sábado, 28 de março de 2020
Os empresários de Barreirinhas estão enfrentando os efeitos do cancelamento de reservas provocado pela situação sanitária e pelo fechamento do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses


Lençóis Maranhenses - Desde os primeiros impactos da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) no país, um dos setores que mais vem sofrendo as consequências negativas da emergência sanitária é a cadeia produtiva do turismo. No Maranhão, último estado a ter casos confirmados no país, os efeitos negativos para o setor chegaram antes mesmo dos resultados positivos da contaminação pelo vírus.

No último dia 17 de março, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), fechou para visitação o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Este novo cenário forçou os operadores de turismo e empresas ligadas à cadeia produtiva do turismo locais à encontrar novas soluções para mitigar os prejuízos provocados pela medida.

A primeira semana de fechamento do parque foi de tomada de medidas e de rearticulação dos negócios para adaptar a operação dos equipamentos turísticos ao momento, como férias coletivas, geração de conteúdo sobre o fechamento do Parque e sobre medidas de higienização e profilaxia para fazer frente à possibilidade de contaminação pelo Covid-19, uma vez que ainda haviam visitantes de estados e países atingidos pela crise sanitária.

No entanto, as empresas ainda não confirmam demissões. De acordo com o empresário Roberdan Caldas, que representa as agências e operadores de turismo no Conselho de Turismo de Barreirinhas, o momento é de incerteza. “A restrição é total. Não há vendas. Está tudo em aberto. A situação é crítica. Toda a cadeia do turismo no Brasil está parada, claro que por um motivo justo, mas aguardamos com ansiedade as orientações dos governos federal e estadual sobre impostos, acesso à crédito e pagamento de folha”, disse.

No entanto, apesar da cautela, ele vê risco para a saúde das empresas pelo movimento dos turistas que já haviam comprado pacotes e feito reserva para o período. “Muitos dos empresários estão garantindo a tarifa de 2020 para a temporada de 2021, como uma estratégia para facilitar as remarcações. No entanto, há riscos, porque grande parte dos clientes estão solicitando reembolso e não estão remarcando”, comentou Roberdan.

CRIATIVIDADE

A criatividade do empresariado local está levando à reorganização dos equipamentos turísticos em Barreirinhas. Segundo Carlos Kerluylys, que gerencia um dos meios de hospedagem da cidade, outros segmentos de público ainda estão buscando os serviços. “Estamos nos voltando para o turismo de negócios. Ainda há representantes comerciais e outros profissionais precisando de hospedagem e nosso faturamento está restrito a este tipo de público”, disse.

Outra medida diz respeito ao restaurante que servia refeições para os clientes do hotel gerenciado por Kerluylys. “Adotamos o Delivery como forma de manter o faturamento da empresa. Mesmo sabendo que não terá o mesmo nível de faturamento encontramos esta opção e estamos nos adaptando à realidade”, comentou.

Já a empresária Maria Luiza Silva que tem um restaurante e duas pousadas em Barreirinhas, optou por conceder férias coletivas para os funcionários, e fazer renegociações com os clientes pela remarcação das reservas feitas para o período. “Antecipei as férias de quem tinha período aquisitivo. De imediato, o restaurante já foi fechado. Essas são medidas para garantir a segurança dos meus funcionários e reduzir o custo para enfrentar este momento. Além disso, estamos adotando a sugestão do Sebrae de negociar com nossos clientes para remarcar para uma data em que essa situação esteja resolvida. Estamos mantendo os créditos por um ano para remarcar. Acreditamos que até junho estará tudo normalizado e por isso entendemos que agora é um momento de reaprender e é isso que estamos fazendo”, disse.

Cenário e orientações para continuar no mercado

Segundo dados do World Travel (WTTC), entidade mundial de viagens e turismo, em 2018, o turismo contribuiu com US$ 152,5 bilhões para o Produto Interno Bruto (8,1% do total). Ao todo, o segmento gerou 6,9 milhões de empregos. O levantamento ainda detalha que 99% dessa cadeia é composta por pequenas empresas. Elas representam 1,9 milhões de empreendimentos, divididos entre diferentes atividades, como agências de turismo, hotéis e pousadas, transporte, atrativos, eventos e até bares e restaurantes.

Germana Magalhães, coordenadora de Turismo do Sebrae, orienta que os empresários devem planejar como será a administração do negócio durante a paralisação; estruturar canais de atendimento com o cliente visando a negociação das reservas que possam ser utilizadas futuramente, seja remarcando ou gerando créditos, além de dar respostas e soluções rápidas a clientes e fornecedores.

“É essencial que a política de cancelamento seja flexibilizada ao máximo para que essa reserva seja remarcada, evitando o cancelamento e o reembolso. Em um momento como esse, reservas futuras podem garantir o fluxo de caixa mínimo”, orienta. Depois que todas as medidas emergenciais e de adaptações estiverem em curso, é importante o empresário começar a planejar iniciativas para a retomada da normalidade, explicou a coordenadora do Sebrae.

O que pode ser feito no período de paralisação das atividades:

• Transfira o que for possível das atividades com sua equipe, fornecedores e clientes por canais a distância/ virtuais.
• Comunique em todos os canais as medidas que a empresa está tomando relacionadas à política de cancelamento. Aproveite esse momento para demonstrar os serviços futuros.
Planeje como irá administrar sua empresa nesse momento de paralisação.
• Analise quais contratos podem ser negociados para depois, converse com os fornecedores.
• Isole ambientes que ficaram parados durante este período.
• Acompanhe e planeje o fluxo de caixa.
Fique atento às medidas econômicas do governo e bancos quanto ao apoio aos pequenos negócios e ao setor de turismo.
• Converse com seus agentes financeiros sobre linhas de créditos e flexibilização de pagamentos de empréstimos
Depois que todas as medidas emergenciais e de adaptação estiverem em curso, comece a pensar na sua retomada.
• Mantenha-se ou se insira na governança do seu destino, esse é o momento de se unir e trocar boas praticas.
• Use o momento para refletir sobre o seu negócio, veja como ele está posicionado. Se reorganize para, quando essa fase passar, a empresa retorne mais fortalecida.
• Pense em uma campanha de marketing associada ao destino no qual está inserido.
• Avalie novos canais de comercialização e mantenha ainda mais forte o que a empresa já tem.
• Crie conteúdos que demonstrem a experiência futura que o cliente terá, sempre deixando a mensagem que no momento ele precisa ficar em casa, mas que em breve o seu serviço ou produto estará ainda melhor pra recebê-lo.

Informação: Agência Sebrae 

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