sábado, 10 de julho de 2021

por Anderson Lindoso*

A leitura é um importante mecanismo de descoberta do mundo e precisa ser universal. Quando ensinamos e cultivamos a leitura, abrimos portas para um mundo inteiro no qual não há fronteiras e barreiras. Somos transportados para um local cheio de saberes e conhecimentos diversos que está em nossas mãos.

Lembro-me de um dos mais emocionantes eventos que participei enquanto secretário adjunto da secretaria de estado da educação no município de Água Doce do Maranhão. Tratava-se da formação de uma das etapas do programa de alfabetização “Sim, eu posso!”, organizado em parceria com o Movimento do Trabalhadores Sem Terra. Lá, inspirado por ouvir e aprender sempre com os discursos, aulas e palestras que já tinha presenciado do Governador Flávio Dino e do Secretário Felipe Camarão, falei sobre como o Programa “Sim, eu posso!” retirava a venda do analfabetismo das pessoas, abrindo os olhos delas para uma realidade completamente diferente dentro do mesmo mundo em que elas viviam.

Por tudo isso, friso a importância de um programa consolidado como a Rede Pública de Bibliotecas do Maranhão que, além de organizar e integrar bibliotecas, tem por missão a expansão desse serviço público com a criação e recuperação de espaços que estavam abandonados e hoje são casas de saberes.

Conhecendo esse programa, Cirilo José Campelo Arruda, vianense nascido no povoado de Estrada de Rafael e erradicado no município de Lago Pedra, veio a São Luís e solicitou a reforma do Farol do Saber desse município. Cirilo, que da infância pobre deixou o Maranhão com destino a Manaus para formar-se filósofo e de lá voltar a suas origens como um grande empreendedor industrial, foi, durante anos, dirigente sindical e vice-presidente da Federação das Indústrias do Maranhão.

Durante toda sua militância, dedicou-se a levar ações de educação, cultura e saúde para Lago da Pedra, seja com o apoio de entidades empresariais ou governamentais. Foram inúmeras ações e trabalho dedicado neste importante município maranhense. Foi presidente do Colégio São Francisco de Assis tendo levado diversos cursos profissionalizantes para beneficiar a população da região.

Amante da leitura e defensor de uma educação para todos, ajudou a implementar a indústria do conhecimento e diversas outras ações para dar ao povo da região. Sabia ele, por ter vivido isso, que a educação muda a história e os caminhos de uma família.

Hoje, dezenas de famílias lagopedrenses têm sua renda graças aos diversos cursos que Cirilo Arruda com todo seu esforço e desenvoltura, sendo alguém de caráter e trabalho suprapartidário, conseguiu para formar os cidadãos daquele município.

Trabalho e vida que são reconhecidos por todos que lá hoje vivem. Aquele menino de 14 anos que deixou o Maranhão para morar com os tios em Manaus, foi o primeiro filho que ajudou financeiramente a mãe, que se formou em Filosofia e Teologia, voltou ao seu estado natal a convite do irmão mais velho, fez história em Lago da Pedra, deixou um grande legado, infelizmente nos deixou ao perder a batalha para a Covid–19, no dia 10 de março deste ano, há exatos quatro meses.

Em homenagem a toda essa história que será carregada por sua viúva, Ledir, seus filhos, Filipe e Karen, e suas netas, Flávia e Laura, o Farol do Saber de Lago da Pedra recebeu seu nome no último dia 24/06 e, assim, Cirilo Arruda poderá continuar inspirando e formando as futuras gerações daquele município.

Tenho a honrosa missão de continuar esse legado por meio da minha filha Flávia, que carrega o sangue do avô Cirilo e que, certamente, será uma guerreira e conhecerá o legado do avô para que se inspire em um grande maranhense que conquistou a vida ao estudar e nunca se negou a ajudar os que mais precisam!

Viva a Cultura! Viva a Educação! Cirilo Arruda, sempre, presente!

Informação: Cultura.MA 

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