O estado pode se beneficiar da demanda crescente por energia renovável e produtos sustentáveis
SÃO LUÍS – O que o conflito entre Rússia e Ucrânia e mudanças climáticas têm a ver com o setor industrial? Essas e outras perguntas é o que o estudo ‘Macrotendências para o Futuro da Indústria 2040’ se propõe a responder. Esse tipo de análise é crucial para o planejamento estratégico de longo prazo, tanto para empresas quanto para governos. O Observatório da Indústria do Maranhão, da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), vai orientar os segmentos industriais mais importantes do estado em relação aos impactos dessas tendências globais com o objetivo de mitigar riscos e aproveitar as oportunidades.
O estudo de macrotendências, realizado pelo Observatório da Indústria do Paraná, integra o ‘Projeto Indústria do Futuro’, conduzido pelo Observatório Nacional em cooperação com Observatórios da Indústria nos estados. O estudo abrange 14 tendências que impactam as indústrias pelos próximos anos, levando em consideração os 10 setores industriais que mais contribuem para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. A intenção é identificar implicações dessas macrotendências, apresentar recomendações, se preparar para os impactos e aproveitar as oportunidades.
O coordenador do Observatório da Indústria do Maranhão, Carlos Jorge Taborda, explicou que todas as 14 macrotendências mapeadas, como Mudanças Climáticas, Escassez de Recursos e Consumo Singular, são irreversíveis. “Os empresários industriais maranhenses participaram ativamente das discussões dessas macrotendências envolvendo 9 dos 10 setores industriais abordados no estudo. Só não tivemos participação de indústrias de Tecnologia da Informação”, destacou o coordenador, acrescentando que, depois do Paraná, estado que conduziu o estudo, o Maranhão foi o estado que mais mobilizou empresários industriais para essas discussões.
Carlos Jorge explicou que os setores de Alimentos e Bebidas e de Energia são alguns dos mais impactados no Maranhão por essas macrotendências. Um exemplo são as Mudanças Climáticas, que afetam a produção de alimentos, como carne, leite e derivados, já que a produção de pasto diminui, obrigando os criadores a comprarem ração e isso encarece a alimentação animal, o que aumenta o custo final de produção. A Transição Demográfica e a Cultura do Bem-estar também impactam o setor de Alimentos e Bebidas. “O envelhecimento da população altera a demanda por determinados tipos de alimentos, favorecendo produtos mais naturais, assim como a Cultura do Bem-estar influencia a busca por uma alimentação mais saudável”, detalhou.
Já a Transição Tecnológica e Digital e as Instabilidades Geopolíticas estão mudando a dinâmica do setor de Energia, de acordo com o coordenador do Observatório da Indústria no Maranhão. “O aumento do consumo de energia, devido ao crescimento do uso das inteligências artificiais como o ChatGPT, e o conflito entre Rússia e Ucrânia levam a uma reavaliação das cadeias de fornecimento de energia, aumentando o interesse por fontes renováveis no Brasil, como energia eólica e solar”, pontuou.
O estudo sobre as macrotendências foi apresentado durante a última reunião do Conselho Temático de Desenvolvimento e Inovação (CODIN), da FIEMA, que tratou das próximas etapas para implantação da Zona de Processamento de Exportação de Bacabeira. Sobre esse assunto, Carlos Jorge acrescentou que a ZPE de Bacabeira está focada na produção voltada para exportação, especialmente em relação a combustíveis, incluindo hidrogênio verde, e que as Cadeias Multidimensionais e a Instabilidade Geopolítica destacam a necessidade de diversificação de fornecedores e a busca por parcerias comerciais mais seguras, como as que o Brasil pode oferecer à Europa, que minimizem a dependência do gás russo. “A ZPE pode se beneficiar da demanda crescente por energia renovável e produtos sustentáveis, alinhando-se às macrotendências identificadas, que exigem adaptação e inovação por parte das indústrias”, concluiu Carlos Jorge.
Informação: Fiema
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