domingo, 16 de abril de 2023
O amor é urgente
Você vive aguardando a "hora certa" para fazer as coisas acontecerem? às vezes, é bom ficar atento: até o amor pode cansar de esperar.
(The Notebook / Copia / Reprodução)
Não te fies do tempo nem da eternidade,
que as nuvens me puxam pelos vestidos
que os ventos me arrastam contra o meu desejo!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te vejo!
Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime,
o lábio, limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te escuto!
Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo…
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te digo…
O poema é obra da Cecília Meireles, primeira voz feminina de grande expressão na literatura brasileira. Embora mais conhecida como poetisa, ela também se aventurou por contos e pela literatura infantil.
Retratando temas como o amor e a solidão, a autora frequentemente usava de elementos como o vento, a água e o mar para darem vida aos sentimentos que palpitam no coração.
• Inclusive, no poema acima, vemos isso na composição dos versos ardentes e desesperados, que fazem uma ode à urgência do amor.
Enquanto Mário Quintana prefere “amar baixinho” e Lulu Santos canta que “se amanhã não for nada disso, caberá só a ele esquecer”, Cecília Meireles quer que o amor se apresse.
Para quem já se desacostumou ao frio na barriga, essa urgência pode até parecer exagero, mas existe sensação mais gostosa do que morrer de amor e continuar vivendo?
Para aumentar ainda mais o tom dramático, ela justifica o desespero afirmando que “amanhã ela morre”, mas sabemos que existe um fundo de verdade aí: o futuro é realmente incerto.
Amanhã você pode morrer, mas também pode conhecer outra pessoa, mudar de cidade ou acabar se casando com quem tanto pede urgência. De um jeito ou de outro, se o sentimento for real, vale a pena seguir o conselho da Cecília: “apressa-te amor”.
(BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL)
Sabe a expressão "se Maomé não vai a montanha, a montanha vai até Maomé?". Em 2014, quando o Daniel viu a Débora abrindo a porta do setor onde ele trabalhava, foi assim que aconteceu.
• Na mesma hora, perguntou ao seu colega se ela era casada. Depois de ver que não tinha aliança, ele nem pestanejou: “vou me casar com ela”.
Já pra Débora, o amor não foi tão à primeira vista. O “menino do andar de cima” usava tênis de mola e contou que queria rebaixar o carro — mas era educado e parecia ter um bom coração.
Sua mãe falou que o que fica por fora, a gente consegue ajustar com carinho. Mas o que vem de dentro não. Foi o suficiente pra ela dar uma chance.
No primeiro encontro, a conversa foi clara e os dois já falaram que não namoravam pra brincar. Eles tinham apenas 18 anos, mas fazer o quê se já nasceram com alma de 80?
• Dizem que um encontro é muito pouco pra conhecer alguém, mas, assim como Paulo Leminski, eles acreditavam que “amar também pode ser coisa de minutos”.
O Daniel é um cara terra, pé no chão e de poucas palavras. A Débora é fogo, sonhadora e comunicativa. Apesar das diferenças, o que importava era comum: seus valores e visões de mundo.
Assim, desde que resolveram seguir o mesmo caminho, sabiam que ficaria tudo bem. Os dois tinham passados difíceis, mas partilhavam de sonhos e muita vontade de fazer acontecer.
E assim foi. Em uma manhã iluminada de 2017, os dois trocaram alianças. Todos diziam que eles “ainda tinham muita vida pra aproveitar”, mas a verdade é que a vida ficava ainda mais bonita quando estavam juntos.
Além dos amigos, seus familiares também insinuaram que “estava cedo demais pra casar”, mas a Débora e o Daniel fizeram o que fazem de melhor: não ligaram. Acreditaram neles e isso bastava.
• Reformaram uma casa antiga da família de cabo a rabo, com todo o dinheiro que tinham, uma pitada de criatividade e muito amor.
Nesse meio tempo, se formaram em administração, juntos. A Débora fazia todos os trabalhos, menos os de exatas — que ficavam por conta do Daniel e de um amigo que estudava com eles.
Em 4 anos, a Débora foi de estagiária até gestora de projetos, virou bilíngue e fez um MBA. O Daniel passou de gerente de produção à gerente geral, e eles espremeram o orçamento para crescerem juntos.
Viajaram muito. Aprenderam a cozinhar e até criaram um Instagram de gastronomia. Fizeram amigos para a vida. Venceram traumas. Foram — e continuam sendo — casa um para o outro.
• Depois de seis anos casados, a Débora tem certeza que esse compromisso é coisa de gente grande. Mas eles sempre foram, mesmo pequenos.
Agora, ele usa tênis muito legais e o carro que dividem não é rebaixado. A Débora aprendeu a falar com mais sabedoria e firmar os pés no chão, enquanto o Daniel ficou mais comunicativo e começou a sonhar.
Tem gente que prefere jogar pro universo e acreditar que a “hora certa um dia chega”, mas os dois preferem pensar como Cecília Meireles, e apressar o amor que é urgente.
Na montanha russa da vida, a Débora acredita que o importante é lembrar da grandeza do que estamos construindo — e segurar firme. É estar ali nos dias bons e ruins, como luz e sombra.
• Casamento é brigar e começar a rir antes de terminar. É perdoar. É escutar. É ver e enxergar. É zoar. Para ela, a zoeira é a base de um casamento feliz.
Vivendo a dor e a delícia que é seguir a vida com alguém do lado, a Débora deseja que todos tenham resiliência para viver um amor da vida real. Eles dão trabalho, mas fazem tudo valer a pena.
Fonte: The stories /Reprodução
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