domingo, 11 de junho de 2023
12 de junho

Ainda que amanhã seja o dia mais romântico do ano, é sempre bom lembrar: quando o sentimento é verdadeiro, todo dia é dia de amar.

Dia dos Namorados


O dia dos Namorados
para mim é todo dia.
Não tenho dias marcados
para te amar noite e dia.

O dia 12 de junho,
como qualquer outro, diz
(e disso dou testemunho)
que contigo sou feliz.

O poema singelo — e bem alinhado com a data — é do Carlos Drummond de Andrade. Você pode até dizer que ele é clichê, mas tem como falar do “Dia dos Namorados” sem ser um pouco brega?

• As lojas estão cheias de corações, as propagandas só tem músicas românticas e, amanhã, seu feed do Instagram vai estar lotado de casais felizes.

Ainda que você ache o clima do dia um pouco forçado, uma coisa é fato: às vezes, datas comerciais conseguem nos lembrar a importância de demonstrar o nosso amor.

Inclusive, aproveitando que o dia dá licença poética pra ser “emocionado”, vale mostrar de forma escancarada mesmo. Dando buquê de flores, escrevendo cartinha e até postando foto nas redes sociais.

A verdade é que, no fundo, todo mundo gosta de se sentir amado. Todos os dias. Logo, marcar um jantar à luz de velas amanhã faz bem — mas não compensa outros 364 dias de descuido.

Como já dizia Carlos Drummond de Andrade, “ninguém deve ter dias marcados para amar noite e dia”. Resumindo, se tem alguém aí que é importante pra você, não perca tempo sem amar.

Tempo pra ser feliz

BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL

(Imagem: VSCO / Reprodução)

Em 2018, a Luisa foi pra Nice fazer um curso de francês. Já tinha vivido algumas paixões, mas chegou de peito aberto para se aventurar longe de casa.

• Depois de muitos croissants, incontáveis taças de vinho e alguns encontros “mais ou menos”, foi em um dia de praia que ela conheceu o Victor.

Na sequência de um mergulho — e alguns olhares atravessados —, ele perguntou seu nome. Os dois conversaram um pouco, trocaram redes sociais e combinaram de se encontrar à noite.

Nas palavras da Luisa, naquele dia, “ela mal sabia que ia queimar, brindar de sal, sol e rosé, um amor com vontade de ser tão mais do que um verão”.

Foram para uma festa com pessoas conhecidas, mas ela não se lembra de nenhum rosto que viu. Ainda que o mundo brilhasse lá fora, ela só enxergava o Victor.

O primeiro beijo aconteceu de forma tão natural quanto o primeiro olhar, mas o romance tinha prazo de validade: no dia seguinte, ele retornaria para Paris, e ela viajaria pelo interior da França.

• O Victor tinha seus compromissos na capital, mas como “só se vive uma vez”, acabou adiando a volta e embarcou nessa jornada com a Luisa.

Entre muitas conversas profundas, beijos de arrepiar a nuca e risadas de doer a barriga, ela conta que “viveu dias com cheiro de aventura e doçura de um pain au chocolat”.

Com o Victor, a Luisa descobriu que o amor é grande e pequeno. Quando estavam juntos, ela sentia algo avassalador, mas também suave. Aquele amor que rasga o peito, mas depois abraça a alma.

No último dia da viagem, eles foram passear em uma cidadezinha histórica. Ao passarem por uma casa bem antiga, uma senhora parou os dois e chamou a Luisa pra tomar um café.

• Depois de elogiar o seu vestido e reclamar do calor, a francesa falou pra ela que “seu marido era muito bonito” e perguntou se eles tinham filhos.

A Luisa respondeu que eles não eram casados e se conheciam há pouco tempo. Dando risada, a senhora disse que, pelo olhar dos dois, “dava pra ver que eles nunca foram estranhos”.

Lembrando da sua própria vida, a velhinha deu um suspiro recheado de memórias. Sem nunca ter desenhado o futuro, agora, a Luisa só tinha um desejo: envelhecer sabendo que viveu um grande amor.

De volta à Paris, e com data marcada pra chegar no Brasil, ela resolveu fazer uma surpresa para o Victor. Revelou todas as fotos da viagem e montou um álbum para eternizar aqueles dias.

• Enquanto revivia cada momento, as lágrimas começaram a rolar e, junto delas, uma confissão: “eu não posso ir embora. Ele é o amor da minha vida”.

A Luisa estava convicta do seu sentimento, mas não conseguiu falar em voz alta. Assim, seu ato de coragem foi escrever um “eu te amo” na página final do álbum.

Sentada na Sacre-Coeur, ela redigiu: “peço e me despeço do teu beijo. Sinto o teu peito contra o meu. Deixo com você tanto de mim. Não faz assim. Vem comigo quando eu me for”.

No dia seguinte, ao chegar no aeroporto, ela deu o presente, mas ele disse que não queria se despedir. Antes mesmo de ler o que a Luisa tinha escrito, o Victor também falou “eu te amo”.

• Assim, com um futuro incerto, eles tinham só uma certeza: ficariam juntos. Em Paris ou no Espírito Santo. Do jeito que fosse. Da forma que desse.

Entre acordos e negociações, o Victor se mudou pra cá. E a Luisa pra lá. Revezando temporadas, eles sabem que nem sempre é fácil, mas gostam de pensar que “dividir o coração é como espalhá-lo pelos lugares”.

Hoje, já faz mais de 3 anos que eles se casaram, no dia 20 de março de 2020, logo quando a pandemia começou.

Enquanto refletia sobre tudo que passaram — principalmente na quarentena —, a Luisa pensou no tempo. Nessa abundância de horas que, de repente, ficaram guardadas dentro de casa.

Seguindo a reflexão, ela percebeu que esse jeito estranho de ter tempo poderia ensinar o mesmo que ela aprendeu amando o Victor: a poesia de um viver repleto de simples alegrias.

Finalizando com as suas palavras, “ninguém é feliz pra sempre”. Mas, no Dia dos Namorados — e em todos os outros todo mundo precisa, sempre, ter tempo pra ser feliz.

Texto e imagens: The stories  / Reprodução 

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