quarta-feira, 15 de outubro de 2025

A médica e pesquisadora Fabiane Berta explica os desafios para as mulheres

Mais de 40 milhões de brasileiras vivem hoje a fase do climatério ou da menopausa e mais de 70% delas apresentam sintomas que afetam sua saúde física, emocional e cognitiva. Neste 18 de outubro, Dia Mundial da Menopausa, a urgência é informar que a ciência já sabe mais sobre essa fase do que os sistemas de saúde conseguem acompanhar.

Sintomas como insônia, calorões, irritabilidade, ressecamento vaginal e perda da libido são conhecidos há décadas. Mas os estudos mais recentes apontam uma lista crescente de sinais neurológicos e metabólicos que também fazem parte da transição hormonal feminina. “O que vemos no consultório, e os dados globais comprovam, é que muitas mulheres chegam com queixas de lapsos de memória, dificuldade de concentração, crises de ansiedade, cansaço profundo ou alterações na sensibilidade, sem imaginar que estão entrando no climatério”, explica Fabiane Berta, médica, pesquisadora e fundadora do Mypausa como o movimento de iniciativa do estudo RENEW, primeiro registro nacional da menopausa, mapeando os 27 estados brasileiros para entender de fato a realidade das mulheres nesta fase da vida.

Entre os sintomas clássicos associados à menopausa, estão: ondas de calor (fogachos), suor noturno, insônia, secura vaginal, queda da libido, irritabilidade, aumento de peso e dores articulares.

No entanto, estudos de neuroimagem e análises hormonais têm revelado sintomas menos conhecidos, porém igualmente debilitantes, como por exemplo, lapsos de memória e dificuldade de foco, sensação de “névoa mental”, ansiedade desproporcional e repentina, queda de produtividade cognitiva, zumbidos no ouvido, palpitações sem causa cardíaca aparente, sensibilidade aumentada à luz e ao som, depressão de início tardio, problemas digestivos ou intolerâncias alimentares novas.

“Muitas mulheres são encaminhadas para neurologistas, psiquiatras ou gastroenterologistas sem nunca terem seus hormônios analisados. Quando a saúde pública e até a saúde privada falham em reconhecer o impacto do declínio hormonal, condenam essas mulheres a um ciclo de medicalização ineficaz e sofrimento silencioso”, afirma Fabiane.

Entre os tratamentos mais avançados utilizados em países que já adotaram protocolos públicos para menopausa, se destacam:

  • Exames de sangue respeitando o perfil hormonal individual da paciente.
  • Pellet hormonal que são implantes subcutâneos, sob acompanhamento médico.
  • Adesivos transdérmicos e géis de estrogênio vaginal: com absorção controlada e menor impacto hepático.
  • Nutracêuticos fitoterápicos inteligentes (smart drugs).

Para Fabiane, o grande desafio no Brasil é a falta de acesso equitativo. “Temos ciência, temos protocolo, temos medicamentos. Mulheres vulneráveis com baixo poder aquisitivo continuam recebendo antidepressivos e remédios de tarja preta”, alerta.

A especialista destaca que apesar da prevalência dos sintomas da menopausa e de suas consequências potencialmente graves para a saúde feminina a longo prazo, as pesquisas sobre esse tema foram historicamente subfinanciadas e negligenciadas, assim como a saúde das mulheres no geral.

“Falando especificamente sobre menopausa, as consequências dessa negligência são ainda mais sombrias, e os desafios para encarar essa fase costuma ser ainda mais longo e difícil. Nada justifica a ignorância. No Brasil, é de suma importância abordarmos essa questão e garantir que todas as mulheridades sejam verdadeiramente incluídas nesse entendimento”, diz Fabiane.

A fundadora do movimento MyPausa esclarece a necessidade de se discutir as múltiplas dimensões que definem o que é ser mulher, reconhecendo que essa identidade não é única, mas sim multifacetada, influenciada por fatores como raça, classe, orientação sexual, cultura e experiências pessoais.

“Somos plurirraciais e multiculturais, e quando falamos sobre mulheres, precisamos contemplar todas elas. Não somos universais; somos plurais. É fundamental reconhecer que, quando apenas um grupo avança, não estamos realmente falando de todas as mulheres, mas apenas de uma parte delas”, finaliza a médica.


Sobre Fabiane Berta:

Fabiane Berta é médica e pesquisadora (CRMSP 151.126), integrante do Science Medical Team – OB-GYN Specialist, e atua como Key Opinion Maker da Fagron Brasil. É mestranda no setor de Climatério | Menopausa e pesquisadora adjunta no setor da Endometriose | Dor pélvica pela UNIFESP. Possui pós-graduação em Endocrinologia, Neurociências e Comportamento. Atua como PI sub e chefe do Steering Committee do Estudo MyPausa (Science Valley) e como coordenadora da Saúde Feminina para a Arnold Conference 2026.

Informação: Máxima - Assessoria de Imprensa 

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