domingo, 7 de fevereiro de 2021

Na história do centenário bairro da Liberdade, localizado no centro de São Luís, é latente o contraditório. Como a partir de um Matadouro, vidas foram transformadas e manifestações culturais diversas se fortaleceram dentro da cultura maranhense? O local destinado à matança de animais deu lugar a uma escola. No bairro também cresceu a jogadora de basquete Iziane Castro e por meio do Instituto que leva o seu nome, associado às inúmeras agremiações culturais um trabalho de inclusão social, valorização da história e da cultura, incentivo à geração de emprego e renda é desenvolvido.

Uma dessas parcerias que buscam oportunidades para os moradores da Liberdade foi consolidada recentemente. O maior quilombo urbano das Américas terá uma rota turística com o Pelas Vias da Liberdade. Um projeto entre o instituto da jogadora de basquete Iziane Castro Marques, Via Mundo, escolas públicas e privadas e a Inspirar Inovação & Comunicação. O objetivo é estimular a interação entre estudantes de escolas públicas, privadas e intercambistas, envolvendo representantes das manifestações culturais do bairro.

Para a jogadora de basquete Iziane Castro, essencial é a união, o trabalho em conjunto entre os representantes das agremiações culturais do bairro para conquistar o respeito, o sucesso e o alcance que a história, a cultura e as agremiações da Liberdade merecem. “O projeto é importante porque em momento pandêmico, o Turismo acabou fechando para o mundo e abrindo as portas pra cultura regional. É uma grande oportunidade para o bairro em se colocar como um roteiro regional, nacional e mundial, quando tudo isso passar”.

O diretor da Via Mundo, Antonio Bacelar, aposta na rica e diversa história da Liberdade para despertar a interação entre estudantes de escolas públicas e privadas, envolvendo ainda alunos estrangeiros. “Estamos aqui para conversar com os representantes das manifestações culturais, organizar as oficinas experimentais que fazem parte da história do bairro como produção de indumentárias do bumba-meu-boi, por exemplo. Além de despertar o público em geral para uma nova forma de fazer turismo: o olhar para dentro de sua gente, de sua cultura, de sua cidade conhecendo a história de bairros históricos e importantes como a Liberdade”, complementou.

"Presente na reunião, Andreas Heinrich, diretor e consultor da agência de intercâmbio alemã Xplore."Ele veio conhecer de perto o projeto Perlas Vias da Liberdade e saiu convencido de que será uma experiência muito importante os estudantes alemãs. “Os intercambistas terão oportunidade de aprenderem mais sobre a cultura do país, especialmente, nesse contexto pandêmico onde todos buscam compreender mais uns aos outros e compartilhar a cultura”, afirmou.

Pelas Vias da Liberdade

A juventude, independente da classe social, pode interagir, desenvolver habilidades para a vida e construir um olhar crítico e uma postura ativa ampliando a noção de que todos são protagonistas para a transformação da sociedade. Ações que incentivem e alavanquem a melhoria da autoestima e da motivação em comunidades que apresentam vulnerabilidade social, colaboram, substancialmente, para que a inclusão social ocorra de forma efetiva. Incentivando, assim, o crescimento de cidadãos conscientes dos seus direitos fundamentais que garantam a dignidade humana, enfrentamento ao preconceito racial, a participação democrática na construção de uma cidade melhor, a solução de conflitos oriundos da falta de infraestrutura e políticas públicas além da conscientização, principalmente, por parte das mulheres sobre violência de gênero.

Envolvimento com representantes das manifestações do bairro

A parceria pé importante para a manutenção da nossa história. “Temos um trabalho social e cultural, onde levamos a história do tambor de crioula para as pessoas conhecerem e não deixamos morrer. Já trabalhamos em parceria com a Via Mundo, quando apresentamos a nossa cultura para os grupos de intercambistas aqui em São Luís, explicou o produtor cultural Nascimento, do Maracrioula.

Presente também na região, representantes da Produtora Novo Quilombo. Para Alberto da Liberdade, “não existe lugar melhor. É o meu lugar, é onde minha família e amigos de quilombo moram. Temos que preservar essa identidade”, disse.  

A representante do Boi e Tambor de Leonardo, Regina Avelar, acredita que o Pelas Vias da Liberdade é uma forma de resistência a continuar contando a história do Boi do sotaque de Zabumba. “Percebo que na temporada junina, o boi do sotaque de zabumba é pouco chamado. Projetos como esses fortalecem a cultura e ajuda a divulgar essa manifestação cultural”, afirmou. 

A representante do Magnifico Novilho Branco, Fernanda Carvalho, falou da importância do envolvimento de crianças e adolescentes nas manifestações para não deixar morrer a tradição. “Me orgulho de nos iniciarmos o trabalho com crianças na comunidade por meio do Boi Mirim. A Liberdade é um celeiro cultural  culturalmente e um bairro completo”, enfatizou.

Entre os objetivos do Pelas Vias das Liberdade

· Criar ambiente para que a comunidade da Liberdade possa contar sua própria história por meio das oficinas culturais;

· Incentivar nos alunos visitantes do bairro da Liberdade, a busca por um maior conhecimento sobre a história da cidade onde vivem, passando a frequentar bairros históricos e periféricos, quebrando o preconceito, fortalecendo a questão de que todos são iguais e passando também a frequentar o bairro;

· Despertar nas crianças e adolescentes, principalmente, nos moradores, o sentimento de pertencimento e ao mesmo tempo acolhedor aos visitantes dos bairros vizinhos dentro da Grande São Luís;

Bairro da Liberdade

É um bairro com mais de cem anos com muita história e tradição cultural. A maioria dos moradores é de origem de matriz africana, vindos da Baixada Maranhense. Várias atividades culturais, originárias do bairro sãos atrativos do São João do Maranhão. Entre elas: Boi de Seu Leonardo (Boi da Liberdade), Boi de Seu Apolônio (Boi da Floresta), tambores de crioula, festa do Divino, além dos grupos e artistas do segmento do reggae, blocos tradicionais, casas de culto afro, entre outros.

Informação: Assessoria de Comunicação

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