quinta-feira, 2 de abril de 2020
Sem fim à vista para a pandemia provocada pelo novo coronavírus, as negociações da ONU sobre mudanças climáticas que ocorreriam na Escócia no final do ano foram adiadas para outubro de 2021.
A decisão foi anunciada na noite de quarta-feira (1) pelo grupo consultivo para as negociações da COP26, supervisionadas pelo órgão da ONU sobre mudanças climáticas, a UNFCCC, após conversas envolvendo Reino Unido e outros países.
A UNFCCC disse que o adiamento permitirá que todas as partes se concentrem mais em importantes questões climáticas, além de permitir mais tempo de preparação.
“Atualmente, o mundo está enfrentando um desafio global sem precedentes e os países estão concentrando seus esforços corretamente em salvar vidas e combater a COVID-19”, disse Alok Sharma, presidente designado da COP26 e secretário de Estado de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido.
A secretária-executiva da ONU para mudanças climáticas, Patricia Espinosa, destacou que, embora a COVID-19 seja “a ameaça mais urgente que a humanidade enfrenta hoje, não podemos esquecer que a mudança climática é a maior ameaça que a humanidade enfrentará a longo prazo”.
Segundo ela, quando as economias retomarem, haverá uma chance para as nações “se recuperarem melhor, incluírem os mais vulneráveis nesses planos e uma chance de moldar a economia do século 21 de maneira limpa, verde, saudável, justa, segura e mais resiliente”.
O presidente da última conferência, que acabou ocorrendo na Espanha, a política chilena Carolina Schmidt, disse que a decisão de adiar a COP26 era “uma medida necessária para proteger todos os delegados e observadores”.
“Nossa determinação é garantir que o impulso para a ambição climática continue”, concluiu ela.
Prioridades
“A necessidade de suprimir o vírus e salvaguardar vidas é nossa principal prioridade”, disse o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, em comunicado divulgado logo após o anúncio, em nome do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
O secretário-geral sustentou que os esforços para aumentar a ambição e a ação sobre as mudanças climáticas devem continuar, “especialmente quando os países tomam medidas para se recuperar dessa crise”.
A ciência do clima não mudou, disse ele, com as emissões em um nível recorde, enquanto os impactos do aquecimento global compõem os desafios socioeconômicos que essa crise irá intensificar.
O chefe da ONU enfatizou que “a crise da COVID-19 reforça a importância da ciência e das políticas de governo e da tomada de decisões baseadas em evidências”.
A ciência deixa claro que o comportamento humano está alterando a capacidade do planeta de se regular, afetando dramaticamente vidas e meios de subsistência, salientou.
“Esta dramática crise humana também é um exemplo de como os países, sociedades e economias vulneráveis estão diante de ameaças existenciais”, observou ele, acrescentando que “os países devem trabalhar para proteger a saúde das pessoas e o planeta nunca esteve tanto em risco”.
Assegurando a continuação do trabalho que envolve o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, os Estados-membros e outros parceiros “emergem desta crise global mais forte”, disse.
A declaração foi encerrada com a afirmação de que “agora são necessárias mais do que nunca” solidariedade e maior ambição “para fazer a transição para uma “economia sustentável de baixo carbono que limite o aquecimento global a 1,5 grau Celsius”.
Informação: Nações Unidas
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