quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Estudo mostra que a vacinação para Covid fornece proteção eficaz contra o aumento do risco de complicações na gravidez


A rede global liderada pelo Instituto de Saúde Materna e Perinatal de Oxford (OMPHI) da Universidade de Oxford publicou hoje, 18, na revista The Lancet, os resultados do estudo multicêntrico INTERCOVID realizado em 41 hospitais em 18 países, incluindo o Brasil, onde o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA/Ebserh/MEC) foi o único participante.

O estudo é coordenado por pesquisadores da área perinatal da Universidade de Oxford e avaliou o impacto da variante Omicron Covid-19 em resultados maternos e neonatais, fornecendo informações robustas e baseadas em evidências sobre seus efeitos na gravidez. Ele evidenciou o risco aumentado de formas graves da Covid-19 para mulheres grávidas infectadas e sintomáticas, com SARS-CoV-2.

Os pesquisadores estudaram 1.545 gestantes com diagnóstico da variante e 3.073 mulheres grávidas concomitantes, não diagnosticadas, como controles. A pesquisa foi realizada entre 27 de novembro de 2021 e 30 de junho de 2022, período durante o qual a Omicron era a variante preocupante. Como conclusão, os pesquisadores identificaram que a variante Omicron durante a gravidez foi associada a riscos aumentados de morbidade materna, complicações graves na gravidez e internação hospitalar, especialmente entre mulheres sintomáticas e não vacinadas.

Em particular, o risco de pré-eclâmpsia foi maior entre as mulheres com sintomas graves. Mulheres obesas/com sobrepeso, com sintomas graves apresentaram maior risco de complicações graves. Já as mulheres vacinadas ficaram bem protegidas contra sintomas graves de Covid-19 e contra complicações, além de risco muito baixo de admissão em unidade de terapia intensiva. A prevenção de sintomas graves do Covid-19 e complicações, exigem que as mulheres sejam completamente vacinadas, de preferência também com dose de reforço.

O professor de Medicina Perinatal na Universidade de Oxford, José Villar, um dos pesquisadores que co-liderou o estudo, falou sobre alguns achados. “Preocupa bastante o fato dos graves sintomas da doença ocorreram em 4% a 7% das mulheres não vacinadas diagnosticadas com a variante Omicron durante a gravidez. Desta forma, o estudo indica claramente a necessidade de completar o esquema de vacinação durante a gravidez, de preferência com um reforço, para fornecer proteção por pelo menos 10 meses após a última dose. Os serviços pré-natais em todo o mundo devem esforçar-se para incluir a vacinação contra a COVID-19 na rotina de atendimento às gestantes.

Já o professor de Medicina Fetal da Universidade de Oxford, Aris Papageorghiou, alerta sobre os riscos de gestantes não vacinarem. “Embora a variante Omicron possa ser menos prejudicial do que as variantes anteriores na população em geral, a grande proporção de mulheres grávidas não vacinadas em todo o mundo ainda correm grande risco. Como é impossível prever quem desenvolverá sintomas ou complicações, é necessária a vacinação completa universal. Infelizmente, a cobertura vacinal entre gestantes ainda é inadequada mesmo em países desenvolvidos. ”

O professor de Medicina Reprodutiva da Universidade de Oxford, Stephen Kennedy,  ressaltou a importância da pesquisa. “O presente estudo é um exemplo brilhante de quão bem coordenada, a pesquisa multinacional colaborativa pode, em muito pouco tempo, fornecer evidências robustas para melhorar a saúde de mães e bebês em todo o mundo.”.

A pesquisadora do HU-UFMA, Marynéa Vale, destacou a relevância da publicação. “Dados do Ministério da Saúde apontam que a mortalidade materna no Brasil registra que as mortes relacionadas a complicações no parto, gravidez e puerpério em relação aos nascidos vivos, aumentou 94% durante a pandemia da Covid-19, o que nos fez retroceder a níveis de duas décadas atrás. Importante ainda reforçar a conclusão do estudo sobre a proteção eficaz que a vacinação fornece, contra o aumento do risco de complicações na gravidez.

Saiba mais:

A Divisão de Ciências Médicas da Universidade de Oxford, classificada como a melhor do mundo em medicina e ciências da vida, é uma das maiores empresas de pesquisa biomédica na Europa e possui um dos maiores portfólios de ensaios clínicos no Reino Unido, com grande experiência em levar descobertas do laboratório para a clínica.

No Brasil, o estudo foi desenvolvido no HU-UFMA, tendo como pesquisadora principal a médica neonatologista, Marynéa Vale, em conjunto com as médicas neonatologistas, Patrícia Franco Marques, Silvia Helena Sousa e Gabriella Martins, e as enfermeiras Ana Cláudia Garcia Marques e Rebeca Aranha Arrais.

Confira na íntegra a publicação no link abaixo:

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(22)02467-9/fulltext

Informação: HU-UFMA 

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