terça-feira, 1 de setembro de 2020

SÃO LUÍS - São mais de 40 anos de história, diversas premiações e grandes talentos revelados. Criado em 1977 e promovido pela Diretoria de Assuntos Culturais (DAC) da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da Universidade Federal do Maranhão, o Festival Guarnicê de Cinema é o terceiro festival de cinema mais antigo do Brasil, sua história tem início na capital maranhense, São Luís, com o nome Jornada Maranhense de Super 8.

Reunindo participantes de todo o país, o Festival é um exemplo de integração universitária: para sua realização conta com ajuda de estudantes da universidade que se empenham em entregar uma programação de qualidade, evidenciando a cultura local. O engajamento do festival cresceu ao ponto de se expandir para o município de Imperatriz, local em que a UFMA também tem um câmpus. A equipe deste ano envolve, além da Proec e o DAC, a Superintendência de Tecnologia da Informação (STI), a Superintendência de Infraestrutura (Sinfra), a Superintendência de Comunicação e Eventos (SCE) e o próprio gabinete da reitoria. De acordo com a coordenação do evento, a proposta é levar inovação e manter a tradição ao mesmo tempo. Diante de um orçamento enxuto, a realização do evento irá explorar a criatividade de todos os envolvidos.

Mas por que “Guarnicê”?

O Festival ocorre sempre em junho, mês em que há bastante movimento dos grupos folclóricos no estado, e para dar mais representatividade e exaltação à cultura local, o nome do evento é perfeito para a “cara” da cultura do Maranhão.

E não se pode falar de cultura maranhense sem mencionar o bumba-meu-boi, que é  Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e a maior manifestação folclórica do Maranhão, com centenas de anos de tradição.

O nome “guarnicê” é o momento em que o batalhão se reúne para a canção da toada que anuncia a chegada do boi enquanto ocorre preparação em torno das fogueiras para esquentar os tambores e pandeirões.

O que rola no Festival?

Durante a programação do evento, diversas apresentações do ramo audiovisual do Brasil são exibidas: filmes de curtas, médias e longas-metragens, nos formatos 8 milímetros, 16 milímetros e 35 milímetros em mostras informativas e competitivas.

Para prestigiar as produções, mais de 30 prêmios diferentes nas áreas de filme, vídeo e produções locais são entregues aos participantes, como Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Vídeo, Melhor Fotografia, dentre outros. Além do destaque estadual, o Festival é fundamental na visibilidade de produções audiovisuais de cineastas de todo o Brasil.

Para além das apresentações, o Guarnicê de Cinema oferece oficinas, palestras e debates voltados para a área, contribuindo com a formação do pensamento científico-social dos participantes.

Novo conceito e novo desafio

A novidade, que também é um desafio, é que neste ano, a 43ª edição do evento será diferente, com realização entre os dias 14 e 21 de outubro, devido à pandemia da covid-19. O Festival ocorrerá no formato híbrido, sendo apresentado de forma virtual, e com a abertura e encerramento no antigo conceito de cinema drive-in, em que a exibição é feita com um telão em um grande estacionamento, onde os participantes assistem dentro seus veículos.

“O Festival Guarnicê é o principal evento do audiovisual maranhense e um dos maiores e mais antigos do país. Anualmente, há 43 anos, a UFMA tem a responsabilidade de realizar um festival democrático e plural. Este ano, com a pandemia e as dificuldades impostas pela crise sanitária global, os desafios são maiores e as responsabilidades também. Manter a tradição e ao mesmo tempo inovar no formato é a maior delas”, relatou a Diretora do DAC e coordenadora do Festival Guarnicê de Cinema, Li-Chang Shuen. Ela também disse acreditar que o festival deste ano será um divisor de águas, devido ao formato e à adoção de novas tecnologias que, dependendo do andamento, podem permanecer para as próximas edições.

O professor Euclides Moreira, do Departamento de Comunicação Social e um dos idealizadores do Festival, contou que a idealização do Guarnicê se deu em 1976, após um evento de estudos em cinemas promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, com um grupo de jovens que se comprometeu em produzir obras audiovisuais, voltadas à contestação do contexto vivido na época, que era a ditadura militar.

Ele também conta que a vinda de realizadores do Brasil todo ao festival proporcionou uma troca muito benéfica de conhecimentos com os realizadores locais. Sobre a edição deste ano, ele acredita que, apesar de ser uma experiência nova, é necessário ser testada, para que se tenha uma dimensão de como o público do audiovisual irá se comportar diante da mudança. 

As experiências são diversas, como realça Saulo Simões, coordenador de Cultura do DAC, que trabalha no Guarnicê há vários anos e também compartilhou um pouco da história que tem vivido. “O festival é dinâmico, todos os anos são experiências novas, diferentes. Então, construir o Guarnicê acaba trazendo um ganho imensurável e transformador, seja no aspecto profissional, seja na formação pessoal”, afirmou.

O prazo submissão das produções já está encerrado. Você pode acompanhar todos os detalhes do Festival Guarnicê de Cinema na página do evento no Facebook.

Experiências e expectativas

Francisco Colombo, que é cineasta e ex-aluno da Universidade Federal do Maranhão, levou diversas produções ao Festival, ganhando algumas premiações. Ele contou como a experiência nas edições do evento são importantes no engajamento artístico e na troca de saberes, em entrevista à Diretoria de Comunicação (DCom) da SCE da UFMA. Ele ressalta a grande oportunidade que o Guarnicê oferece, não apenas para exibição de produções, mas para a formação de conhecimento por meio de todas as atividades promovidas. Confira a entrevista.

DCOM: Qual foi o seu primeiro contato com o festival?

Francisco Colombo: O meu primeiro contato com o Festival Guarnicê foi como espectador, ainda como estudante de Comunicação Social na UFMA. E é interessante esse meu primeiro vínculo, porque no Guarnicê já admirava profundamente o professor e cineasta Murilo Santos, que acabou por ministrar, alguns anos depois, duas disciplinas no curso de Radialismo. O Guarnicê foi decisivo para eu me tornar realizador, depois de uma oficina de produção cinematográfica oferecida em 2001.

DCOM: Que trabalhos você apresentou e foi premiado?

FC: Apresentei quase todos os meus filmes no Guarnicê, começando pelo documentário em curta-metragem “No fiel da balança”. Quase todos os filmes que exibi no festival foram premiados. “Instante”, “Sonhos de rua”, “Bom te ver”, “Procura-se”, “O incompreendido”, “Reverso e Avesso” receberam premiações.

DCOM: Qual sua opinião a respeito do evento e a importância dele para a cultura local e nacional?

FC: O Festival Guarnicê é um evento tradicional para o mundo do cinema. Colocou o Maranhão no mapa do circuito exibidor de festivais. Para o público é a oportunidade de travar contato com uma série de produções que só chegam por meio da janela dos festivais. O Guarnicê também tem dado ampla oportunidade de formação, ao longo dos anos, por meio de oficinas, palestras e debates. E o festival também tem um outro componente interessante, que é o fato de normalmente ser realizado no mês de junho, um período culturalmente efervescente em São Luís. No Guarnicê conheci muita gente interessante: atores, produtores, diretores e, claro, parte do público que às vezes gosta de conversar com o realizador e trocar impressões sobre a produção audiovisual e os filmes.

Informação: UFMA 

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