domingo, 5 de fevereiro de 2023
Em vez de tentar encontrar o motivo das suas palpitações, é melhor só deixar sentir. no fundo, nunca saberemos se "existe razão nas coisas feito pelo coração".

Eduardo e Mônica

(Imagem: GloboPlay / Reprodução)

"Eduardo e Mônica era nada parecido
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
De Van Gogh e dos Mutantes
De Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão

E, mesmo com tudo diferente
Veio meio de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia
Como tinha de ser..."


Ao cantar que “não há razão nas coisas feitas pelo coração”, Renato Russo acabou criando dois dos personagens mais famosos da música brasileira — e que podem representar a história de muita gente.

• Gostando de filmes do Goddard, astrologia, ou futebol de botão, a referência aqui é só um reforço para a famosa ideia de que os opostos de atraem.

Ao idealizar a pessoa perfeita, muita gente busca características que já possui. Reza e pede pro universo a companhia que vai acompanhar no surf, ou o amor que vai querer discutir toda a obra de Sêneca no domingo à noite.

Acontece que, muitas coisas que julgamos essenciais, são negociáveis. Dá pra assistir filme cult em um dia, e BBB no outro. Viajar de “mochilão” em julho, e pegar um hotel 5 em estrelas em janeio.

Tá… Essa é a parte bonita e fácil da história, mas e quando a paixão passa? Indo além dos versos de “Eduardo e Mônica”, o que fazer quando caímos na rotina? Será que, nessas horas, só o amor é suficiente?

• Essa consciência dolorosa chega quase sem pedir licença, e mostra que tudo que era romantizado no começo, pode virar motivo de ruptura no final.

Seja em 2023, ou em 1986, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, a vida acaba exigindo sintonia das decisões que tomamos. Mas, nessas horas, o que pesa mesmo não são os gostos em comum — mas a vontade de fazer dar certo.

Em vez de procurar um espelho, talvez seja melhor aproveitar as nuances e mergulhar no mundo do outro. Aí, se “mesmo com tudo diferente, der vontade de se ver”, é só usar a razão para cultivar as “coisas feitas pelo coração”.

Juntos-juntos

(BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL)

(Imagem: Reprodução / Internet)

Cariocas, 
Bruno e Ana já estavam juntos há um tempo. Não juntos-juntos, mas juntos. Todos os amigos já consideravam eles um casal, apesar de nada ter sido oficializado.

• O clima no ar estava instalado, mas só se concretizou em uma viagem de amigos. Entre um olhar e uma conversa despretensiosa, o beijo aconteceu. 


Era pra ser só um beijo, mas todo sábado dava aquela vontade de “quero mais”. E, a cada coisa que acontecia durante a semana, o Bruno só queria saber da opinião da Ana.

Eram diálogos profundos e muita conversa jogada fora. Afinal, como já dizia Rubem Alves, “não existe amor que sobreviva só de sentimentos, sem a conversa mansa”

Todo mundo sabia que era só questão de tempo para o casal se oficializar, mas o Bruno relutava. Como tinha acabado de passar no vestibular em São Paulo, não estava no momento para entrar em um relacionamento.

• A Ana, por outro lado, estava certa de que não dar o próximo passo seria o mesmo de assumir o fim. 

Ainda assim, eles ignoraram o futuro, e continuaram se curtindo. Até tentaram ir com calma, mas o mundo dos dois era muito mais gostoso do que qualquer novidade que existia no mundo lá fora.

No auge dos seus 18 anos, todo final de semana tinha uma festinha diferente. Eles adoravam curtir com os amigos, mas sempre acabavam a noite naquele desfecho de “só os dois”.

Em seu último dia no Rio de Janeiro, o Bruno convidou a Ana para ir ao cinema assistir Eduardo e Mônica.

Ele não gostava de futebol de botão, e nem ela de astrologia, mas a história dos dois personagens, tentando conviver com suas diferenças e distância, de certa forma, combinou com o momento que viviam.

• Em uma cena do filme, a Mônica disse que enxergava ela e o Eduardo no futuro, seja como for…

… Bruno pegou a deixa e, assim que as luzes se acenderem, olhou nos olhos de Ana e disse que queria os dois juntos — seja como for.

Ana, meio desconfiada do que aquilo significava, perguntou o que ele queria dizer com essa frase. Bruno só precisou responder com outra pergunta: “Quer namorar comigo?”

Nem ela sabia direito como seria, mas seu coração respondeu que “sim”. Depois do cinema, o pós do casal — junto-junto — foi tomando um milkshake do Mc Donald’s. Do jeito deles, sem firulas.

• Durante o último ano, os dois passaram a organizar calendário dos finais de semana — “você vem nesse; eu vou nesse; vou nesses dois aqui”.

O tempo longe não foi fácil, mas agora não existe mais distância. Em 2023, o Bruno passou no vestibular novamente. Só que, dessa vez, na faculdade da Ana, no Rio de Janeiro.

Há exatamente um ano, os dois estavam em uma sala de cinema, com uma indecisão no peito. Hoje, eles comemoram a certeza e sabem que têm sorte — já encontraram o que muitos passam a vida inteira procurando.

Reprodução; stories

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