quarta-feira, 18 de novembro de 2020

A relação harmoniosa e respeitosa que as mulheres produtoras rurais desenvolvem com o meio ambiente, por meio da agroecologia, deve ser a mesma nos espaços de luta e nas famílias, principalmente com os companheiros. O alerta é da campanha “Com Violência Doméstica não há agroecologia” que será lançada nesta quinta-feira, dia 19/11, pela Associação Comunitária de Educação em Saúde e Agricultura (Acesa) e a Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA) junto ao GT de Mulheres e com o apoio do Fundo de Ações Urgentes da América Latina e Caribe/FAU-AL.

Serão 30 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres camponesas do Maranhão, sendo desencadeada pelas redes sociais. O lançamento oficial da campanha será feito durante o II Encontro de Mulheres da RAMA, que neste ano acontecerá online, no dia 19 de novembro, no horário das 14h às 16h, pela plataforma do Google meet:  https://meet.google.com/wxq-xfda-znd.

A campanha tem como objetivo combater a violência doméstica, visando o enfrentamento às diferentes formas de violências sofridas pelas mulheres nas comunidades rurais de atuação da RAMA e de fortalecer os processos de auto cuidado e proteção as vítimas de violência em suas diversas esferas.

A iniciativa da campanha teve como referência os dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) que apontaram um aumento de 37,6% nas denúncias feitas ao Ligue 180 no mês julho 2020 em comparação com abril de 2019. Na comparação entre os quatro primeiros meses de 2019 e os de 2020, houve um aumento de 14,1% no número de denúncias de violência contra a Mulher. Outros dados preocupantes são do núcleo especializado da Defensoria Pública do Estado (DPE/MA), que apontam que em 2020, o Maranhão já registrou, de janeiro a agosto, um total de 2.400 atendimentos de casos de violência contra a mulher. Isso representa uma média de 300 registros por mês.

A cultura do machismo e da propriedade ainda existe em relação à mulher. O representante da Acesa, Raimundo Alves, enfatizou que no campo, essa situação é um pouco mais delicada. “A cultura patriarcal é bem forte, além disso, tem outras questões e dificuldades como a cultura de subordinação feminina, pouca formação política e dificuldade de acesso as informações nas comunidades que não dispõe de acesso à internet, dificultando assim, as denúncias de violações”, enfatizou.

Campanha de combate à violência contra a Mulher

Ainda como parte da campanha, está sendo realizada uma pesquisa sobre a situação das mulheres que sofrem violência na área de atuação da ACESA e da RAMA no Maranhão. O diagnóstico deve ser divulgado na primeira quinzena de dezembro. Outras atividades desencadeadas durante a campanha serão oficinas e reuniões direcionadas à formação política para incentivar as mulheres a dialogarem sobre seus direitos.  O projeto promoverá ainda a organização de grupos de estudos que discutam as relações de gênero com a participação de homens, jovens e mulheres e rodas de diálogos (respeitando as orientações dos organismos de saúde) como espaço de partilhas das vivências e desafios enfrentados pelas mulheres.

Integram também ações da campanha: estruturação de dois espaços comunitário com internet para o registro de denúncias; divulgação e sensibilização sobre violência doméstica, com foco em denúncias e auto cuidado das mulheres; visibilização junto as comunidades por meio de rodas de diálogos e distribuição de material impresso da rede de cuidado e proteção às mulheres em situação de violência, através da articulação com as organizações da RAMA e órgãos de direitos humanos.

Informação: Yndara Vasques

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