segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Desde o tempo dos “cadernos de confidências” das minhas amigas e que tinha a pergunta “Você gosta mais do dia ou da noite?”, eu nunca soube responder. Ficava elencando os fatores positivos e negativos de cada um e, dependendo do dia e do humor, respondia aleatoriamente. De lá pra cá sempre me perguntei e nunca tive certeza de nada.

Devido à vida boêmia, sempre preferi a noite, já que é na “naite” que as coisas acontecem: barzinhos, shows, brilhos, eventos...

Ocorre que comecei a trabalhar cedo e sempre com horários sacrificantes. Não me vem na lembrança ter ocupado cargos operacionais (quer dizer, o Piauí foi um capítulo à parte), o que significa estar cedo no trabalho com a mente e o corpo sãos e, necessariamente, ter uma boa noite de sono.

Mas o sono, esse que tudo cura, depende de uma série de fatores: a questão biológica de cada um, luminosidade, barulho, cama confortável, nível alcoólico, estado de espírito, dentre outros. E para cada um de nós, a quantidade de horas dormidas varia para que o corpo e o cérebro estejam em pleno equilíbrio.

Para mim, dormir menos de oito horas me torna intolerante, me deixa com o rosto cansado, de mau humor e sem raciocínio, ou seja, um ser humano desnecessário neste mundo!

Mas o tempo foi passando e o trabalho foi aumentando à medida que comecei a ter dois empregos, incluindo aí a carreira de professora (que muito me orgulho!), nos turnos matutinos e noturnos, ou seja, tenho passado parte dos meus lindos anos economicamente ativos (até bem pouco tempo), trabalhando três turnos de segunda a sexta, incluindo também quase todos os finais de semana, no caso, dedicados a monografias e correção de provas, que me permitam, queridos alunos, afirmar: a parte mais chata de tudo isso!

Pois bem, trabalho intelectual e boa noite de sono são inversamente proporcionais. Há sempre algo a mais para ler, para escrever e nos acostumamos a sacrificar a noite para poder terminar os afazeres que são sempre muitos.

Tenho aos poucos me economizado e investido em qualidade de vida, coisa que ao longo de todo esse tempo esteve esquecida. Já trabalhei tanto, que houve uma época que passei seis meses sem ter um domingo pra descansar. Fasenunca esquecida pelo meu corpo e que a minha cabeça não consegue entender e nem repetir, já que à medida que o salário aumenta o tempo para usufruí-lo diminui.

Não muito recentemente, mas desde que passei a morar sozinha, descobri coisas muito prazerosas como a importância de passar um sábado dedicado aos trabalhos domésticos ou mesmo de fazer uma comidinha e comer com calma, e mais recentemente, de acordar cedo aos finais de semana para fazer caminhadas, algo inconcebível na minha fase “doidivanas”. Acho que isso é o que todos chamam de maturidade. Uma fase onde o simples é o essencial. O extra é desperdício e desperdício não combina com pessoas inteligentes e da geração 2.0.

Tenho aproveitado os meus dias como se não houvesse amanhã. O sol irradia luz, calor, um colorido especial que faz com que você veja as pessoas nos olhos, sem maquiagens e possa apreciar os detalhes de tudo.

A noite foi feita para a recuperação do corpo, para recarregar as energias desperdiçadas durante o dia e porque não, para dormir.

Continuo curtindo uma baladinha, uma boa cerveja e o que a noite proporciona aos seus súditos, mas a fase atual, com menos trabalho e menos dinheiro me fez enxergar outro mundo.

Bem que aqueles “cadernos de confidências” poderiam parar de novo na minha mão. Eu iria dizer que sou uma pessoa do “dia”.

Texto Originalmente publicado na Edição N° 83 março 2011 do Jornal Cazumbá
Foto ilustrativa/Internet

0 comentários:

Postar um comentário