quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Em meio a campanha Setembro Amarelo, é importante falar em suicídio, de vida e da qualidade e importância da vida. A morte por suicídio é um tema instigante que traz à tona diversas reflexões a respeito da vida e da morte. A neuropsicóloga Leninha Wagner propõe a reflexão nas motivações e a tentativa de compreender psicologicamente as razões pelas quais o indivíduo realiza esse ato contra a sua própria vida.

A palavra suicídio deriva do latim, sui (si mesmo) e caederes (ação de matar). Iniciada em 2015, a campanha Setembro Amarelo escolheu este mês porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A neuropsicóloga Leninha Wagner explica o sentimento de uma pessoa que comete este ato contra a própria vida. “O suicídio é uma manifestação humana, como uma “bala de prata” que a pessoa pensa em utilizar quando as dores da vida tornam essa existência insuportavelmente amarga e dolorida. O ser humano é a única espécie que atenta contra a própria vida, que elege a morte como uma escolha, para cessar a dor da alma. Por possuir racionalidade e fazer uso do intelecto; e de escolhas para si, pensa estar escolhendo o melhor”.

No entanto, a pessoa acaba fazendo a pior escolha. “O sujeito que escolhe morrer, como saída para um momento ruim, por via de regra está afundando numa corrente emocional negativa, submerso em uma angústia avassaladora. Há de fato momentos empobrecidos na vida, onde nem temos o recurso do amor que ampara, da condição financeira favorável, da situação profissional confortável, etc”, conta Leninha.

No entanto, ela lembra que a vida é sempre feita de momentos, de fases e de dias, e por isso é importante pensar que : “A vida é sempre maior que esse momento adverso. É um equívoco enorme, escolher morrer na tentativa de dar sentido a uma vida que aparentemente está sem significado. A saída correta deste emaranhado psicológico é buscar apoio, desabafo, amparo, combater a depressão, não sucumbir à tentação de anestesiar tantas emoções negativas, com uso de substâncias entorpecentes, e sim buscar por ações positivas na busca dar valor e sentido a vida. A sua própria vida. Toda vida importa, e a sua deve ser a mais preciosa para você”, aconselha.

A neuropsicóloga recomenda também que a acolhida é tão fundamental que pode salvar a vida da pessoa: “Se você conhece alguém que está em situação de vulnerabilidade, que esteja dentro de um dos grupos de risco, que possui comportamentos autodestrutivos, incentive-o a buscar ajuda. Caso seja você a perceber esse comportamento em si, não hesite em passar por uma avaliação psicológica/psiquiátrica”. Assim, dar vez e voz àqueles que precisam de amparo pode ser uma atitude simples, mas certamente fará a diferença para a pessoa que esteja em um momento de crise, detalha Leninha: “Dê sentimento de pertença. Pode ser o suficiente para prevenir e impedir esse ato de desespero.”

E, carinhosamente, ela deixa alguns conselhos: “A vida é grande! A vida é sempre maior que um momento (ruim). O momento passa, mas vida continua! Enquanto há vida, há o que fazer, a quem recorrer, pedir socorro. Busque tratamento!”, finaliza.

Saiba como reconhecer uma pessoa que decide morrer:

Quem é esse sujeito que decide morrer?

Os fatores de maior risco de suicídio são transtorno psiquiátricos, entre eles:

Depressão, transtorno bipolar, abuso/dependência de substâncias, transtornos de personalidade e esquizofrenia.

Outros fatores de vulnerabilidade:

Idade: jovens entre 15 e 30 anos e idosos;

Gênero: homens suicidam três vezes mais que mulheres, mas elas tentam três vezes mais do que eles. Também há a presença de conflitos em torno da identidade sexual;

Doenças clínicas crônicas debilitantes;

Populações especiais: Imigrantes, indígenas, alguns grupos étnicos;

Perdas recentes.

História familiar e genética: Risco de suicídio aumenta entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio;

Componentes genéticos e ambientais envolvidos:

Risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou.

Eventos adversos na infância e na adolescência:

Maus tratos, abuso físico e sexual, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar, etc;

Entre adolescentes, o suicídio de figuras proeminentes ou de indivíduo que o adolescente conheça pessoalmente.

Conflitos familiares, incerteza quanto à orientação sexual e falta de apoio social;

Sentimentos de desesperança, desespero, desamparo e impulsividade:

Impulsividade, principalmente entre jovens e adolescentes, figura como importante fator de risco. A combinação de impulsividade, desesperança e abuso de substâncias pode ser particularmente letal;

Viver sozinho: divorciados, viúvos ou que nunca se casaram; não ter filhos.

Desempregados com problemas financeiros ou trabalhadores não qualificados:

Maior risco nos três primeiros meses da mudança de situação financeira ou de desemprego;

Aposentados;

Moradores de rua;

Indivíduos com fácil acesso a meios letais.

Algumas expressões que denotam ideação suicida:

“Nada mais parece fazer sentido, há apenas uma dor tão pesada que carrego e que não consigo mais suportar...”

“Não aguento mais viver assim, eu gostaria de viver, mas não assim...”

“Não há mais nada que eu possa fazer, seria melhor morrer...”

“Parece simplesmente não existir nenhuma luz no fim do túnel...”

A vida ainda o bem mais precioso que recebemos, viva de maneira saudável e busque pelo seu bem estar.

A vida sempre vale a pequena!


Créditos de: Divulgação / MF Press Global 

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