quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Professor Silvio Meira falou da implantação do projeto 

SÃO LUÍS – O Grupo de trabalho “Pensar o Maranhão”, idealizado pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão, promoveu na última terça (20/10) uma reunião virtual com seus membros para conhecerem o "Impacto da implantação do Porto Digital e sua ampliação aos segmentos da indústria criativa", uma experiência do professor titular de engenharia de software do Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.) e presidente do Conselho Gestor do Porto Digital em Recife, Silvio Meira. 

O Porto Digital é um dos principais parques tecnológicos e ambientes de inovação do Brasil e é um dos representantes da nova economia de Pernambuco. Reconhecido por sua territorialidade singular entre parques tecnológicos, o Porto Digital é um parque urbano instalado no centro histórico do Bairro do Recife e nos bairros de Santo Amaro, Santo Antônio e São José, totalizando uma área de 171 hectares. A região, antes degradada e de pouca importância para a economia local, vem sendo requalificada de forma acelerada em termos urbanísticos, imobiliários e de recuperação do patrimônio histórico edificado desde a fundação do parque, em 2000. Desde a fundação do parque tecnológico, em 2000, já foram restaurados mais de 138 mil metros quadrados de imóveis históricos. 

O Porto Digital é um dos principais parques tecnológicos do Brasil sendo considerado três vezes (2007, 2011 e 2015) pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o melhor parque tecnológico/habitat da inovação no país.  

De acordo com Meira, a iniciativa começou no ano 2000 com apenas 2 empresas. Hoje, em 2020, são 339 empresas instaladas, mais de 11 mil pessoas empregadas (32% mulheres), com uma receita de 2,35 bilhões de reais registrada em 2019.   

Com vinte anos de idade, o Porto Digital tem números de Vale do Silício brasileiro: quase 12 000 empregos diretos e é responsável por 4% da arrecadação do imposto sobre serviços do Recife.  

“São empresas na maioria micro, pequenas e médias. Apenas 8% das empresas instaladas no Porto Digital são grandes. O trabalho do Porto Digital envolve duas atividades fortemente baseadas em conhecimento e inovação: software e serviços de tecnologia de informação e comunicação e economia criativa, especialmente nos campos de jogos, cinema, vídeo, animação, música, design e fotografia”, destacou o professor. 

CAPITAL HUMANO E URBANO – O projeto é fruto de um trabalho iniciado desde a década de 90, com a criação de cursos de informática, tanto de graduação, quanto de pós-graduação na UFPE e em universidades privadas de Recife, o que gerou uma grande quantidade de formados em tecnologia no Recife.  

A máquina de empregos acabou gerando um círculo virtuoso de mais interessados em estudar carreiras como ciência da computação, engenharia de computação e de software, e sistemas de informação. Há um estudante nessa área para cada 346 habitantes no Recife (a maior proporção entre todas as capitais com mais de 500 000 habitantes); em São Paulo, há um para cada 704 (15º lugar entre 23).  

Para Silvio Meira um dos maiores impactos do Porto Digital foi, de fato, o componente urbano. “Não dá para ficar isolado. Muito do sucesso das startups depende de encontros fortuitos, no boteco, no almoço. O jovem com uma grande ideia pode se aproximar de um CEO, de um investidor, de alguém de uma empresa de tecnologia maior e apresentar seus projetos. Encastelado em uma torre envidraçada é mais difícil”, diz. 

Ele ressaltou ainda que o Porto Digital é um “sistema local de inovação, uma política pública que envolve o Estado, empresas, empresários, empreendedores, terceiro setor e reinventou o Centro Histórico, o que chamamos de land grant startup”. 

Mais de 300 empresas digitais surgiram ali, como Mr.  Plot (do Mundo Bita), Neurotech, Insole e In Loco, a grande maioria se instalando e restaurando casarões históricos. Gigantes como Accenture, Microsoft e Samsung abriram escritórios ali para aproveitar o ambiente. 

PORTO DIGITAL SLZ – Para São Luís existe uma proposta de instalação de uma iniciativa parecida no Centro Histórico para atender a indústria aeroespacial em virtude do Centro Espacial de Alcântara, Meira ressaltou que “o importante é traçar estratégias dentro do contexto e ver o que se pode fazer. Temos que trabalhar a longo prazo e transformar o possível em realizado. No caso de Recife tudo nasceu de um esforço da educação e da necessidade de ocupação de um espaço vazio!”, enfatiza Meira.  

SUGESTÃO – Uma das sugestões apresentadas na reunião foi a criação de um cluster tecnológico que envolve toda a região nordeste, a exemplo do que acontece no Norte de Portugal e Espanha.” É uma experiência que envolve regiões e não só países e tem tido muito sucesso”, ressaltou o português e diretor do GPM (Grão Pará Multimodal), Nuno Martins. 

A reunião contou com a presença do presidente da FIEMA, Edilson Baldez das Neves, do superintendente da FIEMA, César Miranda, do ex-governador do Maranhão e consultor da FIEMA, José Reinaldo Tavares, dos diretores do GPM (Grão Pará Multimodal), Nuno Martins e Paulo Salvador, do Diretor de Governança do Setor Espacial da AEB(Agência Espacial Brasileira), Cristiano Augusto Trein, do professor da Escola de Guerra do Rio de Janeiro (ESG), Ronaldo Carmona, do ex-Diretor da ANP e prof. da UFMA, Allan Kardec Barros, do  chefe da Assessoria de Relações Institucionais e Comunicação da AEB, André Barreto,  e do Coordenador do GT-FIEMA, Luiz Fernando Renner. 

Para o coordenador do GT FIEMA “Pensar o Maranhão”, Luiz Fernando Renner a reunião foi positiva pelo trabalho apresentado pelo professor Meira. “Sabemos que essa foi uma experiência exitosa em Recife e que foi uma política pública de todos os envolvidos não apenas do Estado e isso é importante para traçar uma estratégia de longo prazo com objetivos comuns”, finalizou Renner.  

Informação: Fiema 

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