terça-feira, 26 de maio de 2020
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A Antracnose causada por Colletotrichum spp. é uma doença importante em todo o mundo e afeta o rendimento, a produção e a pós colheita de frutos de mamão ( Carica papaya L.). No Brasil, o  fungo Colletotrichum sp. causa sérios problemas na produção pós-colheita, pois afeta severamente a comercialização de diversas frutas, entre elas, o mamão.

Um trabalho realizado pelo grupo de pesquisa da profa. Dra. Ilka Serra, do Laboratório de Fitopatologia/Microbiologia da Universidade Estadual do Maranhão observou-se que frutos de mamão apresentavam lesões marrons escuras e afundadas cobertas com massas de esporos de cor salmão, sintomas estes, típicos da doença antracnose. Os frutos foram obtidos em um mercado de produtos frescos na cidade de São Luís- Maranhão, no período de janeiro a fevereiro de 2018, para uma pesquisa, de trabalho de dissertação da aluna Larisse Dias.

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Para Profa. Ilka Serra, o objetivo da pesquisa era entender com precisão a taxonomia dos patógenos causadores de doenças em frutos de mamões em todas as fases do processo de produção. “Originalmente, o estudo foi pensado exclusivamente, para testar um modelo alternativo de controle de podridão de frutas tropicais na pós-colheita, compondo assim, o manejo integrado de doenças de plantas. Nesta etapa, a fruta escolhida foi o mamão pela sua relevância e importância para a economia nacional. Contudo, as podridões na fase de pós-colheita podem ser causadas por inúmeros patógenos fúngicos, especialmente as espécies do gênero Colletotrichum, que se configuram como as mais importantes nesse contexto. O estudo do gênero, no entanto, é bastante desafiador, uma vez que hoje, somente na região nordeste, existem por volta de dez espécies já catalogadas. Nesse sentido, antes de dar andamento ao objetivo inicial da pesquisa, foi necessário que se identificasse, a nível genético, a espécie estudada,” ressalta a professora.

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A incidência da doença foi estimada em cerca de 60%. Os primeiros sintomas apareceram dois dias após a inoculação e, ao final do teste, os sintomas foram semelhantes aos observados inicialmente no mercado de produtos frescos. Essa medida de manejo será aplicada para minimizar os danos econômicos, causados pela antracnose em mamão na pós colheita, destaca a aluna de mestrado do Programa de Agroecologia da UEMA, Larisse Dias.

Recentemente a pesquisa teve um artigo publicado na revista Plant Disease, um dos periódicos da área de maior relevância e visibilidade no mundo, admitindo artigos apenas publicados em inglês. É avaliada pela CAPES como periódico A1 (nível máximo de classificação da agência) nas áreas de Ciências Agrárias, Biotecnologia, Biodiversidade, Interdisciplinar e Zootecnia.

"Publicar na Plant Disease não apenas mostra a qualidade da pesquisa realizada na UEMA, mas também eleva a IES no quesito internacionalização o que, sem dúvidas, atrairá incentivos, parcerias e mais projetos com alto nível de excelência,” conclui o Prof.Dr.Thiago Anchieta de Melo, um dos pesquisadores envolvidos na pesquisa.

A descoberta acende um alerta importante no que se refere a necessidade de estudos sobre a filogenia do gênero Colletotrichum, especialmente no Maranhão, um Estado que apresenta expressiva biodiversidade, inclusive, microbiológica. Nesse sentido, o  Grupo de Pesquisa em Fitopatologia/Microbiologia e Biotecnologia da UEMA vem se reconfigurando, a partir dessas descobertas, com o foco de catalogar e buscar entender melhor as espécies fúngicas de ocorrência no Estado, contribuindo assim, para o melhor entendimento do gênero fúngico estudado.

A Profa. Ilka Serra ressalta ainda, que a pesquisa coloca a Universidade Estadual do Maranhão num patamar de visibilidade a nível mundial na taxonomia de fungo desse gênero. “Nesse aspecto  a publicação em uma revista de alto impacto como a Plant Disease  coloca a UEMA num grau de reconhecimento importante. Todas as pesquisas e publicações que a partir de agora citarem o fungo, Colletotrichum okinawense terão em suas citações menção a essa publicação feita pela nossa Universidade,” conclui.

Informação: UEMA 

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