quarta-feira, 28 de junho de 2023

Ação empreendedora de pesquisadores do IFMA Campus Monte Castelo foi uma das 20 selecionadas pelo Ministério da Educação, em concorrência com 135 projetos


Apesar da produção artesanal movimentar bilhões de reais no Brasil, esse mercado ainda não é estruturado, uma vez que o grande desafio é equacionar a produção de peças de qualidade estética, simbólica e funcional com um preço competitivo. Outro aspecto limitador é o fato de que as artesãs vendem a um público muito restrito, pois não sabem como obter alcance em larga escala.  “A venda desses produtos limita-se, na maioria das vezes, a feiras de artesanato semanais; em seus próprios ateliers; dentro de suas comunidades ou, em poucos casos, abrindo lojas físicas, o que não é muito sustentável para uma artesã que vive muitas vezes no limite do orçamento”, informa a professora e pesquisadora do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) – Campus Monte Castelo – Ádilla Marvão.

Mas essa realidade pode se alterar positivamente para as artesãs do município de Raposa, município da região metropolitana de São Luís.  O projeto de pesquisadores do IFMA Campus Monte Castelo, “Bilro Arte: um aplicativo gamificado para comercializar a produção artesanal de rendas de Bilro da comunidade de rendeiras do município de Raposa/MA”, foi um dos 20 projetos selecionados pelo Ministério da Educação (MEC) para receber apoio por meio de insumos e bolsas de pesquisa.


O projeto desenvolvido pelas pesquisadoras Ádilla Marvão (Design) e Eveline de Jesus Sá (Computação) concorreu com cento e trinta e cinco projetos dos institutos federais de todo o país. O objetivo do Chamamento Público MEC nº 109/2022 é apoiar projetos voltados à promoção do empreendedorismo inovador, com foco na Economia 4.0, associados ao ensino, à pesquisa e à extensão.

A concepção do projeto é a construção de uma plataforma digital que irá funcionar como uma rede colaborativa, por meio da qual os produtos artesanais serão dispostos por tipologias e para cada tipo terá um memorial descritivo constando as etapas da produção, a matéria prima, o(a) artesão(ã), a sua história, as características e atributos culturais locais.

Além de expandir as formas de comercialização dos produtos e contribuir para o desenvolvimento econômico local, o projeto pretende contribuir para a perpetuação da tradição da renda de bilro. “Queremos criar um lugar de memória a partir da apresentação do processo produtivo e do contexto histórico das rendeiras”, destaca Ádilla.


“É muito mais que um marketplace de produtos artesanais”, complementa. “A ideia é divulgar, promover e distribuir produtos artesanais no mercado valorizando o produtor e o local, evidenciando tanto a cadeia produtiva como também as relações sociais envolvidas”, enfatiza a designer que é mestre em Ciências Sociais e atua com design social, colaborativo e antropologia visual.

A ideia do projeto surgiu durante a pesquisa de mestrado de Ádilla Marvão, entre 2017/2019, em Ciências Sociais na Universidade Federal do Maranhão. “Eu pesquisei sobre as transformações no processo produtivo do artesanato da renda de bilro na Raposa e o papel das instituições nessas transformações”, explicou Ádilla. “Percebi, em contato direto com as rendeiras, que o gargalo da produção estava na comercialização e elas ansiavam em aumentar as vendas até para motivar as novas gerações de rendeiras e perpetuar a cultura”, prosseguiu.

O projeto vem sendo amadurecido desde 2020, em parceria acadêmica das duas pesquisadoras. “Ter a aprovação neste edital está para além da aquisição de equipamentos para a estruturação de um laboratório com novas tecnologias e para além do aprendizado sobre as metodologias que visam integrar a pesquisa acadêmica a inovação”, avaliou Eveline Sá. “Essa aprovação possibilita entregar para o nosso público-alvo uma forma de estender a comercialização de seus produtos artesanais e, ao mesmo tempo, contar as suas histórias, para, assim, perpetuar essa cultura ancestral da renda de bilro”, afirmou.


Integram, ainda, a equipe os pesquisadores Mauro Lopes (Computação), Jeane Ferreira (Computação), Kerllen Norato (Linguística) e Cláudio Moraes (Comunicação). “Concorrer a esse edital foi um processo exigente, a última etapa foi apresentação do pitch, a multidisciplinaridade da equipe foi um ponto forte nessa fase e a banca nos avaliou muito bem no quesito impacto social e possibilidade de vendas em escala”, destacou Ádila.

“A equipe multidisciplinar envolvida no projeto está ansiosa para começar as atividades previstas, assim que os recursos se tornarem disponíveis, já com esse novo olhar que o processo seletivo nos favoreceu perceber”, enfatiza Eveline.

“A aprovação em um edital concorrido como este da SETEC/MEC se mostra como um reconhecimento de um trabalho árduo de anos e, de agora em diante, iremos desenvolver o projeto com empenho de todos da equipe”, finalizou.

Informação: IFMA 

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