domingo, 11 de outubro de 2020

Músico, cantor e compositor.

João Batista do Vale, o João do Vale, nasceu em Pedreira, no Maranhão, em 11 de outubro de 1934. Os pais eram agricultores pobres, e, como muitos jovens pobres, auxiliava nas despesas da casa, vendendo balas, doces e bolos que a mãe fazia. Em torno dos 13 anos de idade, foi para São Luís do Maranhão. As habilidades de compositor já começaram a aparecer nesse período, pois se integrou a um grupo de Bumba Meu Boi, o “Linda Noite”, como “amo” (pessoa que faz os versos).

Em torno dos 15 anos, João do Vale fugiu de casa. Instalou-se em Teresina, onde conseguiu emprego como ajudante de caminhão. Acalentava o sonho de ir para o Rio de Janeiro e vislumbrava todas as possibilidades de atingir seu intento. Um dia, viajou até Salvador e resolveu ficar por lá, por estar mais perto do Rio de Janeiro. Depois de Salvador, foi para Minas Gerais, onde trabalhou como garimpeiro na cidade de Teófilo Otoni. Conseguiu uma reserva de capital e, então, finalmente, foi para o Rio de Janeiro.

João do Vale, no Rio de Janeiro, conseguiu um emprego de pedreiro em Copacabana. Era frequentador assíduo da Rádio Nacional. Objetivava encontrar artistas que aceitassem gravar suas composições. A insistência valeu a pena, pois em 1953 teve a primeira composição gravada por Zé Gonzaga, o baião “Madalena”, que fez muito sucesso no Nordeste. Nesse período, recebeu ajuda de Luiz Vieira, da Rádio Tupi, no desenvolvimento de algumas músicas. Também nesse período, convenceu a cantora Marlene a gravar o baião “Estrela Miúda”, um dos frutos da parceria dele com Luiz Vieira. Com a visibilidade conseguida com a música “Estrela Miúda”, outros cantores, dentre eles Dolores Duran, gravaram músicas de sua autoria. Com o sucesso de suas composições, resolveu deixar o trabalho de pedreiro e dedicar-se exclusivamente à carreira artística.

Em 1954, João do Vale participou como figurante do filme Mão Sangrenta, dirigido por Carlos Hugo Christensen. Nessa época, conheceu o diretor Roberto Farias, que, demonstrando interesse pelo seu trabalho, o convidou para compor a trilha sonora de alguns filmes. Em 1956, Dolores Duran gravou “Na Asa do Vento”, parceria com Luiz Vieira. Música que também seria regravada por Caetano Veloso em 1975 no LP Jóia. Em 1957, Marlene gravou, de sua parceria com Luiz Vieira, o samba “Minha Candeia”. No mesmo ano, Ivon Curi gravou “Pisa na Fulô”, xote de parceria com Silveira Júnior e Ernesto Pires, num dos discos mais vendidos da época.

No final da década de 1950, sua composição “Peba na Pimenta”, em parceria com José Batista e Adelino Rivera, integrou a trilha sonora do filme Rico Ri à Toa, dirigido por Roberto Farias. No início dos anos 1960, a convite do compositor e sambista Zé Kéti, estreou como cantor no bar Zicartola, passando a se apresentar local às sextas-feiras. Por essa época, começou a surgir a ideia de fazer o show “Opinião”. Após se consolidar a ideia do show, recebeu convite de Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha, para fazer a parte nordestina com Zé Kéti comandando a parte de samba. A estreia do show “Opinião” aconteceu em 4 de dezembro de 1964, primeiramente com ele, Zé Keti e Nara Leão, e posteriormente com Maria Bethânia, que eletrizou as plateias, interpretando “Carcará”, música considerada o maior sucesso de sua carreira e um hino contra a ditadura militar da época.

Em 1965, João do Vale lançou o LP O Poeta do Povo, trazendo inúmeras composições já conhecidas e lançando outras. Em 1966, estrelou ao lado de Nélson Cavaquinho e Moreira da Silva o show “A voz do povo”. Em 1969, fez a trilha sonora do filme Meu Nome é Lampião, direção de Mizael Silveira.

No início da década de 1970, Tim Maia gravou e fez bastante sucesso com “Coronel Antônio Bento”, composição de João do Vale em parceria com Luiz Vanderley. Depois de se afastar do meio musical por quase dez anos, lançou em 1973 “Se Eu Tivesse o meu Mundo” (parceria com Paulinho Guimarães). Em 1974, Gilberto Gil gravou no LP Expresso 2222, a música “O Canto da Ema”. Em 1975, João do Vale participou da remontagem do show “Opinião”, no Rio de Janeiro, com Zé Kéti e Marília Medalha, com direção de Bibi Ferreira. Em 1978, passou a apresentar o “Forró forrado”. Entre 1979 e 1980, chegou a percorrer 40 cidades, realizando shows ao lado de Zé Ramalho. Ainda em 1980, participou, ao lado de Chico Buarque e outros artistas, do Projeto Calunga, que realizou inúmeras apresentações em Angola.

Em 1985, participou com Carlinhos Vergueiro do show inaugural do Projeto Pixinguinha Seis e Meia, na Sala Adoniran Barbosa, em São Paulo. Em 1986, participou, ao lado de Maria Bethânia, Zé Kéti, Suzana de Moraes e Marília Medalha, no Teatro Carlos Gomes, do espetáculo de rememoração da montagem do show “Opinião”. Em 1994, Chico Buarque voltou a produzir disco de João do Vale, intitulado João Batista do Vale, que recebeu, no ano seguinte, o Prêmio Sharp de Melhor Disco Regional.

João do Vale faleceu em 6 de dezembro de 1996, no Maranhão. Compositor habilidoso, teve muitos parceiros e dezenas de músicas gravadas, e algumas delas deram popularidade a muitos cantores.

Informação: A cor da Cultura 

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