quarta-feira, 4 de novembro de 2020

SÃO LUÍS - No último dia 26 de outubro, foi realizada a tradicional premiação das produções audiovisuais do 43º Festival Guarnicê de Cinema. Passada a festa, a Diretora do Departamento de Assuntos Culturais (DAC), vinculada à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC), Li Chang Shuen, reflete sobre as dificuldades e as inovações que a pandemia do novo Coronavírus causou ao festival. Para ela, o Guarnicê precisou se reinventar, rapidamente, para continuar existindo este ano. Confira a entrevista.

Qual o balanço geral da 43ª edição do Festival Guarnicê de Cinema? 

O Festival foi um verdadeiro sucesso. O Festival Guarnicê 2020 teve um público apurado de mais de 7,5 mil acessos, com cerca de 14 mil visualizações em sua plataforma de streaming (site e aplicativo mobile), desenvolvida pela própria universidade. Cerca de 80% dos usuários assistiram aos filmes e votaram pelo aplicativo mobile. Com o formato hibrido (abertura em formato drive in e exibição online das obras selecionadas), o custo médio do festival foi de aproximadamente R$ 13,00 por espectador (a média histórica do festival é de R$60,00). Além de redução de custos, tivemos aumento no alcance e na democratização do acesso ao cinema independente brasileiro. Além do Brasil, a plataforma registrou acessos em outros 20 países (dentre eles Portugal, Argentina, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Itália, Canadá, França, Suécia, Austrália, Líbano, Bolívia, Chile, Guiana Francesa, Irlanda, Moçambique, Nigéria, Peru, Paquistão).  As mostras competitivas com júri popular tiveram participação acima das expectativas. Na competição de curtas maranhenses foram registrados 1.910 votos únicos. Na competitiva de curtas nacionais, foram 1.018 votos únicos. Na competitiva de longas, 663 votos únicos. Em videoclipes maranhenses foram registrados 195 votos únicos. Ou seja: a categoria júri popular registrou números recordes de participação e engajamento.

É possível dizer que a pandemia reinventou o festival? 

De certa forma, sim. Já estávamos planejando algumas mudanças para a edição deste ano, que alterariam substancialmente a cara do festival. Com a pandemia, porém, a reinvenção precisou ser total. O formato de um festival de cinema em sua forma clássica pressupõe sala escura, tela grande, refrigerante, pipoca, interação. Transpor a exibição para telas pessoais, seja de computador, tablete ou celular, representou um grande desafio em termos de experiência para o espectador. É impossível reproduzir a magia da sala do cinema em telas individuais, mas a qualidade sim, e isso nós conseguimos entregar.

O formato online amplia o campo de acesso aos filmes, mas ele diminui o "calor" do festival? 

Muda a forma de fruição dos filmes. Muda a dinâmica de interação que ocorre na fila da pipoca, no pós-filme, a rodinha de conversa sobre as obras. Tudo isso se perde com o online. Por outro lado, ganha a democratização do acesso à cultura. Com a maior circulação das obras, novas dinâmicas de consumo cultural também se criam. Não é um jogo de soma zero, ao contrário: o cinema ganha com mudanças que ajudem a formar novos públicos.

É possível dizer que o Guarnicê, quando a pandemia passar, terá formato híbrido?

Sim. Esse formato veio para ficar. Obviamente, se as condições sanitárias em 2021 permitirem, poderemos aliar nossas queridas salas de cinema à exibição de filmes na palma da mão. Quem não puder estar em São Luís na época do festival poderá participar pelo aplicativo e pelo streaming.

Como ficou a questão do financiamento do Festival? 

O efeito mais cruel da pandemia para o festival foi justamente o financeiro. Com a crise econômica e a suspensão do edital de incentivo à cultura, as empresas ficaram sem caixa para patrocínio cultural e a UFMA, para garantir a realização de um dos maiores e mais antigos festivais de cinema do país, financiou o que foi possível. Foi um festival enxuto do ponto de vista financeiro, pensado para ter redução de custos em todos os aspectos. Só com o desenvolvimento próprio da plataforma de streaming e do aplicativo, por exemplo, economizamos cerca de R$ 150 mil, valor que as empresas que vendem as soluções prontas costumam cobrar. O festival, dessa forma, possibilitou tanto a inovação cultural quanto a inovação tecnológica dentro da universidade.

O Guarnicê é um dos mais antigos festivais do país, mas isso também se reverte em prestígio dos realizadores pelo Festival?

O prestígio é do festival e de quem participa dele. O reconhecimento que a UFMA obtém todos os anos com o Guarnicê é um ativo incomensurável. Este ano, devido ao formato híbrido e com a abertura em cine drive in, recebemos maciça cobertura da mídia, inclusive nacional. Produtores de audiovisual de todo o país parabenizaram a nossa universidade pela ousadia. Os próprios inscritos no Guarnicê demonstraram o quanto nossa marca é forte: ao anunciarmos o festival online, poucos desistiram e retiraram suas obras. Para a equipe de produção, o maior prêmio é saber que em nossa universidade a cultura é valorizada.

Qual foi o panorama das ações formativas que sempre há durante o Festival?

As ações formativas foram ampliadas com as possibilidades oferecidas pelas ferramentas digitais. Além das oficinas, com vagas limitadas, oferecemos masterclasses e webinários abertos ao público. A transmissão ao vivo da cerimônia de abertura alcançou mais de 670 pessoas apenas no canal do festival no Youtube. A de encerramento, mais de 400. Isso sem contar o público que assistiu pela TV UFMA. O público dos masterclasses e webinários foi de 1.200 pessoas e esses números vão aumentar, porque as aulas continuarão em nosso canal no Youtube.

Já se tem algo pensado para o Guarnicê de 2021? 

Sim, mas não podemos dar muitos spoilers. A equipe da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura está trabalhando neste momento em um projeto amplo para o Guarnicê do ano que vem, com a participação das duas diretorias – a de extensão e a de cultura – com a supervisão de nossa pró-reitora Zefinha Bentivi, que deu as linhas gerais que estamos seguindo. Para os próximos anos, o Festival Guarnicê tem tudo para se transformar no mais inovador festival universitário de cinema do país.

Informação: UFMA 

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