segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Na ilha é único lugar que se dança agarradinho.

Por que o Reggae é a música do hora em São Luís e atrai tantos turistas?

Mulher Babaçu desvenda esses segredos.


SÃO LUÍS É A JAMAICA BRASILEIRA 

Considerado Patrimônio Imaterial da UNESCO em 2018, o reggae encontrou, bem antes disso, um segundo lugar para chamar de seu, e ela fica bem distante de sua Jamaica natal: a cidade de São Luís do Maranhão. O gênero chegou à ilha nos anos 1970 e não demorou a se tornar um fenômeno graças à forte influência que exerce na cultura local. Não à toa a cidade ganhou o título de “Jamaica Brasileira”. 

Para selar essa relação, um espaço exclusivamente voltado ao tema, o Museu do Reggae, foi inaugurado em 2018 e é o dedicado ao gênero fora da terra de Bob Marley. A instituição reúne exposições de fotos, homenagens a artistas nacionais e internacionais, discos, feiras e aulas de dança. Mas nem sempre essa relação foi assim amistosa. “O reggae gerou muito preconceito. Ele era visto como algo marginal, muito semelhante ao que ocorre com outras manifestações trazidas pelos descendentes de africanos. O ritmo era visto como um invasor da cultura, um destruidor da identidade maranhense”, explica o antropólogo e professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Carlos Benedito Rodrigues da Silva.

NAS PERIFERIAS

Assim como na Jamaica, foi nas periferias de São Luís que o reggae fincou raízes e construiu a base necessária para se expandir. Além disso, por conta da origem ligada ao rastafári, o reggae jamaicano veio com uma forte influência espiritual, expressando nas letras alegrias e angústias do povo.

Então, não era um movimento de mídia, de rádio, eram as pessoas que tinham os discos. Como despertou o gosto da população, os donos dos clubes e de radiolas começaram a procurá-los também”, completa Carlos.

Essas radiolas (equipamentos de sons potentes similares aos ‘paredões’; o termo vem da junção rádio + vitrola) contribuíram nesse movimento de difusão do gênero e na divulgação das ‘pedras’, como são chamadas no estado as músicas que fazem mais sucesso.

AULAS DE DANÇA NO MUSEU

Com relação a como ele chegou ao estado há mais de uma teoria, como explica o antropólogo: “Algumas pessoas dizem que o reggae chegou com turistas ou com marinheiros que deixavam discos em casas de prostituição como pagamento pelos serviços. Outras dizem que as pessoas começaram a ouvir o ritmo sem saber direito o que era o reggae. E, em algumas regiões da Baixada Maranhense, era possível sintonizar emissoras do Caribe através das ondas curtas. Então, quando o reggae chegou oficialmente já existia uma certa familiaridade com esse ritmo”.  O apelido de Jamaica Brasileira também é cercado de hipóteses. Uma delas atribui ao cantor Jimmy Cliff a responsabilidade da alcunha, enquanto outras atribuem à DJs e até a um processo orgânico, considerando a fama que a cidade adquiriu com o tempo, se tornando uma referência nacional e internacional fora do Caribe.

O local se tornou ponto de encontro para os entusiastas de reggae do Maranhão 

“É difícil dizer de onde veio esse título. Fato é que chamar São Luís de Jamaica Brasileira criou uma polêmica muito grande porque houve resistência em relação ao reggae. Alguns historiadores e certa parte da elite não gostaram muito. São Luís sempre foi conhecida como Atenas brasileira por conta dos poetas do século XX, então algumas pessoas achavam esse título mais importante do que ser a Jamaica brasileira, o que acabou gerando um mal-estar”. Apesar da controvérsia, o reggae se tornou um elemento importante da cultura do estado como um todo, fonte de emprego e renda, além de atrativo turístico de impacto direto e indireto na vida de milhares de pessoas. Passou de gênero musical à movimento social mobilizador e definidor da identidade maranhense, em especial, da identidade de São Luís.  

VOZ DA BABAÇU

Vem cá Kelly, eu danço uma pedrada (música de gênero reggae) é agarradinha com meu pequeno. Aqui amigos o reggae diferencialmente de outras localidades, é dançado aos pares, agarradinho. ADORO, em uma coreografia sensual que mescla movimentos característicos do merengue, bolero e forró.

Os mais apaixonados preferem ouvir o som com os ouvidos bem próximo aos paredões de radiolas, para que possam sentir a vibração das músicas. Pois é assim que eu gosto, me sentindo com meu rosto coladinho no rosto do meu pequeno. É bom demais. Outro dia ouvi o DJ Pedro Sobrinho destacar o palavreado da massa regueira como outra particularidade do ritmo na capital maranhense. É a forma carinhosa como os regueiros chamam a música: pedra”.

“As pedras vão rolar " e " Pedra de responsa" são variantes do termo.

Alguns reggaes são chamados também são denominados "melô, redução da palavra melodia. Assim sugiram o Melô de São Francisco, Melô da Poliana, Melô da Cinderela e Melô da Catiroba. "O Reggae é simples e rico. Simples porque os acordes são simples e a riqueza dele está no conjunto desses acordes e no sentimento que ele provoca nas pessoas", diz Ademar Danilo, Diretor da Casa do Reggae e colecionador de vinis de reggae, jornalista e DJ.) Tô louca para ir num reggae. É só passar essa pandemia. Eita pedrada.

Informação: FaceTubes 

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