A robótica educacional tem se consolidado como uma ferramenta poderosa para preparar os jovens para o futuro, e o SESI Maranhão tem sido protagonista nesse movimento. Em entrevista, Diogo Lima, superintendente do SES-MAI, detalha a trajetória de sucesso do programa no estado, que tem uma participação cada vez maior de escolas públicas. A temporada 2025, com a temática "Submerged”, será lançada dia 11 de outubro, no SESI Casarão da Indústria, e desafia os alunos a explorarem soluções inovadoras para problemas relacionados ao fundo do mar, abordando áreas como pesquisa, sustentabilidade e preservação. Nos dias 14, 15 e 16 de fevereiro, serão 100 equipes do Maranhão, Piauí, Pará, Paraná, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraíba disputando em São Luís.
Ao longo da conversa, Diogo destaca a importância da robótica para o desenvolvimento de habilidades essenciais, como trabalho em equipe, resolução de problemas e pensamento crítico, além de abrir portas para o mercado de trabalho, com muitos estudantes saindo da escola dominando diferentes linguagens de programação. O sucesso da metodologia reforça o compromisso do SESI Maranhão em oferecer uma educação inovadora e de excelência, preparando os jovens para os desafios do século XXI.
Como podemos resumir a trajetória do SESI-MA desde a implantação do ensino de robótica?
Diogo Lima - É um caminho sem volta. A robótica se tornou essencial na educação atual, num mundo onde a criança tem acesso à informação e entretenimento de forma instantânea e constante. A escola precisa se adaptar a essa nova realidade, e a robótica é uma ferramenta poderosa para engajar os alunos nesse processo. É importante desmistificar a ideia de que robótica é apenas construção e programação de robôs. Ela abrange diversas áreas do conhecimento, como arte, esporte, ciência e tecnologia.
Há uma diversidade de usos, de aplicações...
Diogo Lima – Sim, diversas! Desde robótica artística até robôs esportivos, passando por missões que simulam problemas reais e projetos de engenharia. Essa variedade permite atender aos diferentes interesses dos alunos e desenvolver habilidades importantes, como trabalho em equipe, resolução de problemas e pensamento crítico. Temos um programa pedagógico que articula quase todas as competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) preconiza. E os resultados dos nossos alunos tanto nos processos avaliativos na escoa quanto no ENEM demonstram a confiança que temos na nossa metodologia de trabalho.
O Torneio SESI de Robótica foi um marco para o estado. Fale mais sobre esse evento.
Diogo Lima – Foi a quarta edição do torneio e a primeira vez que o Maranhão sediou uma etapa do Festival SESI de Robótica. Reunimos mais de 80 equipes do estado, incluindo escolas públicas participantes do programa Prototipando Sonhos, uma parceria com a FAPEMA. O programa visa democratizar o acesso à robótica, e o resultado tem sido incrível, com escolas públicas montando seus próprios times e participando de competições. Este ano teremos 65 equipes de escolas públicas. Formamos uma quantidade de escola públicas, com apoio da FAPEMA, que só o Maranhão teve ano passado 10% das vagas do Campeonato Brasileiro.
Como o SESI consegue atrair tantos competidores?
Diogo Lima – Criamos um campeonato atrativo, com experiências imersivas em 3D e atividades extras, como pistas de kart. Isso ajuda os alunos a se manterem motivados e focados nos seus objetivos a longo prazo. Municípios como o Rosário, para onde o SESI levou a robótica, hoje está montando um programa próprio de robótica completamente independente. A lógica é essa. Nosso objetivo é construir um projeto de revolução educacional no Maranhão, e a robótica tem sido fundamental nesse processo.
É muito importante proporcionar aos alunos essa oportunidade de estar imersos em uma equipe, ter aquele senso de coletividade, de trabalho em equipe. Poderia citar algumas dessas equipes?
