terça-feira, 27 de abril de 2021

Reforma estabeleceu no SESI mudança de paradigma e aluno se tornou protagonista do processo de aprendizagem 

SÃO LUÍS - Quando se fala em ensino médio, quais lembranças vêm à mente? Muitas matérias e provas, conteúdos que não dialogavam com a realidade, uma cobrança por boas notas e a necessidade de decisões de vida e de carreira para as quais ainda não se sentia preparado? 

A chave virou em 2019, quando os estudantes maranhenses entraram no projeto piloto do Novo Ensino Médio do Serviço Social da Indústria (SESI) do Maranhão. Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o SESI foi o primeiro, no Brasil, ainda, em 2018, a implementar as mudanças previstas na Lei 13.415/2017. 

Uma aprendizagem focada na formação de cidadãos e no desenvolvimento de competências e habilidades, com disciplinas integradas em quatro áreas do conhecimento, é a grande transformação que a reforma pretende promover em sala de aula e nos estudantes.  

As redes de ensino pública e privada têm até o ano que vem, 2022, para começar a implantar o modelo. Um processo que exige coordenação e sensibilização de toda a comunidade escolar. Nos três anos do ensino médio, até 1800 horas são dedicadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento normativo que garante as aprendizagens essenciais à formação para todos; e no mínimo 1200 horas aos itinerários formativos, de escolha do aluno - 60% para BNCC e 40% no projeto piloto do SESI e SENAI. 

Foram muitas as justificativas para reformular a última etapa da educação básica: um ensino de baixa qualidade, generalista, com número excessivo de disciplinas, alto índice de evasão e de reprovação e distante das necessidades dos estudantes e dos problemas do mundo contemporâneo. 

“Os milhares de jovens que não ingressam no ensino superior quando terminam a escola precisam entrar no mercado de trabalho. Ou porque já querem seguir uma carreira ou porque precisam juntar dinheiro para pagar a faculdade. Mas eles não têm as competências necessárias para exercer uma profissão. Com a formação profissional e técnica prevista no itinerário, conseguimos dar oportunidade para esses estudantes”, defende o superintendente do SESI-MA, Diogo Lima.  

AUTONOMIA PARA ESCOLHER ITINERÁRIOS - Na rede SESI, que já tem tradição com a Metodologia STEAM – sigla para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes/Design e Matemática – são contemplados três itinerários: Matemática, Ciências da Natureza e a Formação Técnica e Profissional, oferecida em parceria com o SENAI. 

Cada Departamento Regional (DR) tem autonomia para oferecer o itinerário e os cursos técnicos de acordo com a realidade local. Na terceira reportagem do especial [link], mostramos como a rede SESI ampliou a oferta do Novo Ensino Médio e qual o alcance hoje. 

Essa é uma etapa decisiva na vida dos alunos, não só pela escolha de que curso ou profissão seguir, mas pela formação pessoal. Uma fase de dúvidas, descobertas e mudanças, que vem carregada de expectativas de si mesmo, dos colegas, pais e professores. 

A EXPERIÊNCIA PIONEIRA DO NOVO ENSINO MÉDIO - Alunos, pais, docentes e coordenadores pedagógicos do SESI Maranhão têm muita história para contar. Vivências e aprendizados que resultaram da inovação em sala de aula promovida pelo Serviço Social da Indústria (SESI) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) com a implementação da Lei 13.415/2017. 

Ao longo dos últimos 3 anos, mais de 600 alunos ingressaram no Novo Ensino Médio ofertado pela Rede SESI de Educação, no Maranhão, nas escolas do SESI implantadas em São Luís e em Imperatriz. Esses alunos ingressaram no Itinerário V, de Formação Técnica e Profissional (FTP), e o curso técnico escolhido foi o de eletrotécnica, pela transversalidade e demanda do mercado de trabalho. 

Ana Beatriz Silva Ribeiro, que cursa o terceiro ano do Ensino Médio no SESI de Imperatriz essa nova metodologia traz muito mais benefícios para o aluno. “Eu venho de uma experiência tradicional onde o professor dava aula, passava provas e notas.  Quando cheguei na escola no primeiro ano do ensino médio e me deparei com esse novo estilo eu fiquei meio desnorteada porque percebi que não sabia estudar. O novo ensino médio traz a comunicação, a informação, tudo que a gente não tinha no velho ensino médio. A gente tinha uma educação passiva. Agora temos que pesquisar, e eu acho bem legal. Para tudo o que você não souber, pesquisar é a melhor opção. Há um debate maior e interação pelos conteúdos apresentados pelos professores e isso abre a nossa mente para ter uma vivência maior do mundo e do mercado de trabalho”, conta Ana Beatriz.  

Para a aluna Antônia Iolanda, do SESI de Imperatriz, a experiência de ser protagonista do aprendizado é diferente. “Percebo que o aluno é o protagonista, onde ele busca mais, pesquisa mais, inova mais, e o professor está ali como um mediador para auxiliar nessa nova jornada. 

“O fato de ter liberdade para pesquisar e aprofundar os assuntos abordados pelo professor demonstra o meu potencial como aluno e traz uma nova maneira de aprender para mim”, disse o aluno João Antônio Marinho, do SESI de Imperatriz que não esconde que no começo a adaptação foi difícil.   

