segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Em meio à troca de saberes entre os mais de 300 participantes do 5º Encontro de Agroecologia do Tocantins intitulado “Territórios Agroecológicos – Tecendo resistências para o campo e a cidade na construção da democracia popular e do bem-viver”, foram realizadas as oficinas temáticas. Entre elas sobre a economia justa e solidária coordenada pelos representantes da Cooperativa Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu (CIMQCB) do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB). Participaram da atividade, realizada no último sábado (25/10) na comunidade Sete Barracas, no município de São Miguel do Tocantins, cerca de 80 pessoas entre indígenas, quebradeiras de coco babaçu, produtores rurais. Todos em busca do fortalecimento da economia familiar e acesso aos mercados institucionais e privados. 

A oficina foi conduzida pela assessora da CIMQCB, Flávia Azeredo, com a participação do grupo de Jovens do projeto Pindova, de Centro dos Pifeiros, em Amarantes no Maranhão, que atuam na produção de peças artesanais a partir do babaçu, de estudantes da Escola Familiar Agrícola, também do Sul do Maranhão, da assessora do Tocantins, Elizete da Costa Sousa, das coordenadoras e lideranças Francisca Vieira e Ednalva. Foi apresentada a história e o objetivo da Cooperativa, criada em 2009 pelo MIQCB a fim de aumentar o apoio econômico às mulheres quebradeiras de coco babaçu, fortalecendo a parte comercial do movimento. O MIQCB financiou então a criação da cooperativa por meio de projetos com doadores internacionais, os quais ainda apoiam algumas atividades da CIMQCB (principalmente de assistência técnica). A CIMQCB e o MIQCB compartilham a mesma sede em São Luís, mas a cooperativa tem sua própria direção e alguns projetos independentes. 

Foram apresentadas a necessidade de organização de produção para que os envolvidos tenham clareza do processo. “Desde a busca do coco no babaçual, a quebra, a distribuição de quais serão produzidos a farinha, o azeite e o artesanato, a colocação dos preços, a divulgação e participação em feiras, tudo isso faz parte do acesso aos mercados”, ressaltou Flávia Azeredo. Dona Francisca, quebradeira de coco e antiga liderança na região do Tocantins, ressaltou também a importância das atividades serem organizadas de acordo com o tempo do grupo produtivo. “O que nos caracteriza os nossos produtos e agrega valor aos mesmos é o que tem por trás da história de cada um, força e resistência e que por meio deles vamos fortalecer a nossa luta”, enfatizou.

Os jovens do sul do Maranhão trouxeram a experiência da produção artesanal. Os “Pindovinhas” conquistaram um local no mercado por meio de suas peças e ajudaram a consolidar a expansão da cadeia do babaçu. Atualmente no MIQCB, o envolvimento da juventude no movimento e engajamento acontece, principalmente pelos eixos da culinária (produção de bolos, doces, biscoitos) e do artesanato. Para a assessora técnica do Tocantins, Elizete Sousa, muitos jovens já são facilitadores, ou seja, ensinam para outros jovens o que aprenderam sobre a transformação do babaçu em acessórios (brincos, colares, anéis).  “É uma maneira de apresentarmos a força da juventude no Movimento e também de ajudarmos na conservação das palmeiras, pois, dela também tiramos a matéria-prima para a produção das nossas peças”, disse uma jovem pindovinha. 


Outro ponto importante e estratégico abordado foi o acesso ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura familiar (PAA) pelos povos e comunidades tradicionais. De acordo com Flávia, esses programas também têm contribuído para o fortalecimento da luta, da CIMQCB na região da Baixada maranhense e no Piauí.

Cerca de 300 pessoas entre elas quebradeiras de coco babaçu, quilombolas, indígenas, todos de comunidades tradicionais, e integrantes  das organizações e movimentos sociais da Articulação Tocantinense de Agroecologia (ATA) participaram do do 5º Encontro de Agroecologia do Tocantins intitulado “Territórios Agroecológicos – Tecendo resistências para o campo e a cidade na construção da democracia popular e do bem-viver”. O primeiro dia de atividades foi marcado com manifestações que aconteceram na cidade de Imperatriz (MA), município que faz divisa com a região do Bico do Papagaio, em frente à Fábrica da Empresa Suzano Papel e Celulose, em seguida na Praça de Fátima, e, por fim, na Ponte Dom Afonso Felipe Gregori.

Ao longo da programação, foram realizadas plenárias que trataram sobre a história de luta, resistência e conquista da comunidade de Sete Barracas.  “É preciso rememorar as histórias das pessoas como a de dona Raimunda, Dona Dijé, Dada em um momento tão forte de desprezo e negação da democracia”, enfatizou a antropóloga e ex-presidente do Conselho de Segurança Alimentar (Consea), Maria Emília Pacheco, uma das convidadas da mesa de abertura do Encontro de Agroecologia. Troca de sementes e Feira Cultural também constavam na programação do Encontro de Agroecologia.

Informação: Yndara Vasques

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