segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Não há nada mais parecido com Natal que rabanada. Não, não é o peru! O peru para mim é um mero coadjuvante que só consta em nossa ceia por causa dos membros mais conservadores da família! Peru tem a carne meio adocicada e demora horas pra assar. Na minha leiga opinião, uma iguaria difícil de fazer. Não, não sou “de toda amiga do peru de Natal”!

Comidinhas de ceia de natal tem a mesma cara e o mesmo cheiro desde que “me entendo por gente”. Melhor que saber a cara e o cheiro é ter a certeza que você vai almoçar no dia seguinte o que sobrou. Não tem jeito!

Não se sabe ao certo a origem da rabanada. O fato é que desembarcou no Brasil com os portugueses (as matronas descobriram um destino para as sobras de pão) e se tornou uma tradição na ceia de Natal. É feita à base de pão envolvido por uma crosta de açúcar e canela. É daqueles pratos que você ama ou odeia!

É de minha inteira responsabilidade nos natais da minha família. O cheiro de canela se espalhando pela casa é algo encantador. É típica do Natal e disputa com o peru e o salpicão o centro das mesas da maioria dos maranhenses.

A velha farofa e o arroz com passas também são figurinhas fáceis de encontrar, assim como as aves
assadas e/ou guisadas (por acaso, no “Manual das Ceias de Natal”, tem um capítulo obrigando as pessoas a preferirem as aves no Natal?).

O Natal é um evento totalmente gastronômico em que o principal objetivo é a ceia e as comilanças em geral. Passa-se o dia inteiro na cozinha preparando tudo para que à meia noite todos possam degustar e, na maioria das vezes, dormir na sequência, pois não há corpo que aguente tamanha batalha!

Nos últimos tempos o peru tem tido a concorrência do Chester e do Fiesta e sai perdendo por causa do preço muito mais elevado. Esses dois citados agora, a propósito, são aves da novíssima geração gastronômica, já que nunca ninguém viu nenhum dos dois ciscando por aí pelos quintais.

Na pirâmide social dos galináceos, estão acima da galinha e abaixo do peru e faisão, aves nobres e cheias de glamour.

As saladas sempre aparecem e nessa categoria a “maionese” tira o primeiro lugar. Basta ir, por exemplo, ao vizinho, que lá vem alguém com um punhadinho no prato. Esta, para o dia seguinte não é uma boa pedida.

Reza-se o pai-nosso, a ave-maria e estoura-se um espumante barato quando não, uma cidra. Quanto mais alto for o estouro, mais felizes todos ficam e assim a ceia de natal vai ficando ali ao lado
sem ninguém comer mais nada. Só vamos lembrar dela na hora de guardar tudo para o almoço do dia seguinte, quiçá para o jantar...

As minhas rabanadas sempre sobram e se transformam na sobremesa mais disputada do dia 25. Há quem diga que rabanada boa mesmo é “dormida”, quando fica mais macia e molhadinha. Nesse quesito os natais mais tradicionais são cheios de pudins, mousses e sorvetes. 

E a noite de Natal vai acontecendo. Muitas cervejas consumidas e quando mal nos damos conta, lá chegou o Réveillon e a ceia da virada não é lá muito importante.

Importante mesmo é a festa e o primeiro grito de carnaval, em que há uma regra muito clara: pode-se comer de tudo, menos aves, pois ciscam pra trás e nada nesse mundo pode influenciar no pensamento para um ano melhor.

E para você que acompanha mês a mês as minhas peripécias por aqui, muito obrigada por sua companhia. Desejo um ano novo repleto de coisas boas, cheio de ócio, viagens e gastronomia!

Para fazer seu Natal mais gostoso, vamos à receita da rabanada:

Ingredientes

30 fatias de pão dormido (baguete, massa grossa ou o próprio pra rabanada);
01 de leite líquido;
01 lata de leite condensado;
01 kg de açúcar;
100 gr de canela em pó;
01 de óleo para fritar;
06 ovos batidos (não precisa ser em clara).

Modo de fazer

Adoce o leite com leite condensado e reserve. Disponha as fatias de pão numa travessa e “regue” com o leite. Deixe descansar uns 20 min. Vire se necessário para molhar mais um pouco.

Bata os ovos e reserve. Misture num recipiente grande o açúcar e a canela e reserve.

Passe as fatias de pão molhadas no ovo e frite em óleo bem quente virando o pão para dourar de um lado e outro. A fritura é bem rápida. Ao tirar o pão da frigideira, passe pelo açúcar e canela e deixe descansar em papel toalha por uns 20 min.

Arrume em uma travessa e coloque num lugar de destaque na mesa do Natal!

Texto Originalmente publicado na Edição N° 68 novembro 2009 do Jornal Cazumbá
Foto Ilustrativa

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