, 30 de abril de 2019
Por: Lisiane Martins


Quando decidi viajar e fazer voluntariado ao mesmo tempo, não tinha ideia do que iria encontrar no meio do caminho. Por mais que tentasse imaginar, o cenário que a minha mente criava não chegava perto do que foi viver as experiências incríveis em um ano e dois meses mochilando. 

Viajar está na lista dos sonhos de muita gente. Explorar novos lugares, culturas e sabores, fazer amigos por onde passar, viver experiências incríveis. É ficar rico de conhecimento sem precisar gastar rios de dinheiro. Por isso tem muita gente que independente da idade está bombando na internet, conquistando seguidores por apresentar um estilo de vida desejado e que para muitos parece algo distante, mas não é! 

Quero te mostrar que isso é possível! Viajei 15 países em um ano, pela Europa, África e Ásia e fiz dez voluntariados, sem gastar dinheiro com hotel e às vezes tendo refeições de graça, através do work exchange e abaixo compartilho um pouco do que foi três dessas experiências que tive.

WORK EXCHANGE 


Essa é uma expressão usada por aqueles que trocam habilidades por acomodação e comida. É uma forma de viajar para outro país gastando pouco e eliminando até 70% dos gastos, compartilhando infinitas habilidades. Além de doar seu tempo, você também pode aprender coisas novas, melhorar um idioma e fazer amigos em várias partes do mundo. 

Você pode encontrar oportunidades acessando um site especializado em compartilhamento de habilidades, fazendo cadastro, elaborando um perfil, sem deixar de acrescentar tudo o que você sabe fazer, por exemplo: limpar, cozinhar, trabalhar com animais, ensinar uma língua. 

Nesse tipo de site, você encontra vagas e faz a aplicação para aquela que se encaixa com suas habilidades e algumas exigem nível básico em inglês ou espanhol. É necessário observar quantas horas você terá que trabalhar, quantos dias de folga, se tem direito a alimentação ou apenas acomodação, entre outros detalhes que devem ficar claros e podem fazer a diferença ao iniciar a experiência.

Nesse tipo de plataforma os anfitriões já deixam claro qual o tipo de trabalho precisam que o voluntário faça. A recompensa na maioria das vagas é estadia, o quarto pode ser coletivo ou privado, em alguns a pessoa pode ganhar três refeições, dois ou mais dias de folga e ter que trabalhar apenas 4h ou 5h por dia. O tempo que vai ficar executando o trabalho voluntário pode variar de semanas até seis meses, mas você pode combinar com anfitrião e acordar o tempo que quer ficar, ele também pode estipular o prazo que precisa de você e aí é só decidir se vale a pena, ou não. 

A minha viagem foi pelo Worldpackers, mas existem várias plataformas com foco semelhante.

FAZENDO LIMPEZA EM MALTA 

Durante a minha busca por trabalhos voluntários, com a intenção de viver uma nova experiência, trocar habilidades e de ainda praticar o inglês, eu busquei vagas em locais onde a língua predomina. Após uma pesquisa cuidadosa, levando em conta os custos da passagem e de vida, eu escolhi Malta. No país europeu as vagas que encontrei eram para hostels. Os serviços geralmente são para recepção e ajudante de limpeza. 

Eu escolhi fazer a aplicação para um hostel, após ler várias avaliações positivas sobre o local e a rotina de trabalho. Como o meu inglês ainda era básico eu optei por ajudar na limpeza. Eram 20 horas de trabalho por semana, dois dias de folga, lavanderia de graça e quarto coletivo. O hostel ficava em Paceville, uma área badalada de Malta e por isso destino de muitos turistas e pessoas que buscam trabalho neste pequeno país, motivo pelo qual está sempre cheio.

Até então só havia feito limpeza no meu apartamento, a experiência que escolhi fazer durante três meses foi boa e o trabalho simples. Ao fim dos três meses, eu havia feito muitos amigos, visitados lugares incríveis e com inglês que já saia naturalmente da boca.

ENSINANDO PORTUGUÊS NA TANZÂNIA 


O meu segundo voluntariado aconteceu em Arusha, na Tanzânia, foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Conheci a iniciativa através do Worldpackers, e durante dois meses ministrei aulas de Português para um grupo de 11 meninas, em troca de acomodação e três refeições. 

A organização independente Nyumba Ya Bibi Sebastiana existe há cerca de quatro anos, foi criada pela brasileira, contava com a ajuda mensal de doações, essenciais para manter no período 28 meninas com idade entre 15 a 23 anos. A organização oferecia casa, alimentação e o curso profissionalizante de costura. Costureira é a terceira profissão mais procurada por mulheres no país. 

Ribeiro, que mora há cinco anos na Tanzânia. Membro da Igreja Assembleia de Deus, elas eram de vilas pobres e já haviam passado por situações de violência, como estupro, algumas corriam o risco de serem trocadas por vacas e se casarem com homens polígamos – o que é aceito – e com até 50 anos de idade de diferença e outras órfãs, por esses motivos algumas não podiam voltar para casa. 

Morava em uma vila africana e as minhas aulas aconteciam de segunda a sexta-feira, o que permitia viajar aos fins de semana para outros lugares. O português era necessário para que elas pudessem se comunicar com outros voluntários e pastores de igrejas brasileiras que iam visitar o projeto. Nesse período aprendi muito sobre desapego, a valorizar os momentos simples e as experiências mais incríveis não me custaram um centavo.

AULAS DE INGLÊS NA TAILÂNDIA 

A Tailândia foi o terceiro país da Ásia que conheci no meu mochilão e foi um dos mais esperados também. Não só por ter um custo de vida baixo em relação a outros destinos, mas pela cultura e os lugares lindos que estão espalhados pelo país. Cheguei por lá em dezembro, depois de viajar pelo Sul, fui para o Norte em Chiang Mai, onde encontrei um trabalho voluntário que me dava acomodação e três refeições, em troca eu deveria conversar em inglês com alunos tailandeses. Crianças, jovens e adultos estudam inglês, mas tem dificuldades para conversar porque não tem com quem praticar, já que muitos não têm contato com turistas e era a minha função e de outros voluntários estimular a conversação. 

Além de aprender uma nova língua o que os estimulava a aprender era o fato de poder encontrar melhores oportunidades de trabalho e viajar sem dificuldades de comunicação. Foi aí que percebi como o meu inglês estava evoluindo e pude estimular outra habilidade em mim. 

Sigo viajando, fazendo voluntariado, compartilhando e aprendendo como se estivesse apenas começando o meu mochilão. 

*Lisiane Martins, Jornalista, mochileira e cidadã do mundo.

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