segunda-feira, 20 de abril de 2020

De repente, silêncio.

Ninguém mais estava entendendo nada, apenas que estava preso em casa sem poder abraçar e ter contato com pessoas. O mundo parou em meio a uma pandemia de um vírus contagioso e letal. A produção industrial está parada, as pessoas não viajam mais, aviões estão estacionados, as praias estão vazias e os centros comerciais mais parecem o dia 01 de janeiro no mundo: tudo fechado.

Bem, isso não é o começo de um roteiro de filme americano onde eles descobrem a cura e a vida volta aos eixos em duas horas, é a mais pura realidade global enquanto escrevo esse texto. Parece filme, repito, mas não é.

Estamos em quarentena e não sabendo lidar com tantas notícias ruins, com o medo e com tanta informação assustadora pelo mundo. Os números de mortes e de colapsos estão nos exaurindo as energias que ainda restam e talvez, esse seja o grande problema desse momento: nossa saúde mental.

Definitivamente o problema não é o “estar em casa” em tempo integral, não é “não poder ter festa”, não é “não ir a encontros com parentes e amigos”, isso a gente já deu um jeito. Nisso, a gente já “tá craque”. O que a gente precisa ter é esperança, horizonte e uma luz.

Um mundo sem esperança não vai para frente. Um mundo egoísta não tem como melhorar e ser bom para seus habitantes.  Um País com futuro incerto é a coisa mais cruel para suas pessoas. É isso que tem afetado a humanidade: as incertezas no futuro.

Os formatos de trabalho tradicionais já tão combatidos pela modernidade entraram em colapso de vez. Voltaremos a trabalhar como antigamente? Ter um espaço físico com um monte de gente dentro pode ser um fator irrelevante à partir de agora?

E os valores que mandavam no nosso consumo. Eles permanecerão os mesmos? Além dos valores, o formato de consumo retomará seu ciclo de antes?

O mundo que conhecíamos até início de 2020 pode sim, estar com os dias contados. Muitos de nós, sem contato diário com ferramentas tecnológicas, teve de se transformar digitalmente de uma semana para outra. Todo mundo teve de por uma plaquinha na porta dizendo “atendimento por telefone ou entregamos na sua casa”. Ou era isso ou morria de forme. O tempo, esse também muito questionado e desejado pelos executivos e trabalhadores de cidades muito grandes começou a sobrar. A sobrar de um jeito que teve gente que descobriu cantinhos e prateleiras em suas próprias casas que não sabiam que existiam, vejam só.

O mundo deu uma pausa, prefiro pensar assim. Não quero ignorar a quantidade de mortos, o tanto de sofrimento pelo mundo afora e nem os problemas que estamos longe de entender. Também não está no mérito do texto as relações dos pobres sem renda e de trabalhadores sem nenhuma garantia do estado (sim, num país grande como esse e com essa desigualdade social assustadora não pode e não deve ter um estado mínimo. Para isso, seriam necessários mais 500 anos de reparação). Em nome da saúde mental de todos nós, prefiro focar nas reflexões que estamos sendo obrigados a fazer. Prefiro pensar na revisão de valores que fomos obrigados a fazer em um mês. No quanto os rios estão quietos, as praias limpas, os animais marinhos em silêncio, e do quanto sairemos disso tudo um pouco mais conscientes. 

O ar das grandes cidades está limpo e isso é de fato um enorme ganho. E se formos avaliar os impactos culturais, por exemplo, seriam mais umas duas laudas com casos e mais casos.

As cidades com o fenômeno over turismo, com cidadãos sempre reclamando de tudo, sei que estão sentindo falta da barulheira e daquela dinâmica frenética de domingo a domingo. Pensando sob um prisma positivo, pode ser que na retomada, que também quero pensar que será no tempo certo, tudo poderá ser melhor. Tenho uma positividade limitada, confesso, mas por que não acreditar que muita coisa pode melhorar?

Quando toda essa crise, que falam os entendidos - é a maior crise social e econômica desde a segunda guerra mundial, passar, se fizermos as reflexões certas, se cada um de nós pensar não só em nós mesmos, mas nos outros, estaremos prontos para o RECOMEÇO.

Seremos chips formatados e prontos para fazer o melhor, só depende de nós.

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