domingo, 8 de outubro de 2023

Silêncio

Bom dia! Você se arrepende de algo que deixou de dizer? ainda que os tempos não voltem, às vezes, um olhar diz mais que mil palavras.

Close


Premiado em Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional, “Close” usa campos de flores do interior belga para evocar a beleza frágil da juventude, bem como as armadilhas do crescimento.

• Enquanto alguns filmes usam e abusam de efeitos especiais e cenas de embrulhar o estômago, “Close” escolhe o silêncio. Mas, na falta de palavras, dilacera.

Na história, Léo e Remi são melhores amigos. Inseparáveis, os dois passam o dia na casa um do outro, brincando, andando de bicicleta, e compartilhando segredos e sonhos.

Saindo da infância e entrando na adolescência, a relação deles é abalada quando os colegas começam a questionar essa intimidade — o que leva a um acontecimento trágico que guia o filme da metade para frente.

Nas palavras do próprio diretor, Lukas Dhont, “Close não é um filme sobre sexualidade ou homoafetividade, mas uma investigação sobre o nosso ideal de masculinidade”.

Se a conexão entre os protagonistas parece tão sincera no verão marcado por cores vivas, por que ela passa a ser questionada quando envolve o julgamento de terceiros?

Sem dar mais explicações ou tentar dar nome para os sentimentos, Dhont conta a história pela fotografia: os movimentos e olhares dos personagens fazem mais sentido do que as palavras que não foram ditas.

Você já ouviu falar em “coming of age movie”?


Assim como “Close”, vários outros filmes retratam o nosso amadurecimento como tema central. Seja da infância pra adolescência ou até nos descobrimentos do início da fase adulta, aqui estão alguns que podem te inspirar:

• As Vantagens de Ser Invisível, 2012: Saindo do clichê da maioria dos filmes de high school, esse longa conta a história de Charlie, que é considerado um gênio na escola, mas tem dificuldades no meio social. Por sorte, seus amigos Patrick e Sam ajudam ele na jornada;

• Cinema Paradiso, 1988: Quando pequeno, Toto se encanta pelo cinema e começa uma amizade com o projecionista da sua cidade. Já adulto e como um cineasta bem-sucedido, ele volta à sua cidade pra encontrar o seu passado — e reencontrar sua essência;

• Clube dos Cinco, 1985: Cinco adolescente são punidos na escola, e precisam passar o sábado na biblioteca escrevendo uma redação sobre o que pensam de si. Reunindo todos os estereótipos do ensino médio, “Breakfast Club” é um filme sobre aceitar as diferenças;

• A Pior Pessoa do Mundo, 2021: Já na fase adulta, esse longa norueguês conta a história de Julie, uma mulher de 30 anos que começou tentando ser médica, até fazer psicologia, largar pra virar fotógrafa e terminar trabalhando numa livraria. Sem julgamentos, o filme mostra como a nossa adolescência não acaba mais nos 18 anos.

O amor que não vivi
(Baseado em uma história real)


Quando o Bruno tinha 13 anos, viveu um daqueles momentos de descoberta que moldam quem somos.

Com o passar do tempo, nossa memória se torna seletiva. Esquecemos de quase tudo que nos aconteceu na infância e na adolescência, mas sabe aquelas cenas que não saem da cabeça?

• O melhor amigo do Bruno, Lucas, era a pessoa que o fazia sorria todos os dias. Eles compartilhavam aventuras, risadas e segredos.

Viviam na casa um do outro e passavam as férias juntos. A família do Bruno sabia exatamente o que o Lucas gostava de comer no almoço, e a mãe do Lucas sempre comprava Guaraná quando o Bruno ia almoçar lá.

Na época, ele não sabia muito bem descrever o seu sentimento, mas acredita que essa pureza da infância consegue definir o amor da melhor forma possível: sem definição.

O seu coração batia mais rápido quando o Lucas estava perto, o que era estranho, mas não deixava de ser bom. Ele se lembra de ficar ansioso para vê-lo na escola todos os dias.

• Também recorda de como os seus olhos brilhavam quando o Lucas ria de suas piadas, e tem certeza que a conexão deles era única.

Certo dia, enquanto brincavam no parque, o Bruno reparou como a brisa bagunçava os cabelos do Lucas e não conseguiu desviar os seus olhos dele. Foi nesse momento que percebeu que o sentimento era diferente.

Mesmo sem colocar em palavras, sabia que era um amor genuíno — desses que dá vontade de ficar perto, cuidar e compartilhar momentos.

Ao mesmo tempo em que sentia esse frio na barriga novo e gostoso, também sentiu medo. Tinha medo de que, se o Lucas descobrisse seus sentimentos, se afastaria dele.

• O Bruno sabe que isso pode parecer bobo hoje em dia, mas, na cabeça de um menino de 13 anos, perder essa amizade era um medo esmagador.

À medida que cresceram, seus caminhos se separaram, mas o laço permaneceu forte. Aos poucos, ele entendeu que o amor que sentiu pelo Lucas foi uma parte importante da sua jornada.

Mesmo que não tenha sido correspondido da mesma maneira, essa experiência conseguiu lhe ensinar sobre a complexidade do amor, da amizade e da autodescoberta.

Independentemente de onde nossos sentimentos nos levem, o que importa é a sinceridade e o respeito pelos outros e por nós mesmos.

• Citando Rubem Alves, “o amor é a vida acontecendo no momento: sem passado, sem futuro, presente puro, eternidade numa bolha de sabão”.

Apesar da pouca idade, o Bruno diz que essa época da sua vida foi repleta de emoções intensas. Sem pensar no que aconteceu depois, ao olhar pra trás, só sente gratidão por ter vivido um amor tão puro e genuíno.

Texto e imagens: The stories / Reprodução





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