quinta-feira, 28 de maio de 2020
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O Maranhão é um dos maiores produtores de pescado do Nordeste, e o terceiro maior do Brasil no setor pesqueiro, onde a modalidade que se destaca é a pesca artesanal. No município da Raposa essa modalidade é composta em sua maioria por homens, e quase que exclusivamente analfabetos e semianalfabetos, que apresentam uma renda inferior a um salário mínimo. A principal atividade econômica realizada nessa região é a pesca artesanal. A cidade também abriga a maior colônia de pescadores do Maranhão.

A população dispõe de uma pequena importância do pescado para o setor comercial e grande parte para o consumo local. O ofício tem permanecido através do tempo, cuja mão-de-obra e práticas têm sido passadas por gerações e aplicadas de maneira bem rústica, sem o uso de sofisticadas tecnologias para a conservação do pescado, higiene e segurança da tripulação. Porém, essa profissão corre sérios riscos de ser extinta, pois as novas gerações não querem e não exercem as mesmas funções de seus antepassados.

Pensando nisso, a aluna Silvana Soares, do curso de Tecnologia em Segurança do Trabalho da Universidade Estadual do Maranhão, mediado pelo Núcleo de Tecnologias para Educação (UEMAnet), está realizando a pesquisa “A Saúde e Segurança dos Pescadores Artesanais da Colônia de Pescadores da Raposa/MA”.

A pesquisa, que teve uma pausa devido a pandemia atual, busca analisar a saúde e segurança dos pescadores no município da Raposa, com o propósito de identificar o perfil socioeconômico dos pescadores artesanais, o meio como capturam e fabricam seus instrumentos de trabalho, a conservação e a destinação final do produto.

“A ideia é conscientizar os pescadores artesanais da colônia de pescadores da Raposa/MA e a comunidade universitária da importância da observância de alguns fatores ligados à Saúde e Segurança do Trabalho, no sentido de identificar os riscos na pesca artesanal e adotar medidas de proteção, descrevendo, assim, informações sobre a saúde dos pescadores e marisqueiras da região, tendo como foco os riscos ambientais (físico, químico, biológico, ergonômico e de acidente). E, classificando-os de acordo com a atividade desenvolvida, com a finalidade do uso dos EPI’S (Equipamento de Proteção Individual)”, explicou Silvana.

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Os resultados mostram que a matriz pesqueira é deficitária e está sucateada, sendo aos poucos abandonada culturalmente. Esta atividade informal apresenta uma situação de extrema precariedade, deixando os pescadores totalmente desprotegidos. Eles estão sujeitos a riscos de acidentes e doenças, devido ao grande esforço físico, variações climáticas e contato com agentes patológicos num ambiente sem saneamento.

A importância dos estudos na área de segurança do trabalho dos pescadores reforça o desejo de que seus resultados possam refletir benefícios aos trabalhadores, auxiliando no planejamento de políticas voltadas para o setor da pesca artesanal.

“Os EPIs são pouco explorados na população dos pescadores e precisa ser levado em consideração; e a profissão tem vários riscos relacionados a radiações solares e riscos de neoplasias, cataratas, dentre outras; alta pressão atmosférica nas atividades de mergulho e possibilidades de doenças descompressivas, barotraumas, labirintites e distúrbios da audição; umidade e lama nos manguezais com riscos de dermatites micóticas e onicomicoses, inflamações gênito-urinárias, alergias; intempéries, chuvas e frio, com riscos de infecções respiratórias, faringites, dentre outras; riscos biológicos relacionados ao trabalho no mangue e possibilidades de contaminações com enfermidades transmissíveis, dermatites de contato com animais e plantas marinhas e muito mais”, destacou a aluna.

Quanto aos acidentes de trabalho, os pescadores e marisqueiros enfrentam uma diversidade de riscos como: afogamentos, incluindo na lama do manguezal; acidentes perfurantes e cortantes na manipulação de mariscos e peixes, com os mais variados instrumentos de pesca; corte de lenha e preparo de mariscos; picadas de insetos; acidentes ofídicos com animais terrestres e marinhos, peçonhentos e urticantes.

Ao término deste projeto, a ideia é ter um diagnóstico da situação da pesca na área da Raposa, assim, como da situação socioeconômica e dos riscos do ambiente de trabalho da população ali alocada.  A pesquisa tem duração de doze meses terminando somente em agosto de 2020. 

Informação: UEMA 

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