domingo, 11 de fevereiro de 2024

Hoje tem mais

Se a dor de cabeça bateu forte, lembre-se que a ressaca é igual saudade: se você está sentindo, é porque valeu a pena.

A Felicidade



Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
E tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve

O poema acima é um dos mais conhecidos de Vinicius de Moraes, e discorre sobre o ideal máximo de todo ser humano: alcançar a tão sonhada felicidade.

Em seus versos, Vinicius enxerga a vida quase como um mar de tristezas, usando exemplos frágeis pra descrever a felicidade — como “a gota de orvalho numa pétala de flor”.

• Seguindo essa linha efêmera, ele compara o sentimento com o Carnaval, que chega trazendo sorrisos com prazo de validade.

Dizendo que “a gente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho e tudo se acabar na quarta-feira” , Vinicius faz uma alusão à crença popular de que “tudo que é bom dura pouco”.

Pensando dessa forma, o Carnaval funciona como uma licença estabelecida no tempo, onde é permitido usar fantasia, máscara, glitter e sambar no meio da rua às 8h da manhã.

Deixando os excessos de lado, é justamente essa liberdade com data pra começar e terminar que cria essa magia em volta do feriado mais celebrado do Brasil.

• Porém, voltando aos versos de Vinicius de Moraes, talvez a felicidade também esteja presente fora da folia.

Ainda que “a gota do orvalho numa pétala de flor” seja tão frágil como “a pluma que o vento vai levando pelo ar”sempre vai existir outra gota. E outra pétala. E outra pluma.

A felicidade pode até ser frágil, mas se faz presente em infinitos pequenos detalhes do nosso dia a dia. Como já dizia Adélia Prado, “a vida é mais tempo alegre do que triste”.

“Meu Lar”
(Baseado em uma história real)



Silvia e o Bruno nasceram em Lençóis Paulista, uma pacata cidade no interior de São Paulo, que tem cerca de 60 mil habitantes.

• Ela, em 1984. Ele, em 1989. Quando se conheceram, o Bruno tinha apenas 14 anos, e a Silvia tinha acabado de fazer 18.

Viraram bons amigos e têm até alguns registros dessa época. Ele namorava, e a Silvia sempre dava carona para os “dois adolescentes” não voltarem de ônibus pra casa.

O tempo passou, e o Bruno foi fazer o terceiro ano do colegial nos Estados Unidos. De lá, como amigo, mandava cartões, fotos e vídeos pra Silvia — que ela guarda até hoje.

Ele voltou mais maduro e mais bonito, mas ela estava namorando. Nessa época, foram em algumas festas juntos, e o Bruno até ficou com algumas amigas da Silvia.

• Inclusive, por influência dela, ele decidiu fazer publicidade em São Paulo, na mesma faculdade que ela fazia pós-graduação.

Se encontraram algumas — muitas — vezes, até que tiveram que dar um “pause” na amizade. O Bruno começou a namorar outra pessoa, que era bem ciumenta e não ia com a cara da Silvia.

Até que…. Dez anos depois, em 2015, eles se reencontraram em uma galeria de arte na Vila Madalena, em uma quarta-feira de pré-carnaval.

Dessa vez, os dois estavam solteiros. Na verdade, a Silvia estava acompanhada, mas como era só um rolinho, deu pra eles trocarem contato e já marcarem o encontro pra depois do Carnaval.

• O primeiro beijo foi bem estranho. A Silvia resistiu no começo, mas depois não teve como negar que o amor bateu.

Ela é super estudiosa, planejada e tenta ter controle sobre tudo. O Bruno é desprendido, aventureiro, não faz planos e não gosta de nada que é visto como convencional.

Juntos, eles se aventuraram em viagens que a Silvia sempre disse que jamais faria. Se hospedaram em um veleiro, em uma casa na árvore e completaram uma trilha de 18 km em Ilhabela.

Em 2016, foram morar juntos em uma casa da década de 50, no meio da Vila Madalena. Ela, que é sistemática e adora um ar-condicionado, se apaixonou por uma casa com goteiras.

• A Silvia adora uma muvuca e é fã de Carnaval. O Bruno, apesar de ser sociável, é mais caseiro, e ama um filme cult.

Apesar dele não ser da folia, faz com que o coração da Silvia viva em uma eterna festa. Antes do Bruno chegar, ela tinha a sensação de que estava sempre com pressa, focada no futuro.

Desde que se conheceram, aprendeu a aproveitar o agora e tem a certeza de que o melhor da vida é apreciar cada momento.

Em 2019, eles se casaram, em um cerimônia linda, com muita curtição e pessoas queridas. A Silvia gosta de dizer que Deus, o Universo ou Oxalá prepararam os dois pra ficarem juntos até o fim da vida.

Inclusive, todas essas boas energias abençoaram a chegada do Caetano, que nasceu no dia 10/07/2023, pra acrescentar um capítulo ainda mais lindo pra essa história.

Se hospedando em um hotel 5 estrelas ou se aventurando em uma casa na árvore, a Silvia pede licença pra discordar de Vinicius de Moraes: vivendo com o Bruno e o Caetano, a felicidade não tem fim.

Texto e imagens: The stories / Reprodução

Um comentário:

  1. A felicidade independe da condição social quando a vida oferece oportunidades iguais. Ainda que tardia, a solteirice na maturidade oportunizou o romance real. Saibamos oportunizar, para todos e todas, devido acesso aos direitos humanos, constitucionais. Para que então sejamos socialmente justos, economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis, além de felizes no amor.

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