domingo, 23 de julho de 2023
Depois de você

Nessa vida, tudo passa. A tristeza passa, a alegria passa, até a própria vida passa. Difícil mesmo é saber o que fica.

Os outros


Já conheci muita gente
Gostei de alguns garotos
Mas depois de você
Os outros são os outros

Ninguém pode acreditar
Na gente separado
Eu tenho mil amigos mas você foi
O meu melhor namorado

Procuro evitar comparações
Entre flores e declarações
Eu tento te esquecer
A minha vida continua
Mas é certo que eu seria sempre sua
Quem pode me entender
Depois de você, os outros são os outros e só

São tantas noites em restaurantes
Amores sem ciúmes
Eu sei bem mais do que antes
Sobre mãos, bocas e perfumes
Eu não consigo achar normal
Meninas do seu lado
Eu sei que não merecem mais que um cinema
Com meu melhor namorado

Talvez muitos da geração Z não identifiquem essa letra logo de cara, mas quem viveu nos anos 80 provavelmente leu as estrofes no ritmo.

• O hit é do Kid Abelha, uma das bandas brasileiras que mais bombou nas rádios, contando com 30 músicas que ficaram no topo das paradas.

O grupo carioca — formado por Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato — vendeu mais de 9 milhões de discos e marcou uma geração inteira com letras de amor.

A música “Os outros” foi lançada em 1985, fazendo parte do álbum “Educação Sentimental”, que também contou com outros sucessos como “Lágrimas e Chuva” e “Garotos”.

No caso, a letra é bem simples e fala sobre um amor que passou, mas não foi esquecido. Sabe quando a gente fala que trancou a porta, mas depois descobre que ela estava só encostada?

• Então, o eu-lírico se envolveu com outras pessoas, mas nenhuma delas foi tão marcante quanto a que ficou pra trás.

De qualquer forma, quem escreveu a canção sabe que é bom “evitar comparações entre flores e declarações”. Afinal, mesmo que “os outros sejam os outros”, é a singularidade que dá beleza ao sentimento.

Como já dizia Rita Lee, “tem pessoas que a gente não esquece nem se esquecer”. Porém, em vez de enxergar isso com pesar, dá pra mudar a perspectiva: ainda que o relacionamento acabe, o amor que fica é eterno.

Um empurrãozinho
(BASEADO EM UMA HISTÓRIA REAL)


A história de hoje vai ser contada pela Mariana, filha da Mara. Antes de qualquer coisa, ela já avisa que essa não é a clássica história de como os seus pais se conheceram.

• Na verdade, o caso aqui é um amor separado por 1.410 km, mais precisamente, a distância de Gramado à Ribeirão Preto.

Tudo começou em 1995, antes da Mariana nascer. Nessa época, a Mara tinha 19 anos e trabalhava em uma pequena loja de bolsas e calçados, que pipocava de turistas.

Em uma dessas, o Paulo, que sempre viajava pra Gramado, resolveu dar uma olhadinha. Ele até gostou da loja, mas confessa que só comprou a bolsa pra poder passar mais tempo com a Mara.

Ela, por outro lado, se encantou com o sorriso dele, e foi embora do trabalho pensando naquele amor platônico — será que ele vai passar lá na loja de novo?

• O Paulo não apareceu por lá, mas, uma semana depois, ligou na loja perguntando pela Mara.

Papo vai papo vem, ele foi pra Gramado de novo, e, em poucos minutos, pareciam se conhecer por uma vida inteira.

Andaram de mãos dadas, trocaram abraços, confidências e beijos. Usando as palavras de Guimarães Rosa, eles experimentaram o amor como um calafrio doce, um susto sem perigo.

A partir daí, muitas cartas foram trocadas e a vontade de se encontrar só crescia a cada dia.

• Entretanto, como a distância pesava, os dois deixaram o sentimento na gaveta, e foram se envolver com outras pessoas.

Nesse momento da história, a Mara conheceu o Elso, pai da Mariana. Em apenas 1 ano, os dois se casaram — e as cartas do Paulo ficaram guardadas dentro de uma caixinha, assim como a despedida que nunca aconteceu.

Depois de alguns anos, em mais uma dessas reviravoltas que a vida dá, a Mara e o Elso se divorciaram. Viveram bons momentos juntos, mas chegou a hora de seguirem separados.

Depois de virar esse capítulo, ela passou a lembrar muito do Paulo. Sua vida estava completamente diferente, mas sabe quando o passado é tão doce que fica na memória?

• Então, em um domingo chuvoso, a Mara encontrou o telefone daquele antigo amor e resolveu tentar a sorte.

Bastou um “oi” para ele reconhecer a voz que nunca tinha esquecido e todo o sentimento voltar. Em poucos instantes de conversa, os dois perceberam que a porta nunca fechou — estava apenas encostada.

A partir daí, deram um jeito de se encontrar e nunca mais perderam contato. Às vezes, o Paulo aparecia em Gramado. Outras, a Mara ia pra Ribeirão, mas o contato por chamada de vídeo era diário.

Hoje, ela mora com a sua filha na Itália e ele continua no Brasil. Porém, mesmo com a distância, os dois tentam se fazer presente na vida um do outro.

• Nas palavras da Mariana, a história deles é um grande exemplo de amor, que não precisa estar fisicamente presente, mas não falta sentimento.

A Mara diz que eles estão esperando a aposentadoria pra ficarem juntos de verdade, mas a sua filha acha que ela e o Paulo deveriam tornar esses encontros mais frequentes.

Inclusive, ela escreveu esse texto pra lembrar que a vida é curta e, quem sabe, dar um “empurrãozinho” para os dois. Como diz a Mariana, se encontrar um “amor da vida” é difícil, reencontrar é milagre.

Fonte: The stories  / Imagens / Reprodução 

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