Diogo Lima – Temos a Iron League, a primeira a chegar no Nacional; a Fênix, a primeira no Open; e a Everest, a primeira no Mundial. A Falcons, equipe predominantemente feminina, conquistou troféu no Nacional de FTC. A Gypsy Dangers também se destaca. No total, são 35 equipes, um crescimento enorme em cinco anos. Na Fórmula 1 nas escolas somos um dos estados com mais equipes, com 10 só na Escola SESI São Luís. Nós chegamos no Maranhão ao ponto de ano passado, termos o maior regional de evento único do país. A maior operação desde que a First se instalou no Brasil. Trabalhamos também, além da ideia de competição, a de cooperation, que é a ideia da forma como vai competir, de ser algo colaborativo, cooperativo. Então, a gente trabalha muito em cima da formação dos valores desse aluno.
Qual a temática da robótica este ano e o que o SESI-MA está programando?
Diogo Lima - A temática global é "Submerged", explorando o fundo do mar e abordando pesquisa, sustentabilidade, preservação e controle de crises. No SESI Maranhão, além da robótica LEGO, também integramos a F1 in Schools, focando em empreendedorismo, engenharia e desenvolvimento de produtos. Este ano, a gente vem do mesmo tamanho que o campeonato Nacional, com 100 equipes. E sendo chamados a atenção para o Nacional porque a gente não pode ter mais equipes do que eles em um torneio. Então, isso é espetacular. As crianças que participam vão lembrar disso para sempre: na profissão, nos valores transmitidos e nos conhecimentos obtidos. E o mais importante: eles são os protagonistas. Então, a competição é só uma embalagem de motivação. Ela não é a essência. A essência é o processo educacional.
Pergunta - Como os alunos são selecionados para participar das equipes?
Diogo Lima - Essa pergunta é fantástica porque tem a questão das vocações. O processo seletivo considera as diferentes habilidades necessárias em cada categoria. Na robótica LEGO, por exemplo, há áreas como design e desafio do robô, projeto de inovação e Core Values (valores da competição). Você percebe que duas dessas áreas estão ligadas ao robô e duas estão ligadas a aspectos científicos e comportamentais. Já na Fórmula 1 in Schools temos o piloto, o marketing, a comunicação, o projeto social e a área de empreendedorismo. Os alunos podem se candidatar para áreas específicas, formando equipes multidisciplinares.
Alguns alunos se mantêm conectados à robótica mesmo após saírem da escola? Explica melhor.
Diogo Lima - Sim, muitos ex-alunos continuam engajados com a robótica. Criamos oportunidades de estágio em nossos laboratórios e o cargo de técnico em laboratório de robótica, incentivando a formação e aproveitando a experiência desses jovens para inspirar novas gerações. A experiência de um ex-competidor, campeão, é fundamental na formação de uma nova geração. Então é um processo que se autoconstrói permanentemente.
E sobre os alunos que já programam utilizando código?
Diogo Lima - Temos casos como o de um integrante da equipe Dracarys, campeã maranhense, que utiliza Python há anos. Alguns alunos, com apenas 11 ou 12 anos, já programam nessa linguagem, demonstrando grande aptidão e conhecimento técnico. Ao chegarem ao ensino médio, muitos já dominam duas linguagens de programação, o que os coloca em posição de destaque no mercado de trabalho. Estamos proporcionando a essas crianças uma vantagem competitiva.
Quais recursos são utilizados no SESI para ensinar robótica?
Diogo Lima - Utilizamos a robótica LEGO como base para diversas categorias, além da FIRST TECH CHALLENGE (robôs médios) e FIRST ROBOTIC COMPETITION (robôs grandes). Contamos com laboratórios equipados com softwares, equipamentos de robótica, impressoras 3D e outros recursos que proporcionam aos alunos uma experiência completa.
Como manter o entusiasmo dos alunos a longo prazo?
Diogo Lima - Como toda área de educação a gente cria ambientes que estimulam, como por exemplo, os laboratórios e os alunos acabam ficando no contraturno na escola por vontade própria. Lá eles têm acesso a tecnologias de ponta. Os alunos se envolvem em projetos desafiadores e participam de competições, o que os mantém motivados e engajados.
Informação: Fiema
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