quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
A exposição “75 anos após Auschwitz – Educação e Memória do Holocausto para Justiça Global” reflete a importância contínua da ação coletiva contra o antissemitismo e outras formas de preconceito para garantir o respeito pela dignidade e pelos direitos humanos de todas as pessoas em todos os lugares. Foto: Foto: ONU/Elizabeth Scaffidi

Há 75 anos, quando soldados do exército soviético entraram no campo de concentração e extermínio de Auschwitz, na Polônia, eles ficaram “atordoados e silenciados” pelo que viram, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Enquanto nazistas tentaram esconder evidências dos assassinatos em massa ocorridos na Segunda Guerra Mundial, “milhões de itens de roupas e toneladas de cabelos contavam sua própria história terrível”, disse Guterres, durante a abertura da exposição na sede da ONU, em Nova Iorque, que lembra o 75º aniversário de libertação de Auschwitz-Birkenau.

O fechamento dos campos marcou o fim do Holocausto, mas foi apenas o início dos esforços para garantir que crimes como aqueles nunca mais aconteçam.

“Nunca esquecerei a visita que fiz a Yad Vashem há dois anos”, lembrou o secretário-geral da ONU, referindo-se ao Centro Mundial de Lembrança do Holocausto, em Jerusalém. “Fiquei chocado mais uma vez com a capacidade do antissemitismo de se reinventar e ressurgir várias vezes ao longo dos milênios.”

Apontando para o “assustador crescimento de ataques antissemitas” nos últimos anos, Guterres afirmou: “nunca poderemos baixar nossa guarda”.

Apontando para o “assustador crescimento de ataques antissemitas” nos últimos anos, Guterres afirmou: “nunca poderemos baixar nossa guarda”. Foto: ONU

Para o secretário-geral da ONU, isso ocorre por conta “de um aumento preocupante de casos de xenofobia, homofobia, discriminação e ódio de todos os tipos”. Ele acrescentou que até o próprio nazismo muitas vezes ameaça ressurgir, “às vezes abertamente, às vezes disfarçado”.

Continuar contando a história

Guterres disse que “memória e educação” são partes essenciais para esforços de prevenção, “porque a ignorância cria um campo fértil para narrativas falsas e mentirosas”. “‘Nunca mais’ significa contar a história de novo e de novo”, defendeu.

O chefe da ONU prestou homenagem ao sobrevivente do Holocausto Zoltan Matyash, assim como a todos os outros sobreviventes que “inspiram com sua força e exemplo”.

“À medida que os sobreviventes envelhecem, é essencial mantermos suas memórias vivas e carregar seus testemunhos adiante para novas gerações”, enfatizou Guterres.

A exposição “75 anos depois de Auschwitz – Educação e Memória do Holocausto para Justiça Global” ressalta a necessidade contínua de ação coletiva para combater o antissemitismo e outras formas de preconceito.

“É por isso que exibições como essa são tão importantes”, defendeu o secretário-geral da ONU. “Esses retratos de sobreviventes do Holocausto falam sobre dignidade, humanidade e interconexões de cada membro único da nossa família humana”, completou.

Mais a ser feito

O chefe da ONU destacou as “histórias comoventes de sobrevivência e coragem” como uma inspiração para “combater a perseguição, o ódio e a discriminação, onde quer que sejam encontrados”.

Guterres também observou que a Assembleia Geral da ONU realizará uma reunião em alguns dias para prestar homenagem às vítimas do Holocausto e renovar o comprometimento internacional para “prevenir qualquer repetição de crimes como estes contra a humanidade”.

“Entender a nossa história nos conecta com os valores humanos essenciais da verdade, respeito, justiça e compaixão”, disse. Ele afirmou que esses valores estão sendo atacados de todos os lados, e que “precisamos reafirmá-los mais do que nunca”.

Guterres prometeu manter uma postura firme “todos os dias e em todos os lugares” contra o antissemitismo, o fanatismo e o ódio em todos os seus tipos.

“O mundo falhou com aqueles que morreram e com aqueles que continuam sofrendo em razão do Holocausto”, disse o secretário-geral da ONU. “Não podemos falhar com eles novamente, permitindo que suas histórias sejam esquecidas”, concluiu.

Informação: Nações Unidas 

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