domingo, 19 de novembro de 2023

Voltar no tempo

Saindo do piloto automático, que tal olhar pra dentro e se perguntar: a criança que você já foi teria orgulho do adulto que você é?

13 going on 30


O MomentoCult de hoje não tem citação de filósofo e nem poema clássico, mas uma comédia romântica bem sessão da tarde que você provavelmente já assistiu no sofá com pipoca de microondas.

Estamos falando de “De Repente 30”, que conta a história da Jenna Rink: uma adolescente de 13 anos que despreza a sua vida e sonha em ser popular.

Após fazer um pedido, ela milagrosamente acorda em Nova York e descobre que seu desejo se realizou: ela está com 30 anos, trabalha em uma revista de moda e namora um astro do futebol americano.

• Jenna conseguiu tudo o que queria, mas perdeu o seu melhor amigo, não fala com os seus pais e nem cumprimenta seus vizinhos.

Percebendo que sua versão de 30 anos é fútil, interesseira e só cultiva relações superficiais, ela descobre o óbvio: ter uma vida de revista — ou de Instagram — não é garantia de felicidade.

Pensando sobre o nosso futuro, muitas vezes, a gente faz uma lista gigante de conquistas que consideramos essenciais: casar com tal idade, morar em tal lugar, conseguir tal emprego.

Seguindo esse script pronto, paramos de prestar atenção naquilo que realmente nos faz feliz, e resumimos a vida em dar vários “checks” no que a sociedade considera ideal.

Assim como a Jenna — de 13 ou 30 anos — dificilmente estaremos satisfeitos com tudo que construímos, mas uma coisa é certa: não existe felicidade longe da nossa essência.

Pó de pirlimplimplim
(Baseado em uma história real)


Além de assistir aos clássicos da Julia Roberts e aos desenhos da Nickelodeon, a Clara passou a sua adolescência obcecada pela comédia romântica sobre a garota que, aos 13 anos, sonha com o tal do "30, flirty and thriving".

Na história, como mágica, ela acorda 17 anos depois, só pra descobrir que o glamour do seu closet e os convites para festas badaladas escondem fracassos pessoais e a perda da “tal da essência”.

Claro que no filme um pó de pirimplimplim resolve tudo, a protagonista se casa com o Mark Ruffalo e eles vivem felizes para sempre numa casa cor-de-rosa. Mas na vida real não é bem assim.

• Falando em vida real, quando estava chegando perto do aniversário da Clara, ela voltou a cismar com o filme “De Repente 30”.

Lembrando que está cada vez mais perto dos 30 — e longe dos 13 —, ela fez uma pipoca de microondas para reassistir esse clássico. E já adianta: chorou e não foi pouco.

primeiro susto do filme acontece quando a Jenna descobre que perdeu a pessoa mais importante da sua vida: Matt, que era o seu melhor amigo.

Os “Matts” da Clara são pessoas que ela costumava conhecer como a palma da sua mão — e hoje só acompanha pelas redes sociais, e através de notícias que algum amigo em comum traz.

• “Fulana se mudou de cidade, beltrano se casou, ciclano começou um novo trabalho”.

Em outros tempos, a Clara seria a primeira pessoa a saber da notícia, a madrinha do casamento e a amiga que fez a lista dos prós e contras do emprego. Mas tem gente que fica pra trás e não volta mesmo.

Vira e mexe ela lê alguma coisa, escuta alguma música e pensa em mandar uma mensagem para esses estranhos que, talvez ingenuamente, ela ainda acredita conhecer.

Nessas situações, é normal se confortar com certas frases de efeito, como "certas amizades param de fazer sentido e as pessoas seguem caminhos diferentes".

• Mas, nessa noite em especial, a Clara queria um pó de pirlimpimpim para dizer à fulana, ao beltrano e ao ciclano que gostaria que as coisas tivessem sido diferentes.

Como não tem, lhe resta tagarelar por aqui e fazer um brinde às pessoas que já passaram pelo seu caminho. No seu final alternativo desse filme que é a vida, todos estariam dando pitacos gramaticais nesse texto.

A outra reflexão que ela tirou da comédia romântica adolescente é que nem sempre estaremos 100% felizes com quem somos.

A Jenna de “De Repente 30” descobre que é uma pessoa de quem não se orgulha e tenta desesperadamente consertar os erros que cometeu.

O caso da Clara não é tão grave quanto o dela, mas, nesse ano, o inferno astral veio forte e parecia que estava tudo desalinhado: nem trabalho, nem amizades, nem relacionamentos, nada funcionava.

O mundo corporativo com o qual ela sempre sonhou havia a engolido e a tal da conta do mercado financeiro não parecia fechar. O grande amor não estava lá — ou estava, e ela não teve coragem de ir atrás.

• A família estava longe e as pessoas próximas estavam seguindo seus próprios sonhos.

Mas, pra não deixar todo mundo deprimido, ela tem percebido que são nesses momentos doloridos que encontra algum sentido na vida. Ou melhor, em compartilhá-la com outras pessoas.

Depois de chorar com o final do filme, ela decidiu que a primeira coisa que faria seria agradecer a todas as pessoas que permaneceram ao seu lado depois de todos esses anos. “Caramba, como vocês são leais!”

Decidiu também correr atrás de quem está deixando escapar, porque não quer que eles caiam no grupo do parágrafo de cima. Resolveu se declarar para um grande amor e ver no que dá — essa parte ela conta em breve.

Honestamente, a Clara não sabe se a sua versão de 13 anos estaria orgulhosa de quem ela se tornou. E infelizmente não tem pó de pirimplimplim pra ajeitar o passado, mas faz o que pode.

E foi assim que ela acabou de escrever um monte de baboseiras — algumas mais cafonas que outras — sobre um filme adolescente que é como um retrato da vida adulta.

Texto e imagens: The stories / Reprodução

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