Na última sexta-feira, 11 de abril, o curso de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) promoveu a Acolhida aos Calouros de 2025.1 com uma programação especial. O destaque do evento foi a palestra da professora Cláudia Parise, que compartilhou com os estudantes a sua experiência inédita na circum-navegação costeira da Antártica, a bordo do navio russo Akademik Tryoshnikov.
A expedição internacional, da qual a docente participou como representante da UFMA, teve por objetivo ampliar os estudos científicos sobre o continente gelado, especialmente em áreas ainda pouco exploradas pela ciência brasileira, como a Antártica Oriental. A bordo, a equipe multidisciplinar realizou diversas atividades de coleta de dados atmosféricos e oceanográficos, com o uso de tecnologias como balões meteorológicos com sensores e sondas CTD para medição de variáveis como temperatura, salinidade, pressão e umidade
A palestra fez parte da recepção organizada pelo diretório acadêmico do curso, e trouxe não apenas uma descrição técnica da experiência, mas também um relato pessoal da professora e reflexões sobre a importância da inserção do Maranhão e da UFMA em grandes projetos científicos e globais.
Para a professora Cláudia, participar da missão foi um marco na sua trajetória como pesquisadora em início de carreira. “Estar em uma instituição no Equador, podendo participar de uma expedição internacional de circum-navegação e ainda representando as mulheres, entre outras mulheres que estavam lá comigo, foi algo assim muito especial, porque eu não tenho uma carreira de tantos anos. O meu doutorado foi finalizado em 2014. Então, estou fechando 10 anos de doutorado. Ainda sou considerada uma pesquisadora de início de carreira. Considero a expedição um presente que eu ganhei. Poder trazer isso também para os meus alunos aqui na UFMA, essa conscientização, essa abertura do conhecimento, de pensar que regiões longínquas do planeta, ainda mais especialmente a Antártica, influenciam tanto a circulação atmosférica, quanto oceânica, até mesmo aqui no Equador, por meio dessas teleconexões. Então, foi algo bem especial. Eu acho que a plantinha já foi plantada ali e agora preciso daqui a pouco colher frutos disso aí, que com certeza virão”, destacou a professora.
Durante a expedição, a equipe enfrentou condições extremas e vivenciou momentos únicos, como a chegada ao campo de gelo marinho, que se formava enquanto os pesquisadores realizavam lançamentos de radiossondas. O contato com diferentes formas de gelo, como o ‘Pancake Ice’ e o ‘Multi-year Sea Ice’, serviu como base para observações sobre os efeitos de deformações geológicas e as influências de fatores naturais como ventos, correntes marítimas e a própria rotação da Terra.
Para os calouros, a palestra foi mais que uma acolhida, foi um convite à descoberta do potencial da ciência desenvolvida no Maranhão. A estudante Bárbara Cardoso, ingressante no curso, expressou seu entusiasmo com a fala da professora. “Fiquei surpresa, porque, quando a gente pensa na Oceanografia, pensa aqui na região, na biologia, não abre assim tanto para a climatologia. E ainda lá para a Antártica?! Eu estou encantada! Realmente, desperta aquela curiosidade. Dá aquela curiosidade, aquela vontade, ‘Ah, eu quero ir também!’”, manifestou Bárbara.
A professora Cláudia também destacou o impacto de trazer esse tipo de vivência para os estudantes logo no início da formação universitária. “Eu acho que é um grande choque para os alunos que estão chegando, que talvez eles tenham procurado Oceanografia por outros motivos, não sabem ainda o que é a área. Então, eu acho muito especial haver uma palestra sobre uma expedição tão grandiosa e importante, que vai gerar muitos resultados e pesquisas sobre as mudanças de nível de mar, e isso tem impactos aqui no Maranhão também. É um grande incentivo para quem está entrando, entender que a Oceanografia não é algo só local, ela se conecta ao regional e o regional ao global. O Maranhão está dentro disso. Nós precisamos ter representatividade aqui dentro e formar recursos humanos para que se tenham pesquisas de ponta na região”, enfatizou a professora.
Ao levar para a sala de aula os aprendizados adquiridos em uma das regiões mais remotas do planeta, a professora Cláudia mostra que a ciência feita no Maranhão pode alcançar qualquer lugar do mundo. Para os calouros, o contato com uma trajetória tão inspiradora reforça que o começo da graduação também pode ser o início de grandes jornadas.
Informação: UFMA
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