segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Por Antonio Noberto,
*Turismólogo e membro-fundador da Academia Ludovicense de Letras - ALL
Foi inaugurada no último mês de setembro em São Luís a Biblioteca Dinâmica Mário Martins Meireles, idealizada pela escritora Joana Bittencourt e pela produtora cultural Kátia Castro, e gerida pela Sociedade Artístico-Cultural Beto Bittencourt. A biblioteca é mais um espaço de educação e cultura para os maranhenses e uma justa homenagem àquele que foi um dos escritores maranhenses de maior destaque. O evento foi abrilhantado com a presença das duas filhas do historiador, Ana Maria Meireles e Ana Otília Meireles Teixeira, a “Mimi Meireles”, além de muitos artistas e escritores regionais, entre os quais Wilson Marques, Joãozinho Ribeiro e a esposa Rose, Fransoufer, Moema Alvim, Marita Gonçalves, Marla Silveira, Cleber Mendes, Erivaldo Moreira, e Simão Cireneu. A cantora Fernanda Garcia, acompanhada pelo violão de Paulinho Oliveira, deu o tom da melodia. Os atores Tedd Mac e Leonel Alves proporcionaram mais alegria a já animada noite.
A Biblioteca tem o diferencial da dinâmica em razão da mobilidade, ou seja, pode ser montada em eventos, escolas, praças, etc., o que a torna mais próxima do público alvo. Várias escolas já agendaram visitação e parceria com a mesma, entre elas, escola São Camilo Lelis, Olinda desterro e São Francisco. A gestão e o agendamento de visitas estão a cargo da Sociedade Artística e Cultural Beto Bittencourt, instituição inaugurada em 1999, em homenagem ao também saudoso Beto Bittencourt, o “Beto Bonequeiro”.
Mais da metade dos livros do acervo foi fruto de doação, com destaque para o Ministério da Cultura, que através da Biblioteca Nacional ofertou um “Kit leitura”, que compreendeu 650 exemplares, computador com impressora, mesas e cadeiras, etc. O endereço da Sociedade e da Biblioteca é Rua 7, Quadra H, Casa 1, Jardim Bela Vista, Cohama, São Luís-MA.
O professor Mário Martins Meireles (1915 – 2003) foi um dos maiores historiadores do Maranhão de todos os tempos. Sua obra é contada com a dos mais eminentes, como Jerônimo de Viveiros, Sotero dos Reis e João Francisco Lisboa. Seus mais de trinta títulos versam sobre temas que incluem a França Equinocial, a história da medicina, do comércio, os primeiros navegadores, dentre outros. Poucos conheceram tão bem a proto-história do nosso estado quanto ele, o que o colocou entre os mais consultados historiadores desta parte do Brasil Setentrional. A inquietude de Meireles frente ao desafio da pesquisa conferiu-lhe qualidades marcantes, um pesquisador que buscava o detalhe, a exatidão da história que se julgava perdida, quebrada. Atrás da informação, do fato, ele fazia o que era preciso ser feito, gastava do próprio bolso, ia a qualquer lugar, custe o que custar, pois o importante era a racionalização da história da sua terra e da sua gente. Poucos se entregaram tanto a esta causa. Não por acaso emprestou seu nome a diversos logradouros no estado, sendo na capital: nome de avenida (que contorna a Lagoa da Jansen), escolas e bibliotecas, e agora, com a inauguração de mais este espaço.
Meireles exerceu diversas atividades profissionais como Agente fiscal de tributos federais, professor titular da Universidade Federal do Maranhão, Delegado regional do Imposto de Renda (em São Luís/MA e Juiz de Fora/MG), Chefe da casa Civil no governo Pedro Neiva de Santana, dentre outros. Além disto, integrou a Academia Maranhense de Letras, o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, a Sociedade Amigos da Marinha, o Conselho Estadual de Cultura, etc.
A todos os que concorreram para a realização deste lócus cultural nosso sincero parabéns.
A gente se vê!
Texto Originalmente publicado na Edição N° 66 outubro 2009 do Jornal Cazumbá
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