segunda-feira, 8 de junho de 2020

A semana que passou não foi fácil no Brasil. Universidades, hospitais e o transporte público pararam a vida de milhões de pessoas. Em São Luís as greves de ônibus continuam, infelizmente, e aqui em São Paulo os metroviários pararam apenas um dia, mas o suficiente para deixar a vida de 5 milhões de pessoas um caos.

Não é de hoje que sofremos com greves de transporte público. Para os adultos é aquele transtorno: o emprego fica comprometido, a produção cai, a vida fica atrapalhada, os comerciantes não vendem, as consultas são canceladas, as decisões importantes são adiadas e por aí vai. Para as crianças e adolescentes, no entanto, a greve é um prêmio.

Lembro bem da minha primeira greve de ônibus e o quanto eu vibrei com ela. Foi um verdadeiro acontecimento no alto dos meus 12 anos!

Saí de casa até com vontade de ir para o colégio, mas o mais legal mesmo era ficar nas paradas em meio àquela confusão. Quanto mais o ônibus demorava pra passar, mais gente se aglomerava e mais divertido era. Gritaria, risadas e algazarra era a tônica da viagem e ir pendurada na porta do ônibus foi a primeira grande aventura urbana da minha vida!

Imagino que naquela época, São Luís não devia ter 700 mil habitantes e o clima interiorano ainda rondava a cidade. As paradas eram simples, os ônibus, mesmo com limitações, ainda davam conta da população e o trânsito ainda permitia ir de um lado a outro em 20 minutos.

Nessa greve, rezei e torci muito para que aquela situação se estendesse por mais umas duas semanas para ter mais emoção no dia-a- -dia, mas logo logo a coisa se arrumou e a ida pro colégio voltou a ter horário regrado.

A minha relação com os ônibus sempre foi “muito próxima”. Desde criança tive que me virar com os coletivos. Minha família nunca teve posses para carros e certos confortos, embora minha mãe tenha se esforçado muito para nos dar uma vida digna, mesmo com alguns sacrifícios.

Toda a minha vida escolar, desde o jardim até a faculdade, me desloquei em ônibus e, sem dúvida nenhuma, para os piores roteiros existentes na cidade em suas épocas: o bairro do João Paulo, onde ainda hoje é o colégio Batista e o eixo Itaqui-Bacanga, para o famoso Campus. Foram muitas as passagens entre engraçadas e trágicas nos velhos coletivos.

Já vi brigas entre passageiros e cobradores com direito a bolsadas e tudo. Já escutei um bocado de  cobradores e passageiros. Já vi muito motorista destratando velhinhas, vi também assaltos e furtos e até levei uns safanões de uma aluna do Meng.

Era tempo de JEM’s e quem é da minha época sabe o que significa: a cidade respirava esporte e as torcidas das escolas se organizavam fortemente para dar força aos atletas. Era tão divertido... Foi numa ida para o Castelinho que, sem querer, me meti numa confusão sem tamanho e paguei o pato em nome da torcida do Colégio Batista. Pode?

O fato de ser muito magrinha e pequena na época, deve ter facilitado a escolha da grandalhona para o seu alvo que no caso, era eu! Levei os tais safanões, um puxão de cabelo sem nem saber o motivo e esse fato foi o suficiente para eu me desiludir com os esportes e parar de frequentar torcidas organizadas.

O fato é que no dia dos safanões, desci muito antes do meu destino, de tanto medo da líder da gangue. Fiz o restante do percurso a pé. Do anil até a COHAB!

No dia seguinte, soube que o Batista ganhou o jogo e deu uma vontade danada de passar na cara da lutadora de MMA, mas para a minha sorte, nunca mais a vi!

Texto Originalmente publicado na Edição N° 97 Julho/Agosto 2012 do Jornal Cazumbá

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