segunda-feira, 16 de março de 2020

Bastava perder um dos sapatinhos da minha Barbie pra eu já acionar o céu e pedir para São Longuinho (por tudo que tinha de mais sagrado) para trazer de volta aquela peça preciosa da minha amiguinha e eu dar três pulinhos e três gritinhos em agradecimento: “Achei São Longuinho! Achei São Longuinho! Achei São Longuinho!”. Vai dizer que sua mãe não lhe ensinou que esse santo de nome engraçado achava nossas coisas perdidas? Pois é, desde cedo eu já cultuava essa figura.

Fui crescendo e outros santos foram tomando o lugar dele nas minhas invocações, mas não é que mês passado, sem querer entrei numa loja que vende imagens de santos e vi um São Longuinho? E não é que ele existe mesmo? Mal acreditei que era verdade e prometi para mim mesma que vou fazer uma espécie de altar para os santos que sempre estiveram dando, digamos, um auxílio ao longo dessa vida “trabalhosa” que tenho.

São Longuinho tem data comemorativa no Brasil dia 15 de março e estou à procura de pessoas que são devotas desse santo para uma entrevista, pois, de acordo com a vendedora da loja, “esse santo vende bem”!

Fui perdendo algumas coisas, mas achei um namorado bacana que deve ter tido a interferência de Santo Antônio. Só pode ser! Porque o período coincide quando ganhei uma imagem do santo casamenteiro da minha digníssima mãe (será que isso significa alguma coisa?).

Minha família sempre foi devota de Santo Antônio, muito mais pelas festanças associadas a ele que pela graça propriamente dita, mas depois desse episódio comecei a enxergá-lo com outros olhos. É outro que vai para o altarzinho!

Caso Santo Antônio cumpra com sua missão de me casar, será ao som de um cordão de São Gonçalo, cuja harmonia anima qualquer um e desde criança escuto a ladainha e as cantorias, mesmo sem saber se o santo existia mesmo. São Gonçalo é um santo engraçado. Sua imagem é de um senhorzinho segurando uma viola e sua missão era de tentar converter as prostitutas a não “caírem na vida” e por isso também leva a culpa de ser casamenteiro. Fui saber disso há pouco tempo, numa conversa de bar, mas associei na hora seu perfil alegre e animado aos “Cordões de São Gonçalo” que estou acostumada a brincar até de manhã. Por conta da sua coragem em pleno século XI e por suas festas animadas, terá um lugarzinho também nesse altar, que afinal, só terá santos cheios de estilo!

Outros santos que merecem estar nessa cúpula também têm a fama de serem festeiros ou pelo menos, são motivos de muitas festas por essa Ilha do Amor: São João, São Pedro e São Marçal. Onde já se viu uma ludovicense não agradecer a esses três santos por tanta festa e comemoração? Não, por puro agradecimento eles têm lugar cativo em meu altar e também em minhas preces.

Como grande devota que sou da minha avó, não poderia deixar de cultuar a avó de Jesus, que é Nossa Senhora Sant’Ana. Essa sim esteve presente em minha vida inteirinha. Comemorada dia 26 de julho, sei o hino e também sua oração. Sempre está em meu travesseiro junto com opai-nosso e a ave-maria. A imagem dela, embora feita por diferentes escultores, sempre é de uma senhorinha com cara de “gente boa”, assim como a minha avó. Acho que essa vai ficar no centro do altar!

E para encerrar o texto sacro deste mês, quero também deixar um lugar reservado para Santa Clara, que muito representa na minha família. Sempre que as coisas estão ficando difíceis, grito logo: “Santa Clara clareai e traz a luz”, e as coisas vão tomando o rumo que tem que tomar, não é claro, antes de eu pedir uma mãozinha para Santo Expedito, que a propósito, tem urgência em resolver tudo. E problema, sabe como é, não é bom deixar pra resolver amanhã. Esse também tem um lugar garantido!

Até a próxima!

Texto Originalmente publicado na Edição N° 69 outubro 2009 do Jornal Cazumbá

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