terça-feira, 19 de maio de 2020
As atrações turísticas de Nova Iorque, como o Metropolitan Museum of Art (foto), fecharam devido à pandemia de coronavírus. Foto: UN News

Enquanto a pandemia da COVID-19 continua causando estragos em todo o mundo, os museus não foram poupados, disse a agência cultural da ONU na segunda-feira (18), Dia Internacional dos Museus, revelando que quase 90% das instituições culturais tiveram que fechar suas portas, enquanto quase 13% estão sob séria ameaça de não reabrir.

Ao avaliar o impacto do coronavírus nos museus, dois estudos realizados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Conselho Internacional de Museus (ICOM, na sigla em inglês) confirmaram que mais de 85 mil instituições foram fechadas.

“Os museus desempenham um papel fundamental na resiliência das sociedades”, explicou a diretora geral da UNESCO, Audrey Azoulay. “Precisamos ajudá-los a lidar com essa crise e mantê-los em contato com o público”.

Os documentos também analisaram como o setor está se adaptando à pandemia e quais apoios serão necessários quando esta terminar.

Para afirmar a resiliência da arte, a UNESCO lançou no mês passado o movimento ResiliArt, que, entre outras coisas, realiza trocas virtuais de alto nível entre profissionais internacionais e apoia o mundo cultural durante a crise.

Nesse contexto, a UNESCO lançou em meados de maio uma série de debates dedicados aos museus.

Em parceria com a iniciativa de museus sustentáveis Ibermuseums, os três primeiros explorarão estratégias de apoio a museus e profissionais da região ibero-americana.

Segundo a UNESCO, proteção social da equipe de museus, digitalização e inventário de coleções e desenvolvimento de conteúdo online estão entre as prioridades que precisam ser abordadas – todas as quais requerem recursos financeiros.

A UNESCO também apontou que, desde 2012, o número de museus em todo o mundo aumentou quase 60%, demonstrando sua importância nas políticas culturais nacionais na última década.

O estudo também revelou grandes disparidades regionais, com a África e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento (SIDS) responsáveis ​​por apenas 1,5% do número total de museus no mundo.

Além disso, apenas 5% dos museus da África e dos SIDS conseguiram oferecer conteúdo online ao público.

“Esta pandemia também nos lembra que metade da humanidade não tem acesso às tecnologias digitais”, observou a chefe da UNESCO. “Devemos trabalhar para promover o acesso à cultura para todos, especialmente os mais vulneráveis ​​e isolados”.

Essas descobertas ecoaram um relatório anterior sobre a implementação da Recomendação da UNESCO de 2015 relativa à proteção e promoção de museus e coleções, sua diversidade e seu papel na sociedade.

Nela, a agência destacou o papel fundamental que os museus desempenham na educação, na cultura e no apoio à economia criativa local e regional.

A UNESCO e o ICOM publicarão em breve os resultados completos dos dois estudos, à medida que continuam sua colaboração no apoio a museus em todo o mundo.

Diversidade e inclusão

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) organiza a Semana Nacional de Museus com envolvimento das instituições e do público. Este ano, o Dia Internacional dos Museus tem com tema “Museus pela igualdade: diversidade e inclusão”.

O objetivo da data é se tornar um ponto de encontro para a conscientização sobre os museus, importante meio de transmissão e intercâmbio cultural, representação da diversidade cultural e natural da humanidade, bem como para a proteção e preservação do patrimônio.

A data foi instituída em 1977, pelo ICOM. Cada vez mais instituições se engajam no movimento: em 2019, 37 mil museus participaram de eventos relacionados em 158 países e territórios.

Os números apontam um envolvimento crescente das instituições e do público no Brasil. Houve aumento médio de 25% ao ano desde a primeira edição; aumento de 23% no número de eventos cadastrados; e aumento de 103% no número de visitantes em relação à semana anterior.

Museu Nacional e a cultura indígena

A UNESCO vem apoiando a reconstrução e restauração do Museu Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), destruído por um incêndio de grandes proporções em 2 de setembro de 2018.

Em março deste ano, a Organização, a Fundação Vale e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinaram termo de cooperação técnica que, entre outras ações, implementa a estrutura de governança do projeto Museu Nacional Vive.

O objetivo é estabelecer diretrizes estratégicas e garantir a boa execução e sustentabilidade das ações planejadas para a reconstrução e a restauração do Paço de São Cristóvão e seu anexo; o preparo do Palácio para receber a nova museografia; a reforma da Biblioteca e do Horto Botânico; e a implantação de um novo campus, anexo à Quinta da Boa Vista.

A cultura indígena, parte relevante do acervo do Museu Nacional que se salvou do incêndio, também recebe atenção especial. Peças etnográficas, fotografias, painéis, músicas e filmes que registram a diversidade e as narrativas dos povos indígenas formam a exposição “Os Primeiros Brasileiros”.

Ela já foi visitada por mais de 250 mil pessoas, tanto no Brasil como no exterior. Em outubro de 2019, o Arquivo Nacional no Rio de Janeiro recebeu a mais recente montagem da exposição, que precisou ser fechada à visitação do público por conta da pandemia de COVID-19.

Uma versão digital da exposição estará brevemente acessível ao público, como mais um resultado da parceria entre a UNESCO e o Museu Nacional.

Entre os instrumentos normativos internacionais da UNESCO, foi aprovada em 2015 a Recomendação referente à Proteção e Promoção dos Museus e Coleções, sua Diversidade e seu Papel na Sociedade.

A Recomendação chama a atenção dos Estados-membros para a importância da proteção e promoção dos museus e coleções, de modo a serem parceiros no desenvolvimento sustentável por meio da preservação e proteção do patrimônio, da proteção e promoção da diversidade cultural, da transmissão do conhecimento científico, do desenvolvimento de políticas educacionais, educação continuada e coesão social, e do desenvolvimento das indústrias criativas e da economia do turismo.

Informação: Nações Unidas 

0 comentários:

Postar um comentário