Guilherme Zagallo observou que a ausência de fiscalização contribui para agravar o problema, já que a situação é desconhecida da população ludovicense
O problema do aumento da poluição do ar em São Luís, com ultrapassagem dos padrões legais, foi o tema abordado, na manhã desta segunda-feira (27), no programa “Sustentabilidade na Prática”, da Rádio Assembleia.
Durante o programa, o advogado e ativista ambiental Guilherme Zagallo, integrante do Movimento de Defesa da Ilha, fez uma explanação sobre dados que apontam a elevada emissão de poluentes na atmosfera provocada por empreendimentos industriais instalados em São Luís.
Ao ser entrevistado pela radialista Maria Regina Telles, Guilherme Zagallo observou que a ausência de fiscalização contribui para agravar a poluição do ar na medida em que a situação é desconhecida da população ludovicense. “Nós, hoje, estamos em nível de emergência. Nós entramos 589 vezes em nível de emergência, que é o pior do pior de todos os índices ambientais. Nós vivemos em estado de emergência e isso é desconhecido da população”, assinalou.
Zagallo explicou que, atualmente, há seis estações públicas de monitoramento do ar em São Luís - cujos dados podem ser acessados através da internet -, localizadas no Anjo da Guarda, Santa Bárbara, Vila Maranhão, Vila Sarney, Pedrinhas e Coqueiro.
Advogado trabalhista há 30 anos, agora dedicado à causa ambiental juntamente com um grupo de ativistas sociais, Guilherme Zagallo foi enfático ao afirmar que o aumento da população do ar em São Luís “é um problema grave, porque afeta muito a saúde e a vida das pessoas”.
Zagallo alertou que as pessoas estão morrendo de forma silenciosa, por conta dos atuais níveis de contaminação do ar em São Luís, que hoje são maiores do que Cubatão, cidade paulista que se tornou famosa por conta da poluição.
Durante a entrevista, Zagallo fez um relato pormenorizado de estudos que revelam altos níveis de poluição do ar na capital maranhense, principalmente dióxido de enxofre, ozônio e óxidos de nitrogênio.
“Lamentavelmente, nós temos uma situação de calamidade ambiental em São Luís. Em 2022, nós entramos 589 vezes em nível de emergência. Todos somos impactados por essa poluição que vai para a atmosfera. Essa poluição do ar causa também a contaminação das águas e da fauna aquática por metais pesados, com graves prejuízos para toda a nossa população”, declarou o advogado.
Ele observou que a sociedade precisa ser conscientizada sobre este problema para poder exigir o cumprimento da lei e das normas ambientais tanto pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) quanto pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).
“É inadmissível que tenhamos padrões ambientais ultrapassados – noventa e três vezes acima do limite máximo permitido, e mais de um nível de emergência por dia, sem adoção de medidas proporcionais à intensidade desse dano ambiental. Isso significa a identificação das fontes, aplicação de multas, revisão de licenças ambientais já concedidas, determinação de medidas reparatórias, monitoramento epidemiológico das comunidades mais afetadas”, frisou Zagallo.
Ele declarou que o principal problema da poluição do ar em São Luís é o dióxido de enxofre, oriundo da queima de carvão mineral utilizado por indústrias instaladas na área do Distrito Industrial, nas proximidades da Baía de São Marcos.
“Essa poluição do ar já contaminou as águas superficiais, subterrâneas e da baía de São Marcos com metais pesados, contaminando peixes, caranguejos, siris e outros frutos do mar, o que amplia o impacto dessa verdadeira calamidade ambiental para todas as pessoas que vivem na Ilha de São Luís.
O advogado cobrou a realização do monitoramento epidemiológico das comunidades mais impactadas pela poluição do ar e da água, revisão das licenças ambientais já concedidas e aplicação das medidas legais para retornar os níveis de poluentes aos limites permitidos, a exemplo de aplicação de multas, redução de produção, suspensão de licenças e ações reparatórias.
“Estamos precisando de monitoramento epidemiológico, pois as pessoas estão adoecendo e até morrendo”, ressaltou Zagallo, acrescentando que já há estudos com comprovação científica do aumento expressivo da mortalidade por doenças respiratórias no período de 2008 a 2018, que coincide com o crescimento explosivo das emissões de poluentes atmosféricos, sobretudo pela queima em larga escala de carvão mineral por indústrias.
Segundo Zagallo, também foi comprovado quantitativamente o aumento das internações por doenças respiratórias. Para ele, o crescimento industrial de São Luís está impondo um preço elevado de vidas humanas perdidas prematuramente.
Informação: Assembleia Legislativa
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