Andrei Vinicius, aluno do SESI em São Luís, destaca que no novo ensino médio, as aulas passam de expositivas para mais práticas. “O aluno é quem vai em buscar do conhecimento, e vão surgir as dúvidas e nessas dúvidas é que entra o professor. Esse novo ensino me proporcionou criar o hábito de estudar diariamente, e ir em busca do conhecimento”, disse Andrei.  

PAIS VEEM MUDANÇAS NOS JOVENS – A mãe de alunos do SESI de Imperatriz, Maria Jucineia Brito de Carvalho, se orgulha não só da autonomia conquistada pelos filhos, mas também do amadurecimento pessoal. 

“Percebo que com o novo ensino médio, o aluno tem que se empenhar mais, correr atrás do conhecimento.  Eu só tenho a agradecer pois já tenho uma filha aprovada na UFMA, que agarrou a oportunidade e agora meu outro filho que vem se identificando com os estudos e se dedicando cada vez mais”, destaca Jucineia. 

Para a senhora Ângela Sousa Costa, que tem um filho no 3º ano do novo ensino médio no SESI e estuda desde a educação infantil, o diferencial é o protagonismo do aluno. “O SESI em Imperatriz é pioneiro na adoção dessa metodologia. Percebo no meu filho a descoberta da pesquisa e sou muito grata ao SESI por isso”, descreve Ângela.  

PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO CONJUNTO PARA INTEGRAÇÃO DAS DISCIPLINAS - Se, para os alunos, a nova dinâmica da sala de aula, com conteúdo integrados, trabalhos em grupo, projetos de inovação e feiras científicas, despertou mais o interesse; para os docentes, foi um grande desafio. 

O professor Ricardo Lucena, do SESI de Imperatriz destaca que a experiência está sendo bem proveitosa com o novo ensino médio.  “Temos uma educação de forma mais aprofundada do processo de ensino aprendizagem que aliadas as metodologias ativas de ensino possibilitam uma rica aprendizagem e troca de experiências com os alunos. Também nos permite uma interação aprofundada com o mundo em que vivemos. A atualização dos materiais didáticos que focam em momentos em que os alunos estão vivendo no cotidiano, os deixam mais motivados e tudo isso se torna um ganho para os professores e pincipalmente para os alunos”, enfatiza o professor que explica que, em vez de começarem o planejamento pensando em qual conteúdo será abordado, eles partem das habilidades e competências listadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “E essa habilidade começa com um verbo, como analisar o impacto ambiental em determinada região”, exemplifica o professor, destacando que está sendo um grande aprendizado e, pelos resultados, “a gente percebe que esse é o formato que a gente espera para a educação do nosso país”, conclui Lucena. 

Para o professor Daniel Vinicius, da Escola SESI de São Luís, o novo ensino médio traz para o Brasil um novo conceito de educação. “Traz uma educação com base em problemas, a aprendizagem baseada em problemas. Nós professores de língua portuguesa, por exemplo, trazemos oficinas tecnológicas em língua portuguesa para fazer o aluno ser esse protagonista do conhecimento, com currículo inovador e contextualizado.   O aluno é um ator de sua realidade não só um contemplador!”, destaca o professor. 

ENSINO TÉCNICO E CONSTRUTIVO - Como o Itinerário V é ofertado em parceria com o SENAI, os docentes dos cursos técnicos também são chamados para planejar as atividades. “O SENAI já utiliza uma metodologia própria, que trabalha com áreas de conhecimento por meio de projetos. Mas integrar a educação básica com a educação profissional sempre foi um desafio, a exemplo do EBEP [Educação Básica articulada com a Educação Profissional]”, reconhece Lucena.  

Na visão da coordenadora de Educação do SESI do Maranhão, Vanda Marli, a reforma do ensino médio permite - e incentiva - que a escola seja não só um local de transferência de conhecimento, do professor para o estudante, mas sim um ambiente para o aluno escrever a própria história e repensar e discutir conceitos. 

“Enxergar a área de conhecimento e não somente o componente curricular foi uma ruptura de paradigma, que nos permitiu, e permite, ir além do que imaginávamos.  Os professores não atingiriam marcos tão importantes no desenvolvimento de seu trabalho se estivessem fechados em seus componentes curriculares”, acredita Vanda que destacou ainda que em 2019, o SESI-MA implantou o Novo Ensino Médio ofertando curso na Área industrial de Energia com habilitação Profissional de Técnico em Eletrotécnica, nas escolas de São Luís e imperatriz.  

Segundo a coordenadora, em 2020, o SESI do Maranhão continuou a oferta do Curso Técnico em Eletrotécnica na Escola SESI Imperatriz. Em São Luís, além de continuar a oferta do Curso Técnico em Eletrotécnica, ampliou o Itinerário V com a oferta do Curso de Redes de Computadores e implantou o Itinerário de Ciências da Natureza e suas Tecnologias.  

Já em 2021 na Escola SESI de Imperatriz continuou-se com a oferta do Curso Técnico em Eletrotécnica. Na Escola SESI de São Luís, além de continuarmos com a oferta dos Cursos Técnicos em Eletrotécnica e Redes, da oferta do Itinerário de Ciências da Natureza, implantando ainda mais um Itinerário: Matemática e suas Tecnologias 

obs: FOTOS DE ARQUIVO - TIRADAS ANTES DA PANDEMIA

Informação: Fiema 

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