domingo, 31 de dezembro de 2023
Perspectiva é tudo

Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.

Esse poema — que é quase um versinho de tão simples e pequeno — é obra de Fernando Pessoa, que já apareceu muito aqui na nossa newsletter.

• Pensando nesse clima de final de ano, quais desejos e metas você já estabeleceu pra 2024?

Chutamos que talvez você tenha pedido um grande amor, sucesso na carreira e muito dinheiro. Ah, alguns quilinhos a menos e viagens também aparecem com frequência na lista.

Tá, você já sabe que nenhum desses planos se realiza sozinho e, como bem dizia Carlos Drummond de Andrade, “para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo”.

Mas a reflexão que a gente pretende trazer aqui hoje é um pouco diferente. Antes de pensar nas várias atitudes que vão te fazer mudar o mundo, como você anda enxergando ele?

• Ainda que você cumpra todas as suas metas, uma coisa é fato: os dias de chuva sempre vão existir.

Pensando nisso, antes de se matricular na academia, baixar o Tinder ou correr atrás de uma promoção no trabalho, que tal refletir sobre a sua forma de lidar com as adversidades da vida?

No final das contas, você pode conseguir tudo que almeja, mas se não ajustar a visão, sempre vai enxergar o copo meio vazio, e encontrar motivos para reclamar do presente.

Para 2024, sonhe e batalhe por um ano melhor, mas também aprenda a curtir os dias cinzas. Seguindo os ensinamentos de Fernando Pessoa, para “um dia de chuva ser tão belo como um dia de sol” só depende da sua perspectiva.

O casamento: A chuva
(Baseado em uma história real)

No dia do casamento da Amanda e do Vinícius choveu muito. E só porque choveu, ela notou que a chuva já coloriu vários cenários da história dos dois.

• “Se você quiser, eu vou te dar um amor desses de cinema.” Quando ia entrar, ela cantou pra si mesma umas três músicas diferentes que falavam de chuva.

E aí lembrou que o Vinícius a conheceu exatamente debaixo de um guarda-chuva, e começou a pensar em teorias rápidas do que poderia ter acontecido se não tivesse caído tanta água naquele dia.

Pensou naquele forró que canta “energia dessa água sagrada nos abençoa da cabeça aos pés” e se certificou que abençoou mesmo.

Se aquela água era motivo de desespero no grande dia, a Amanda terminou seus votos e agradeceu pela chuva.

O Vinícius começou os seus falando sobre aquela chuva do primeiro dia, e os dois sorriram.

• E a Amanda fez chover mais ou menos na segunda linha, mas já sabia que não avançaria muito mais do que isso sem chorar.

E então era isso: ele, ela, um guarda-chuva romântico, um salto enfiado na terra — um pouco menos romântico — e uma despreocupada cauda de vestido toda molhada.

Tudo isso alguns minutos antes dela precisar do secador de cabelo pra chegar com a roupa inteira na cerimônia. Motivo pra muita poesia.

Ah, e tinham os cartões também. Antes de conhecer o Vinícius, a Amanda comprou vários cartõezinhos em uma papelaria que amava. Mas sabe aqueles adesivos de caderno que nunca foram usados?

Então, esses cartões dormiram na sua gaveta por longos anos, mas foram encontrados logo na semana do casamento.

• Enquanto buscava por um pedaço de papel menos corporativo do que os bloquinhos de nota da firma, ela achou os cartões e pensou: “por que não?”

Um deles tinha um desenho escrito: por que chove? E uma nuvem responde chorando: falaram que eu pareço um hipopótamo.

Ela ficou feliz quando o Vinícius riu da piada boba, e simplesmente ignorou o fato de que esse cartão não deve ter sido exatamente pensado pra guardar votos de casamento.

O dia mais sonhado da vida dos dois foi um tal de “chove, chuva, chove sem parar”, mas ela só conseguia pensar que “hoje o céu está tão lindo, vai chuva… É primavera, te amo!”

Texto e imagens: The stories  / Reprodução 

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