sábado, 24 de outubro de 2020


Faleceu na madrugada deste sábado, 24, em São Luís, o compositor maranhense Chico da Ladeira, aos 72 anos, por falência múltipla dos órgãos.

Ladeira estava internado há algumas semanas, chegou até apresentar uma leve melhora nas últimas horas, mais acabou falecendo. Seu estado de saúde era grave

De acordo com familiares o velório acontece na sede da Flor do Samba na Rua da Estrela/Desterro, no Centro Histórico de São Luís. 

Chico Samba é autor de vários sambas entre estes, o antológico "Haja Deus", no ano de 1979, feito em parceria com Augusto Tampinha, que é considerado um hino do carnaval maranhense.

A lembrança de Chico da Ladeira 

Por: Augusto Tampinha 

O poeta, amigo e parceiro Chico da Ladeira, foi ao encontro de Deus. Haja saudade para suportar esse vazio que deixa, não só para os amigos, como para a cidade. Com Chico fiz uns 26 sambas para a Flor do Samba, a parceria era um casamento quase perfeito. Ganhamos muitos carnavais, e o Maranhão consagrou o Haja Deus, feito numa noite de janeiro de 1979, aos pés do busto do poeta Odorico Mendes, na praça que leva o nome deste. 

Sobe o parceiro, mas fica a obra. Em mim ficará a lembrança dos muitos momentos em que trabalhamos a arte. Arte que ficará de legado. E para a cidade,  a lembrança do Chico, que a encantou, com o seu jeito simples e o seu talento. Vai em paz parceiro, quando nos encontrarmos por aí, quem sabe faremos outros sambas para alegrar os anjos. Daqui distante vá o meu último adeus, sem lenço branco e sem lágrimas, o nosso ofício foi levar felicidade ao povo.


HAJA DEUS

(O HINO)

GRESS – FLOR DO SAMBA - 1979 

Compositor: Chico da Ladeira e Augusto Tampinha


Haja Deus quanta beleza

A flor do samba vem mostrar

São festejos e motivos

Da cultura popular

Haja Deus...


O amo canta

Uma toada pro guarnicê

Matraca toca boi dançando até o amanhecer

Salve o divino ô salve o Divino, meu imperador

Ao som das caixas pedindo esmola e amor


Meu boi bumbá

Bumba meu boi

Meu cazumbá onde é que foi


O carnaval é a festa maior

Tem colombina ô tem dominó

No jogo do baralho

Quem se espanta é o fofão ôlálá

Chegou cruz-diabo coma lança na mão

Ô ô ô ô ô ô

O negro canta em dialeto

Lá na casa de nagô

Tambou rufou é mina, o terreiro empoeirou


Tambor de criola

Na avenida a tocar

E a negra velha

Sai dançando o pungá


A rabeca dá cadência ao contrapasso

Na baixada o lamento ecôou

São Gonçalo é festa religiosa

Pela-porco de Rosário

Foi a França que exportou


Cavala-canga

Curupira e Perêrê

É tarde eu já vou indo

Vou dançar o lê lê lê

Imagem: Internet

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