domingo, 29 de agosto de 2021


Na entrega do 7º Mural da Memória do Projeto "Amo, Poeta e Cantador", alguns integrantes do Bumba meu Boi "Nossa União" de São Cristóvão, do município de Viana, fizeram uma breve apresentação na Praça Duque de Caxias, em frente ao mural, no final da tarde do último dia 26, para homenagear o seu grande líder e mestre Diomar Leite, fundador da brincadeira.

O mural em homenagem a Diomar Leite foi um grande presente para a comunidade de São Cristóvão e para a cidade de Viana, que o considera não só um excelente mestre e incentivador do Bumba meu Boi e da cultura do estado do Maranhão, mas um exemplo de ser humano a ser seguido - assegura a atual coordenadora geral do Boi "Nossa União" de São Cristóvão, Ana Selma Soeiro.

"Ele faleceu aos 86 anos, no dia 18 de setembro de 2010, deixando um grande legado, não só para a cultura, mas para sua família e toda a comunidade de São Cristóvão. Legado este que fala de honra, integridade e grande ensinamento moral", diz Ana Selma.

Diomar Leite nasceu em 17 de maio de 1924, época em que a brincadeira de Bumba Boi era restrita ao quilombo de São Cristóvão. Mais de um século se passou, até que a brincadeira ficou paralisada por alguns anos, reacendendo em 1992 com força total, sob o comando do mestre Diomar. O Boi "Nossa União" de São Cristóvão ganha, então, os arraiais do Maranhão e do mundo, pois até um Portugal a 'cria' de Diomar fez história.

Após a morte de Diomar, o seu primo e grande amigo José Manoel Sousa, o popular 'Baeco', cantador de toadas e um dos organizadores locais da brincadeira, assume totalmente a direção. Contudo, problemas de saúde o obrigam, aos poucos, desde 2010, a preparar Ana Selma Soeiro para o comando do grupo. É ela que, de uns três anos pra cá, atua como presidente do Boi "Nossa União", sob o cargo de Coordenadora Geral.

"Baeco", hoje, aos 79 anos, só dá "uns pitacos, de vez em quando", como ele mesmo fala, pois é Ana Selma que resolve todas as questões relativas ao Boi. Ela, no entanto, diz que são muitas as dificuldades que tem enfrentado para manter não só a brincadeira funcionando, mas até mesmo o ânimo dos brincantes, depois da morte de Diomar e a saúde agravada de Baeco:

"Uma delas é por ser mulher. Somos parte de uma comunidade quilombola tradicional, com costumes seculares, e muitos homens têm dificuldades de aceitar o comando feminino. Também já não temos doações ou investimentos públicos ou privados para manter a brincadeira, o que só se agravou com a pandemia a partir de 2020", relata Ana Selma.

Mas, mesmo com todas essas dificuldades, alguns brincantes fizeram questão de se apresentar em frente ao mural, na Praça Duque de Caxias, ou Praça da Família, no Centro Histórico de Viana, como forma de agradecer e homenagear seu grande mestre e tutor Diomar Leite. E, após quatro dias em Viana, a equipe do "Amo, Poeta e Cantador", sob o comando do artista Gil Leros, segue agora para Barreirinhas, para homenagear o mestre Coxinho.

Bartolomeu dos Santos, o saudoso 'Coxinho', é considerado por pesquisadores e estudiosos da cultura popular maranhense como o maior cantador de Bumba meu Boi do Estado. Ele nasceu em 24 de agosto de 1910, em Lapela, povoado de Vitória do Mearim, e morreu em São Luís, no dia 03 de abril de 1991, pouco antes de completar 81 anos.

O famoso fundador e amo do Boi de Pindaré foi uma das maiores vozes do Bumba meu Boi no Sotaque da Baixada, pelo qual se dedicou por 30 anos. Se estivesse vivo, estaria completando 111 anos.

A construção de grandes 'Murais da Memória', e também de um documentário, em homenagem a personalidades que marcaram a história do Bumba meu Boi do Maranhão é uma idealização do artista plástico Gil Leros em parceria com o Bumba Boi da Floresta de Apolônio Melônio, e conta com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Benfeitoria e do SITAWI Finanças do Bem.

Informação: Assessoria de Comunicação

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