domingo, 16 de junho de 2024

O São João é a maior festa popular do Maranhão, e, definitivamente, o período mais aguardado no ano por todos os moradores

Os arraiais, espalhados por todo estado desde o final do mês de maio, recepcionam os 'brincantes' com bandeirinhas, fogueira, comidas típicas, danças, música e muita toada de boi.

A pluralidade de ritmos emociona e encanta quem visita as terras maranhenses durante o período.

O Bumba meu boi é, indiscutivelmente, o dono da festa. Mas existem outras danças da cultura popular que enriquecem os festejos.

O Terra mostra a história de algumas dessas danças que são diversidades de manifestações culturais, e o diferencial do estado na forma de celebrar o São João.

Tambor de Crioula

Considerado Patrimônio Cultural do Brasil, o Tambor de Crioula é uma dança de origem africana, típica do Maranhão, praticada em louvor a São Benedito, o santo protetor dos negros. É uma dança alegre, marcada por muito movimento dos 'brincantes' e muita descontração.

As músicas ou toadas, como são conhecidas, ficam por conta dos cantadores e a percussão dos tambores feitas pelos tocadores. A dança é feita por mulheres. Uma coreira (como são chamadas as dançadeiras) fica dentro da roda e com a punga ou umbigada ela saúda outra dançadeira, que entra na roda.

Durante o ano inteiro, se vê o Tambor de Crioula pelas praças da cidade, em centros culturais, no interior dos terreiros ou em palcos de festas como o carnaval e o São João.

Cacuriá

Surgiu como a parte das festividades do Divino Espírito Santo, uma das tradições juninas maranhenses. A parte vocal é feita por versos improvisados respondidos por um coro de brincantes. 

Os integrantes do Cacuriá dançam em duplas, com movimentos cheios de sensualidade coreografados em uma roda. Os pares dançam com passos marcados, muito rebolado do quadril, improviso e interação com o público.

Dança do Caroço

A Dança do Caroço se concentra na região do Delta do Parnaíba, principalmente no município de Tutóia (distante cerca de 327km de São Luís), onde um pequeno grupo ainda mantém a tradição. Pesquisadores acreditam que tenha surgido, possivelmente, de uma dança africana trazida pelos escravos, que seguiam a tradição de seus antepassados. Há ainda quem atribua a origem da dança aos índios Tremembés.

Isolados ou formando uma roda ou cordão, os componentes brincam respondendo às toadas improvisadas tiradas pelos cantadores, ao som de instrumentos como caixas (tambores), cuíca e cabaça. Os brincantes são “puxados” por uma líder, geralmente a melhor cantora e dançarina, conhecida como Rainha do Caroço.

Dança do Coco

Com músicas e letras simples, a dança do coco era muito forte na Região dos Cocais, acontece com mais frequência na região da baixada maranhense, mas também marca presença em São Luís, capital do estado.

Estudiosos dizem que a dança do coco teve origem no canto das quebradeiras de coco, durante a procura pelo fruto na mata e que, só depois, se transformou em ritmo dançado.

É realizada em roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos. A sonoridade é completada com as batidas do coco que os dançarinos carregam nas mãos. Adereços como o machadinho e o cofo também aparecem nas rodas de dança.

Dança do Lelê ou Péla Porco 

Uma das danças mais tradicionais do Maranhão, engloba tradições, ritos e gingados e se modifica e incrementa no decorrer do tempo. Costuma ser dançada em honra de determinados santos, ao longo do ano.

Guarda os traços das danças de salão trazidas para o Brasil pelos povos ibéricos no século 19, principalmente, na instrumentação, que utiliza de violões, cavaquinhos, flautas e rabecas para a construção da melodia.

O 'mandante' da brincadeira dá o comando para que os dançarinos se enfileirem, entre homens e mulheres. Os ritos costumam ter quatro partes, que têm início com o ‘chorado’. Seguido da ‘dança grande’, considerada a parte fundamental do lelê, quando os pares se cortejam mutuamente. Na ‘talavera’, é quando os brincantes se entregam, madrugada adentro, dançando e entrelaçando os corpos, até a chegada do ‘cajueiro’, quando a festa termina com a entrega de cajus ao público.

Também chamada de Dança do Péla (péla Porco), por um costume antigo de pessoas que se reuniam para matar galinhas e pelar porcos, o que garantia o alimento do dia posterior à festa. 

Dança Portuguesa

A Dança Portuguesa foi trazida para o Brasil por famílias portuguesas que passaram a viver no país. Segundo pesquisadores, a dança passou a fazer parte das festividades juninas em 1975, quando a filha de uma portuguesa, que morava em São Luís, juntou os amigos para uma apresentação da dança na festa junina da escola. Com o sucesso da apresentação, a mãe da aluna decidiu montar um grupo para ensinar a dança, nascia aí o primeiro grupo de Dança Portuguesa no Maranhão.

O figurino costuma ser exuberante, com paetês, plumas, longas botas em veludo, capas com bordados e cores variadas. As mulheres usam vestidos típicos de Portugal com meias, leques e lenços. Enquanto que os homens se apresentam com chapéus, luvas e bengalas.

Os brincantes dançam ao som de fados e viras, aos pares e a coreografia conta com movimentos lentos e rápidos, com saltos e giros, sempre com uma postura altiva e elegante, retratando os bailes europeus.

Quadrilha

Como em todo o Nordeste, a quadrilha também é bastante popular no Maranhão. Veio através da colonização portuguesa, que adquiriu influências indígenas e africanas ao chegar no Brasil

As roupas são coloridas e tipicamente caipiras. Os homens usam camisa xadrez, chapéu de palha e costumam ter um bigode ou cavanhaque desenhado no rosto. As mulheres fazem tranças ou maria-chiquinhas no cabelo e usam vestidos coloridos.

Pelo Nordeste, os grupos de quadrilha competem entre si. No Maranhão, a tradicional competição entre os grupos acontece na cidade de Imperatriz, na Região Tocantina.

Informação: Terra 

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