terça-feira, 9 de junho de 2020

Prefeitura de São Luís, em parceria com o Governo, prepara ...

(Rafael dos Santos Marques)

"Upaon Açu é só vibração, O clima mudou. As constantes chuvas vão dando lugar aos dias ensolarados e a noites estreladas.

É outra luz. Outra energia.

Os últimos preparativos. Muita ansiedade e  corre corre. Tudo pra ficar brilhante e reluzente. Bordadeiras e costureiras fazem plantão.

Artesãos aceleram o passo. Terminam os últimos ensaios de brincantes e músicos. Ninguém para. Ninguém cansa. Entra em cena uma autodoação que só o amor explica. A euforia começa a tomar conta da cidade. 

É o tempo de festejar. O tempo da alegria. O tempo de um mundo de cores e movimentos. O tempo de escancarar para o mundo o orgulho de ser daqui.

Os santos populares marcam o calendário. Dia 13 dá a largada. O dia do casamenteiro coincide com os batizados das Orquestras e outras brincadeiras. A seguir com uma programação farta que reina em todo lado onde a atração maior somos nós mesmos e as nossas comidas. Somos a plateia e o palco. O artista e o espectador. O brincante e o produtor.

A riqueza folclórica é espantosa com tantas formas de dançar, tocar, batucar, se apresentar, cantar...sem igual no mundo!

Dia 23 é o batizado dos batalhões que seguem à risca a tradição como Ilha, Pindaré, Guimarães e Cururupu. 24 é o dia do santo festeiro mas é no dia 29 e na sua véspera que o santo dos pescadores marca o auge da festança com muita devoção e brincada.

Pra fechar com chave de ouro o João Paulo celebra o santo do dia 30 com o som nativo mais característico da Ilha na maior festa folclórica espontânea do Brasil...deixando saudades e com gostinho de quero mais..."

O sonho na verdade é um suspiro da minha alma...

Desde que a cultura popular ganhou o corpo como o conhecemos na nossa terra hoje, este é o primeiro junho de toda a nossa história que o Boi não vai urrar, as matracas e os pandeirões vão silenciar, o cacuriá e o cazumba não terão rebolado, a quadrilha não terá anarriê, a orquestra se recolherá, as mãos e os pés não terão calos, vaqueiros não vão campear, índias permanecerão em suas ocas, tambor onça não vai esturrar, a sanfona e o triângulo não se encontrarão, a dança portuguesa chorará um triste fado, os rajados: sem fitas; a dança do coco vai ficar só nos babaçuais, tambor e zabumba não vão roncar, o lelê sei lá, caboclos de pena não sairão das matas, os maracás: guardados; Catirina não vai engravidar, terreiros esvaziarão, poeira não levantará e não haverá cantoria nem fogueira e as noites terão estrelas somente no céu....

Mas nada disso morreu! Continua muito vivo. Porque está no nosso DNA. É imaterial. É espiritual. A fábrica desta magia cultural está dentro de nós. Legado dos nossos avós e cultivado por nós.

A alma maranhense chora e se inquieta porque não vai entrar em erupção este ano. Vai ficar adormecida. 

Mas guarda em seu âmago a força da história e da essência desta gente única e mestiça que surgiu do encontro da Ameríndia com a África e a Ibéria neste canto encantado de muita Brasilidade onde o Nordeste encontra a Amazônia.

Por tudo isso neste junho o São João continua  muito vivo no coração de cada maranhense da gema. Não faz cantar mas canta. Não faz dançar mas dança. Não faz festejar mas festeja. Não faz emocionar mas se emociona. Não pode pagar promessas mas reza e continua devoto dos santos e encantados. 

Então é hora de irrigar a nossa alma. Fertilizar o espírito. Adubar o coração. Refletir.  Adormecer para despertar com mais energia!

Perder para ganhar!
Ter saudades para ressignificar!
Chorar para sorrir!
Silenciar para cantar!
Desaprender para aprender!
Morrer para viver!
Parar, Para Seguir!

Feliz Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal!

Viva a cultura viva do Maranhão!

Junho 2021 que nos aguarde: o vulcão adormecido entrará em erupção com lava de emoções em dobro! 

Imagem: Internet/ Agência São Luís 

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