quinta-feira, 11 de julho de 2024

O ano de 2024 terá a quebra de recorde dos números do turismo no mundo. Ainda se vive uma espécie de ressaca da pandemia de Covid-19. O mundo não teve tempo de se preparar e as pessoas saíram de casa sem esperar e sem medo de serem felizes.

Acontece que os recursos do mundo continuam os mesmos e a quantidade de gente nos destinos aumentou exponencialmente. A conta não fecha e nem vai fechar se continuar nessa toada. A cada complexo turístico que se monta ou se expande, aumenta a precarização do trabalho, o consumo de energia, água e combustível, que sai do mesmo rio, usina e da reserva de mercado daquela cidade, salvo exceções para cargos de liderança ou “C-level”, estes, importados de empreendimentos maiores ou de cidades com exemplos exitosos.

A quantidade de viagens no mundo atingiu patamares muito altos, causando transtornos tanto para viajantes quanto para os moradores, indo de encontro à principal premissa do turismo, que fala que a atividade só pode ser boa para o visitante se for boa para seu morador. 

O overturismo é uma realidade. Esta semana, em Barcelona (Espanha), aconteceram protestos (novamente) de moradores contra turistas, causando uma situação muito inconveniente para quem está viajando e aproveitando para curtir o que uma cidade bonita e recheada de entretenimento tem a oferecer. Ao avaliarmos bem, o turista é a última pessoa a ser responsabilizada por isso, afinal, mais pessoas tem dinheiro hoje para viajar e o mundo está aí para ser aproveitado mesmo. Um protesto contra quem já está lá é até desrespeitoso e grosseiro.

A governança local e órgãos que gerenciam e orientam o turismo, juntamente com empresários preocupados com seus negócios é que devem se antecipar e criar medidas de regulação e requalificação das políticas comerciais, ambientais e econômicas, prevendo a salvaguarda da população, que agora sofre com o aumento do custo de vida e impactos degradantes dos patrimônios históricos, culturais e ambientais de cada região.

Amsterdã (Holanda), Barcelona (Espanha), Grécia, Portofino (Itália), Nice (França), Veneza e Procida (Itália), Ilhas Baleares, Ilhas Canárias (Espanha) e algumas regiões da Suíça, são alguns exemplos de lugares que já deixaram claro o grande impacto do excesso de gente/dia na vida de seus moradores e agora tratam de estudar medidas para barrar esse processo quase irreversível no mundo.

Ainda dá tempo de organizar tudo direitinho. Ainda há como o turismo se reprogramar de forma que imagens como as que viralizaram em Barcelona não sejam uma constante por aí.  

Regular o fluxo turístico, tentar escalonamento das férias escolares, visitar destinos alternativos aparecem como boas sugestões dentro desse espectro de possibilidades, além do mais fácil a fazer, e já estão fazendo, que é aumentar taxas de ingressos, hospedagens e transportes, excluindo mais gente de viajar e gentrificando espaços sem a menor necessidade.

Taí um ótimo desafio para as próximas gestões.

Texto e imagens: Beatrice Borges


0 comentários:

Postar um comentário